A rara conjugação de
intervencionismo estatal, dirigismo, incompetência e corrupção constrói,
no setor de petróleo, uma situação clássica de país subdesenvolvido. Ou
seja, embora chegue à posição de nono maior produtor de petróleo do
mundo, com 3,2 milhões de barris diários, o Brasil deverá ser um dos
cinco maiores importadores de combustíveis. Exporta matéria-prima,
importa o produto manufaturado, como nos sistemas coloniais.
Por paradoxal que
seja, as políticas que resultaram neste quadro degradante foram
acompanhadas, nos governos Lula e Dilma, por bravatas nacionalistas e
brados de independência em relação ao “imperialismo” e ao mundo. Não deu
certo, aconteceu o contrário.
Era previsível.
Sabia-se, desde que começaram as descobertas de reservas na camada do
pré-sal, principalmente nas costas paulistas e fluminense, que a
Petrobras aumentaria bastante a produção. Tornou-se óbvio que o parque
de refino precisaria ser ampliado.
Não que todo o
petróleo produzido tenha de ser refinado no próprio país. A depender do
seu tipo, deve-se exportá-lo. Há estratégias de combinação de
exportações e importações de óleo, a depender do seu tipo e da adequação
técnica do parque de refino. Mas o estatismo dirigista que tomou conta
da Petrobras, paralelamente à corrupção sistêmica, com Lula e Dilma,
impediu a definição e execução de um programa estratégico eficiente para
o processamento do óleo do pré-sal.
O projeto ambicioso
de substituição de importações de equipamentos ligados à exploração de
petróleo, inclusive navios, e a definição de projetos de refinarias
feitos sob medida a fim de gerar comissões para o lulismo e aliados
explodiram o endividamento da estatal, e sem nenhum resultado positivo. A
Petrobras chegou a ter a maior dívida corporativa do planeta,
equivalente a meio trilhão de reais.
Duas refinarias, para
Maranhão e Ceará, locais escolhidos para Lula afagar aliados políticos,
ficaram na terraplenagem, e mesmo assim consumiram centenas de milhões
de reais. Já a Abreu e Lima, em Pernambuco, só parte dela produz, e,
mesmo que seja concluída, jamais se pagará, tamanho o superfaturamento
praticado na obra. Há, ainda, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj), um repeteco do projeto da Abreu e Lima. Impagável.
É por isso que a
produção cresce, o Brasil acaba de passar o Kuwait, país membro da Opep,
mas não há capacidade instalada para refinar o volume crescente deste
petróleo. Ainda muito endividada, a estatal precisa de parceiros
privados no refino, única alternativa sensata para ampliar/modernizar
seu parque de refinarias.
Mas, neste momento,
vem o congelamento do preço do diesel, solução populista para tentar
enfrentar a greve de caminhoneiros. O resultado é espantar investidores
em potencial no refino. Mais um desafio para o próximo presidente.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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