Por: Maria Reis Gonçalves
(Tia Nem)
Ainda tenho minhas dúvidas em relação a união do Brasil em torno
do Fora PT. As artimanhas petistas que colocam o país em dois polos opostos,
ainda parece prevalecer em algumas regiões. O discurso de ódio que coloca os
ricos contra os pobres, o héteros contra os homos, os negros contra os
“brancos”, etc. continua em pauta. No entanto podemos observar que a maioria da
população concorda quando fala que o PT escolheu se perder de sua base
histórica, esqueceu a sua ideologia, a sua luta pela melhoria das classes e se
misturou no pragmatismo da arrogância e prepotência. Se achou intocável! Posso
até afirmar que o PT deixou de entender o Brasil, já não consegue escutar o clamor
do seu povo, não possui mais ouvido para ouvir. O PT, simplesmente envelheceu,
não como queria, mas da pior forma possível, querendo ocupar um espaço que já
não mais existe, apoiando-se em uma conjuntura histórica que já não mais
permanece. E que, pelo caminhar dos acontecimentos, não mais voltará a existir.
Acho interessante e ao mesmo tempo fico atônita quando vejo os
principais lideres petistas, e entre eles o próprio Lula, se indagar, ainda que
de maneira retórica, qual foi o motivo que desencadeou as perdas das ruas.
Outro dia em discurso, o Lula clamava pela sua antiga militância, se
perguntando por onde ela andaria. Ora, o PT perdeu as ruas e parte da
militância pelo fato de que, agora, andam girando em falso. O partido que levou
milhões de pessoas as ruas, perdeu as ruas – não pelo fato de ser expulso, mais
porque esqueceu de que maneira se caminhar por elas. Ou podemos até dizer que
já não sentiam que precisassem mais das ruas. Fato inconteste foi a eleição de
uma presidente, que todos sabem não gosta de fazer política. Política se faz
caminhando pelas ruas. O PT está em “volume morto”, nos falou o seu líder
maior: Lula da Silva. Por isso, não adianta mais ficar repetindo que as pessoas
que batem panelas são da elite. O barulho pode ser maior nos bairros nobres,
mas basta observar, de maneira mais atenta as reportagens para constatar que
houve batuque de panelas em todos os bairros periféricos em todas as cidades e
Estados do Brasil. Mesmo que fossem só os ricos e a classe média, não fica bem
querer desqualificar quem protesta, pois todos pagam os impostos que foram
desviados pela corrupção estatizados pelo PT e seus partidos de base.
Outro discurso descabido do PT é afirmar que as pessoas que foram
as ruas é aquela parte da população que se colocam contra as conquistas sociais
promovida pelo governo do Lula da Silva, o presidente que “tirou milhões de
brasileiros da miséria”, e que fez milhões saírem da pobreza para a classe
média. Claro que sabemos que existem pessoas incomodadas com as mudanças históricas
do PT, mas ficar afirmando que todas as pessoas que se opõe ao governo e as
ações petistas é compostas por esse tipo de gente, ou é querer tapar o sol com
a peneira, ou é cegueira ou pura e simplesmente, má-fé. Porém, no meu entender,
o que me parece o grande problema para o PT, não é quem foi para as ruas, nem
mesmo os que bateram panelas, mas aqueles que não fizeram nem uma coisa e nem
outra, e que também não tem a menor intenção de apoiar o PT, mesmo os que já o
tenham feito, e, que continuariam a apoiá-los se o partido tivesse
respeitado as bandeiras do passado. São essas pessoas, as que se negam a
aparecer, que apontam o que o PT perdeu, o que já não é, o que possivelmente
não possa voltar a ser.
Existe algo que o Partido dos Trabalhadores conseguiu sequestrar
de pelo menos duas gerações de esquerda e é essa a sua principal herança
maldita. E, que provavelmente marcará décadas e não apenas um mandato. Tenho
lido algumas entrevistas de pessoas que ajudaram a construir o PT, que foram
responsáveis pela construção desses projetos de vida, concentradas em lutas
especificas, e nota-se que essas pessoas se sentem traídas pelo fato do
partido ter rasgado suas causas e se colocado ao lado de seus algozes. Essas
pessoas choram por não poderem, mais, acreditar na restauração do antigo PT, o
PT que carregavam milhões, e choram pelo PT que perdeu as ruas. O PT, ao trair
seus ideais, cavou a sua própria cova no Brasil. Uma cova profunda e que o
traga a cada dia, e não adianta argumentar que os outros partidos se
corromperam antes, que os outros partidos deixaram de fazer pelo social, que os
outros partidos sempre foram raposas políticas viciadas. O Povo acalentou sua
esperança no PT, o partido ocupava um lugar muito particular no
imaginário popular, o PT apareceu em um momento em que se precisava construir
novos caminhos, novos ideais, novos sentidos para o Brasil. O PT era o
diferencial entre os partidos velhos e estagnados, os viciados aos velhos
costume. Quem acreditou no PT esperou muito mais dele, o que explica o tamanho
da dor daqueles que se desfiliaram ou deixaram de militar no partido. “A
decepção é sempre proporcional à esperança que se tinha depositado naquele que
nos decepciona”.
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