A região do cacau, que já representou 60% do PIB baiano e mergulhou no
abismo 29 anos atrás, quando a vassoura de bruxa fulminou os cacauais,
como a fênix, ressurge das cinzas também puxada pelo cacau. Óbvio que
nada nos moldes de antes. Quem pensa em um revival do tempo da pujança
que tinha como emblema os coronéis, vai ter que se contentar em ler os
livros de Jorge Amado. Os novos horizontes se descortinam pelo oposto, a
finest: a produção de chocolate de primeiríssima linhagem. Marcos
Lessa, o criador do Festival do Chocolate, contabiliza mais de 40
marcas. No embalo dos novos tempos, a Dengo Chocolate, empresa do grupo
de Guilherme Leal, um dos donos da Natura, está pagando bônus aos
produtores que variam de 70% a 100% do valor de mercado, se a qualidade
for VIP. Lá se fala que Guilherme cogita abrir uma loja na Quinta
Avenida, em Nova Iorque, só para vender chocolate baiano. Disso resulta
que a região vê uma enxurrada de investidores chegando ou netos e
bisnetos de coronéis querendo garantir vaga no filão. A ancoragem
científica vem do Centro de Inovação do Cacau, inaugurado semana passada
em Ilhéus, abrindo os trabalhos do Parque Científico e Tecnológico do
Sul da Bahia, fundado em 2015 e que reúne uma série de associações,
puxados pela Universidade Federal do do Sul da Bahia (UFRB) e
Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). A missão principal do CIC é
certificar a qualidade que a Dengo tanto quer, assegurando a qualidade
das amêndoas com a realização de exames laboratoriais que vão detectar
quaisquer problemas nos cacauais. Isso se completa com a remodelação da
Ceplac, que vem sendo gestada pelo diretor geral da instituição, Juvenal
Maynart. As alternativas serão anunciadas agora no início de setembro. A
Comissão de Agricultura da Assembleia vai fazer longo périplo pelo
interior para discutir os diversos segmentos da cadeia produtiva do
agronegócio. Vai começar pelo cacau, em Ilhéus, dia 28 setembro. Estão
na fila sisal, grãos, mandioca, carne e frutas. (Levi Vasconcelos)
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