Uma consulta a
qualquer dicionário informa que presos políticos são indivíduos
encarcerados por expressarem, por palavras ou atos, sua discordância com
o governante, ou os governantes, de um país sob regime autoritário.
Essa espécie de prisioneiro não existe em nações democráticas. O Brasil
não tem nenhum. Preso político é coisa de ditadura. Em Cuba, passam de
140.
Simples assim, certo?
Errado, ao menos para cérebros em desordem. Despachadas para Havana,
onde circulam no momento com o crachá de representantes do PT no
encontro do Foro de São Paulo, Gleisi Hoffmann e Dilma Rousseff
continuam vendo o mundo pelo avesso. Para pessoas normais, Lula é um
caso de polícia como tantos outros. Para as devotas do ex-presidente
presidiário, está engaiolado em Curitiba um preso político.
Ao contrário dos
oposicionistas cubanos encarcerados por crimes de pensamento, Lula foi
instalado numa cela não por chefiar um grupo de ativistas dissidentes,
mas uma quadrilha — e uma quadrilha que merece um gordo verbete no
Guiness: desde o Dia da Criação, nenhum esquema corrupto engoliu tanto
dinheiro. A condenação a 12 anos e 1 mês de cadeia (por enquanto) foi
determinada não por alguma Lei de Segurança Nacional, mas pelo Código
Penal.
Afinadas com os
demais dinossauros reunidos na ilha-presídio, Dilma e Gleisi negam a
existência de presos políticos em Cuba. Todos aprenderam com Fidel
Castro que o que há são espiões a serviço de potências estrangeiras,
agentes da CIA, lacaios do imperialismo americano, gente decidida a
fazer o diabo para liquidar o paraíso socialista banhado pelo Caribe.
Além de ordenar a
imediata soltura do amigo brasileiro, Raul Castro exigiu num manifesto a
presença de Lula nas eleições diretas para presidente. Admita-se: aos
87 anos, o ditador de pijama é um homem de boa memória. Ele ainda lembra
o que é eleição direta — coisa que ocorreu em Cuba pela última vez há
quase 70 anos.
Quem era criança quando ocorreu a revolução comunista não sabe a diferença entre uma urna e uma escrivaninha.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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