Há até quem diga que
Teodoro Obiang Mang veio repatriar dinheiro. Besteira: em campanha da
turma de Lula, US$ 1,5 milhão e 20 relógios-joia não dão nem para o
começo. Coluna de Carlos Brickmann, publicada em diversos jornais nesta quarta-feira:
Foi um fato normal,
dentro da rotina: o vice-presidente da Guiné Equatorial desembarcou em
Viracopos, na noite da última sexta-feira, trazendo quase l,5 milhão de
dólares em dinheiro e uma coleção de vinte relógios de alto valor: só um
deles, modelo exclusivo, todo cravejado de brilhantes, foi avaliado em
US$ 3,5 milhões. Nada mais comum: um turista traz um dinheirinho para
gastar, e seus objetos pessoais, como o relógio, não é mesmo? A imprensa
burguesa e racista só fez barulho porque o referido cavalheiro e seu
pai, o presidente da Guiné Equatorial, são amigos do ex-presidente Lula.
E, se fossem brancos, de olhos azuis, ninguém estranharia a bagagem.
Talvez haja quem,
entre os caros leitores, que ache que a quantia é grande demais. Mas Sua
Vice Excelência explicou direitinho: faria um tratamento médico, e os
médicos mais abalizados, como sabemos, estão cobrando caro. E é preciso
estar preparado também para enfrentar o preço dos exames médicos. Ele
estava: além do US$ 1,5 milhão, trouxe seus cartões de crédito.
Veja como é nossa
imprensa: se ele trouxesse pouco dinheiro e não pudesse enfrentar o
custo do tratamento, os jornais diriam que ele veio abusar do SUS; como
ele trouxe uma quantia que, a seu ver, seria suficiente, também
reclamam. Resultado: Sua Vice Excelência foi embora sem fazer
tratamento.
Há até quem diga que
ele veio repatriar dinheiro. Besteira: em campanha da turma de Lula, US$
1,5 milhão e 20 relógios-joia não dão nem para o começo.
Quem é quem
O passageiro dessa
viagem tão rotineira é Teodoro Obiang Mang, filho de Teodoro Obiang
Nguema Mbasogo, no poder há 38 anos. Segundo a revista Forbes, sua
fortuna é estimada em US$ 600 milhões. Mas, em 2015, quando pediu à
Beija-Flor que a Guiné Equatorial fosse tema de seu desfile, não quis
gastar nada: segundo a Lava Jato, exigiu que uma empreiteira interessada
em obras no seu país fizesse o patrocínio, em troca de conseguir os
contratos.
Não teve
dificuldades: acostumada aos pixulecos daqui, o patrocínio de uma escola
de samba, de R$ 10 milhões, deve ter-lhe parecido uma pechincha.
Um risco, uma oportunidade
Dois candidatos
correm o risco de aposentadoria forçada nessas eleições: Marina, que em
vez de subir caiu; e Alckmin, que, mesmo em seu reduto de São Paulo, tem
menos intenções de voto que Bolsonaro. Em eleições anteriores, Marina
em determinados momentos teve uma onda de apoios, que sempre acabou
antes da hora. Se essa onda se repetir, como a campanha é curta, até
pode ser que se coloque bem. Alckmin tem quase metade do tempo de TV,
mas está mal na fita – tão mal que em 15 Estados é traído por seus
aliados. Mas ninguém é inimigo e a lei da política ainda está em vigor:
caso ele consiga calibrar a mensagem e dobrar as intenções de voto, o
apoio volta.
Quem sobe, sobe
A lei da política é
bem exemplificada no Paraná: o ex-governador tucano Beto Richa ia bem na
campanha ao Senado até ser preso pela Operação Rádio Patrulha. Primeira
reação: a governadora Cida Borghetti, do PP, que foi sua vice e é
candidata à reeleição, pediu ao bloco partidário que o apoia que retire
sua candidatura, “para que ele possa se dedicar à defesa”.
Claro que não é isso:
não há melhor defesa do que se eleger e ganhar foro privilegiado. Cida
fez também um forte discurso contra a corrupção. E tucanos importantes
já apoiam o candidato do PSD, Ratinho Jr., filho do apresentador
Ratinho. Beto foi libertado pelo Supremo. Se mostrar força eleitoral,
recupera seus apoios.
Aposentadoria
Terminou nesta
segunda uma dinastia política do Mato Grosso do Sul: o ex-governador
André Puccinelli não conseguiu registro para disputar a Câmara. E por um
motivo simples: estava preso. Era o grande líder do MDB local e não tem
substituto. Sem foro privilegiado, tem é uma fila de processos.
Ressurreição
Quem está de volta no
Estado, como candidato ao Senado, é Delcídio do Amaral, do PTC.
Absolvido da acusação de tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró,
Delcídio se beneficiou da desistência de César Nicoletti.
Mulheres contra Bolsonaro
Qual a consequência
do hackeamento da página Mulheres contra Bolsonaro no Facebook? A
página, no último fim de semana, foi capturada por hackers, que até
mudaram seu nome. As participantes da página se irritaram; mas, de
acordo com pesquisa da Toluna, 49% dos entrevistados não deram a menor
importância ao fato.
Para 42%, a opinião
que tinham sobre Bolsonaro ficou abalada; para 8%, a imagem do candidato
até melhorou. A pesquisa apurou também que 50% dos entrevistados
conhece alguém que faz parte do grupo, e 52% tiveram conhecimento do
ataque virtual. A Toluna fornece informações sobre o consumidor,
facilitando o trabalho na economia atual, sob demanda. O estudo completo
está no endereço http://tolu.na/l/b8AZq69C
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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