Coluna de Carlos Brickmann, publicada nas quartas-feiras em diversos jornais do país:
Não é por falta de
recursos que o Brasil deixará de eleger os melhores políticos que o
dinheiro pode comprar. E, caro leitor, deixe de se queixar dos seus
bolsos vazios: cada centavo entregue aos partidos é dinheiro seu.
É dinheiro seu a
verba destinada pelo Tesouro à campanha eleitoral, R$ 1,7 bilhão; é
dinheiro seu o Fundo Partidário que sai do Orçamento da União, de R$
888,7 milhões. É dinheiro seu a verba total de R$ 2,5 bilhões.
É um dos motivos que nos levam a ter 35 partidos: nós pagamos a conta.
O partido que mais
recebe verba de campanha é o MDB, R$ 234 milhões. O segundo é o PT, R$
212 milhões. Segue-se o PSDB, R$ 186 milhões; depois, o PP, R$ 131
milhões; PSB, R$ 118 milhões; PR, R$ 113 milhões; PSD, R$ 112 milhões;
DEM, R$ 89 milhões; PRB, R$ 67 milhões; PTB, R$ 62 milhões; PDT, R$ 61,5
milhões; SD, R$ 40 milhões; Podemos, R$ 36 milhões; PSC, R$ 36 milhões;
PCdoB, R$ 30 milhões; PPS, R$ 29 milhões; PV, R$ 24 milhões; PSOL, R$
21 milhões; Pros, R$ 21 milhões; PHS, R$ 18 milhões; Avante, R$ 12
milhões; Rede, R$ 10 milhões; Patriota, R$ 10 milhões; PSL, R$ 9
milhões; PTC, 6 milhões; PRP, R$ 5,5 milhões; DC (ex-PSDC), R$ 4
milhões; PMN, R$ 4 milhões; PRTB, R$ 3,8 milhões; PSTU, PCB, PCO, PPL,
Novo, PMB, R$ 980 mil cada um. Dá tranquilamente para fazer campanhas
confortáveis.
O povo brasileiro é muito generoso com seus políticos.
Conservar, conservar
Renovação? Sempre há
alguma. Mas 70% dos senadores enrolados com a Lava Jato – 17 em 24 -
tentam se reeleger. Dos 54 senadores eleitos em 2010, 35 já anunciaram
que vão buscar mais oito anos. Alguns tiveram mau desempenho e são pouco
conhecidos. E há Aécio e Jucá, conhecidíssimos.
Do show ao Senado
Parte da renovação
deve vir de gente famosa: o apresentador José Luiz Datena sai para o
Senado pelo DEM de São Paulo (na última pesquisa, está acima de Eduardo
Suplicy); Jorge Kajuru sai pelo PRP de Goiás; Frankie Aguiar, “o
cãozinho dos teclados”, ex-deputado federal por São Paulo e
vice-prefeito de São Bernardo, disputa o Senado pelo PRB do Piauí.
Aconteceu
O sobrinho do
respeitado jornalista Oswaldo Mendes foi roubado em São Paulo, na
esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, há duas semanas.
Nesta segunda, o aparelho foi localizado no Diretório Municipal do PT em Belém do Pará. Levou 12 dias para percorrer 2.898 km.
O mercado e seus favoritos
O XP Investimentos,
ligado ao grupo Itaú, fez há 15 dias uma sondagem sobre o que 204
investidores institucionais pensam a respeito das eleições e das
perspectivas para a Bolsa, os juros e o dólar, conforme o vitorioso.
É uma amostra significativa: as instituições consultadas gerem mais de 50% dos recursos disponíveis no setor.
Os resultados: 48%
acreditam que Jair Bolsonaro vencerá as eleições. O segundo turno,
acreditam 44%, será Bolsonaro x Ciro Gomes. Efeitos para a economia da
eleição de Bolsonaro: 45% acreditam em desvalorização da moeda; 44%
acham que a Selic, a taxa básica de juros, hoje em 6,5% ao ano, esteja
acima de 8% no final de 2019.
Outros candidatos
Vitórias de Ciro
Gomes ou Fernando Haddad seriam ruins para o Índice Bovespa; Álvaro Dias
seria positivo para o índice; Marina Silva significaria estabilidade. O
candidato que provoca melhores expectativas é Geraldo Alckmin: 97%
acreditam que provocará a melhora do Índice Bovespa, e 73% acham que o
câmbio ficará abaixo de R$ 3,40.
O custo da saúde
O Senado já reuniu 27
assinaturas, o suficiente para implementar a CPI sobre as relações da
ANS, Associação Nacional da Saúde Suplementar, e as operadoras de planos
de saúde. A suspeita é de que a ANS aja mais como aliada do que como
reguladora das operadoras de planos – o que explicaria como, em 14 anos
seguidos, concedeu reajustes de mensalidades superiores à inflação. E é
coisa pesada: neste ano, os planos coletivos (na prática, são os únicos
que existem, já que planos individuais, mesmo controlados por uma
agência generosa, têm algum controle de aumentos) desandaram. Um assíduo
leitor desta coluna envia documento comprovando que o aumento sofrido
foi de 19,97% - contra uma inflação inferior a 3%. Uma CPI tem poderes
para analisar os seguidos aumentos superiores (e muito) à inflação.
A política da bala
A Câmara dos
Deputados deve estar sitiada por um inimigo poderoso: só neste ano,
entre janeiro e maio, gastou R$ 1,5 milhão para comprar 29 mil balas .40
de treinamento de pistolas e 1.500 cartuchos calibre 12 de alto
impacto, especialmente produzidos para derrubar quem for alvejado.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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