Dinheiro privado, de doações ou dos próprios políticos, respondeu por R$ 764 milhões
O balanço do financiamento de campanha
no primeiro turno mostra que os candidatos tiveram R$ 2,82 bilhões em
receita, dos quais R$ 2,06 bilhões (73%) saídos dos cofres públicos, dos
fundos partidário e eleitoral.
O dinheiro privado —doações ou recursos dos próprios políticos— ficou em R$ 764 milhões.
Os valores ainda vão aumentar, já que há
disputa em segundo turno pela Presidência da República e pelo governo
de 13 estados e do Distrito Federal.
Na atual disputa, o financiamento das
campanhas vem de três fontes: 1) R$ 2,7 bilhões dos cofres públicos, de
fundo eleitoral e fundo partidário,
divididos entre os candidatos a critério
de cada legenda; 2) doações de pessoas físicas, que somaram até o
momento R$ 407 milhões; e 3) dinheiro dos próprios políticos, que
desembolsaram até agora R$ 357 milhões.
Dos R$ 2,7 bilhões públicos, R$ 2,06 bilhões foram gastos no primeiro turno —o restante ainda pode ser usado durante o segundo.
O levantamento foi feito com base nos dados atualizados pelo TSE até a última quinta-feira (11).
Há ainda cerca de R$ 1 bilhão que TVs e
rádios deixarão de pagar de imposto pela veiculação da propaganda
eleitoral dos candidatos.
Os dois candidatos a presidente que
estão no segundo turno receberam até agora R$ 51,4 milhões: Jair
Bolsonaro (PSL), R$ 1,9 milhão, e Fernando Haddad, R$ 49,5 milhões
(incluindo o que recebeu a campanha de Lula quando ele ainda estava na
disputa eleitoral).
Há quatro anos o gasto declarado das campanhas ficou em R$ 5 bilhões (R$
6,4 bilhões em valores de hoje), sendo cerca de R$ 3 bilhões (R$ 3,8 bilhões hoje) saídos dos cofres das empresas.
Elas estão proibidas desde 2015 de doar
para candidatos, mas os empresários continuam podendo, como pessoa
física, repassar dinheiro aos políticos.
Os maiores financiadores privados dessas
eleições são empresários ou candidatos com alto patrimônio declarado.
As doações pulverizadas de eleitores ainda representam uma fração
reduzida do dinheiro privado que circula nas campanhas.
O maior doador individual da campanha é
Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do conselho de administração da
Cosan, gigante do setor de energia e infraestrutura.
Ele direcionou até agora cerca R$ 7
milhões para diretórios nacionais e regionais do MDB, PSDB, PP, PTB e
PSB, além de 53 candidatos de diversos partidos, da direta à esquerda.
O empresário repassou, por exemplo, R$
200 mil para o deputado federal reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já
anunciado como ministro da Casa Civil no caso de vitória de Jair
Bolsonaro (PSL), R$ 100 mil para a senadora eleita Mara Gabrilli
(PSDB-SP) e R$ 100 mil para os deputados federais petistas reeleitos
Carlos Zarattini (SP), líder da bancada do PT, e Arlindo Chinaglia (SP),
ex-presidente da Casa.
Em nota, a Cosan afirmou que “as doações
eleitorais foram realizadas em caráter pessoal e seguem as regras
estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas
aplicáveis”.
Até as eleições de 2014 as empresas eram
as maiores financiadoras do mundo político. Durante as investigações da
Operação Lava Jato e os desdobramentos, executivos de gigantes como a
JBS e a Odebrecht fecharam delação premiada com as autoridades afirmando
que grande parte desses repasses, declarados oficialmente ou feitos via
caixa dois (sem registro na Justiça), representavam na verdade propina
em troca de benesses na administração pública.
Fonte: folha.com.br
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