Lula não será candidato –
disso o próprio PT sabe, tanto que colocou Haddad de vice sabendo que
ele deve sair para presidente no lugar de Lula, e deixou Manuela
d’Ávila, do PCdoB, de fora, sabendo que ela deve ser vice. Coluna
dominical de Carlos Brickmann:
A informação é dos
advogados de Lula, ao registrar sua candidatura à Presidência, no dia
15: seus bens declarados somam R$ 7.987.921,57.
A informação é dos
advogados de Lula, em 15 de maio, ao mencionar a quantia congelada cujo
desbloqueio imediato solicitavam: R$ 16 milhões.
Claro que esses
valores não envolvem o apartamento em Guarujá que não é dele, nem o
sítio de Atibaia que não é dele. Mas a dúvida é outra: em que data a
defesa de Lula usou o dado certo, do desbloqueio ou do registro?
Mas, para seu
eleitor, tudo bem: se Lula entra nas pesquisas, lidera com 31% contra
20% de Bolsonaro. A pesquisa, primeira após o registro dos candidatos,
foi feita para a XP Análise Política, ligada à XP Investimentos.
Só que Lula não será
candidato – disso o próprio PT sabe, tanto que colocou Haddad de vice
sabendo que ele deve sair para presidente no lugar de Lula, e deixou
Manuela d’Ávila, do PCdoB, de fora, sabendo que ela deve ser vice. Sem
Lula, Bolsonaro lidera com 23%; Marina é a segunda, com 11%. Depois vêm
Alckmin (9%), Ciro (8%) e Haddad (7%).
Quando contam ao bem
informado eleitor que Haddad é o candidato de Lula, ele passa para 15%.
Mas a maioria dos eleitores, 56%, acredita que Lula não será candidato
(já 40% acham que ele poderá concorrer). Os eleitores de Haddad são os
mais ansiosos para trocar de candidato: 75% acreditam que terão a
oportunidade de votar no Lula original e escapar do Lula-fake.
Fica fora
Metade dos eleitores
acha que Lula, condenado em segunda instância e preso, deveria ser
proibido de concorrer. E 44% são favoráveis a que ele concorra, apesar
da expressa proibição da Lei da Ficha Limpa. Por incrível que pareça,
têm a mesma posição de Eduardo Cunha, deputado federal que perdeu o
mandato e os direitos políticos e está também preso em Curitiba:
declarou que Lula deveria poder concorrer (o que, claro, seria usado
pelos advogados de Cunha para pedir que fosse liberado, por equidade).
A hora das pesquisas
O Ibope divulga
amanhã, segunda-feira, sua primeira pesquisa após o registro. O
Datafolha já registrou sua pesquisa no TSE. A campanha começa a
esquentar, mas uma definição só virá depois do início da TV.
Errar é humano
Engano parecido com o
da equipe de Lula ocorreu na declaração de bens da presidente nacional
do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que se candidata a deputada. No caso, o
valor de seus bens declarados em 2014 foi diluído pela falta de zeros.
Gleisi informa que seu patrimônio total é de R$ 34 mil, incluindo um
apartamento de R$ 111,00 e outro de R$ 24.550,00. Um deles, de acordo
com a declaração antiga, é avaliado em R$ 1.110.113,16; o outro é de R$
245.000,00. Errar é humano. E, quando isso contribui para que o
patrimônio pareça pequeno, pode até servir para atrair mais votos.
Os mais ricos
De acordo com a
declaração de bens de cada um, o candidato mais rico é o engenheiro (e
ex-executivo de bancos) João Amoêdo, do Partido Novo. Seus bens somam R$
425.066.485,46. O segundo é o engenheiro (e ex-executivo de bancos)
Henrique Meirelles, do MDB, até recentemente ministro da Fazenda do
presidente Michel Temer. Patrimônio declarado de Henrique Meirelles: R$
377.496.700,70.
Curiosidade: os vices
dos dois candidatos mais ricos estão longe de ser pobres, mas seu
patrimônio é de cerca de 1% do valor dos bens dos cabeças de chapa.
Os do meio
Seguem-se os outros
candidatos, pela ordem de bens declarados: o terceiro mais rico é o
escritor João Goulart Filho (PPL), filho do ex-presidente João Goulart,
com R$ 8.591.035,79; Lula (PT), que aponta como ocupação “torneiro
mecânico”, é o quarto candidato mais rico, com R$ R$ 7.987.921,57 – ver
na nota Me engana que eu gosto os números de declaração anterior, pela
qual seria o terceiro mais rico; quinto, Eymael (DC), empresário, com R$
6.135.114,71; sexto, Álvaro Dias (Pode), R$ 2.889.933,32; sétimo, Jair
Bolsonaro (PSL), que apresenta como ocupação declarada “membro das
Forças Armadas”, com R$ 2.286.779,48; oitavo, Geraldo Alckmin (PSDB),
que se apresenta como médico, com R$ 1.379.131,70; Ciro Gomes (PDT),
advogado, R$ 1.695.203,15, é o nono; décimo, Marina Silva (Rede),
historiadora, R$ 118.835,13.
Os mais pobres
A décima-primeira é
Vera Lúcia (PSTU), ocupação declarada “outros”, R$ 20.000,00;
décimo-segundo, Guilherme Boulos (PSOL), historiador, R$ 15.416,00;
décimo-terceiro, deputado Cabo Daciolo (Patriota), nada.
Nada a ver
O patrimônio
declarado de cada candidato nada tem a ver com posição nas pesquisas. Se
tivesse, Meirelles e Amoêdo estariam ambos no páreo.
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