Na
campanha eleitoral do ano que vem você vai se deparar com alguns nomes
de partidos que vão parecer novos. Mas, na verdade, são legendas com
alguns anos de estrada que se repaginaram.
Desaparecem as siglas com o “P” de partido e surgiram — e ainda surgirão — nomes que podem ser definidos como marcas.
O primeiro a adotar a mudança de nome foi o PTN (Partido Trabalhista Nacional), que virou Podemos, em maio.
A presidente do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP), diz que pesquisas feitas durante dois anos levaram à alteração.
— Dentro dessa nossa pesquisa, a palavra podemos esteve muito forte. A
população entendeu que juntos é possível derrubar um governo. O Podemos
representa um sentimento da sociedade brasileira. Na verdade, esse
sentimento está presente na sociedade no mundo todo. Você tem o ‘yes, we
can [sim, nós podemos, slogan de Obama]’, nos Estados Unidos, o
Podemos, na Espanha.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pedidos de outros dois partidos para troca de nome já estão em tramitação.
O PT do B já se apresenta como Avante. O mesmo ocorre com o PSDC (Partido Social Democrata Cristão), agora Democracia Cristã.
O PP (Partido Progressista) também vai ser rebatizado. A decisão foi tomada em reunião da Executiva na quarta-feira (16).
O presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), diz que haverá apenas uma “modernização”.
— Não é uma mudança de nome, vai se manter o Progressista. Apenas
está se tirando a palavra partido, porque é uma tendência, vários
partidos estão fazendo isso. É uma tendência de modernizar o nome do
partido. Ficou de ser definido agora se o nome vai ser Progressista ou
Progressistas, no plural. Uma empresa especializada vai fazer essa
pesquisa e apresentar a sugestão ao partido.
No mesmo dia, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá, anunciou que a sigla vai voltar a se chamar MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Em entrevista ao Estadão Conteúdo, Jucá disse que a mudança não está
ligada aos escândalos de corrupção que citam o partido do presidente
Michel Temer.
— Nós estamos querendo colocar o partido de acordo com o que tem de
mais moderno no mundo hoje. Os novos partidos não são registrados como
partido. Também estamos resgatando essa questão histórica, a nossa
memória. Nós não queremos ser um partido, nós queremos ser uma força
política. Queremos ganhar as ruas com uma nova programação.
Nessa lista ainda deverá entrar ainda o PEN (Partido Ecológico
Nacional), sigla que lançará o deputado federal Jair Bolsonaro à
Presidência em 2018.
O presidente do partido, Adilson Barroso, falou sobre a mudança do nome para Patriota.
— A equipe dele [Bolsonaro] que acha que o nome Patriota é melhor. Aí
eu fiz uma pesquisa via Facebook e deu 50 mil votos para Patriota e
2.000 para PEN. […] Até porque o Bolsonaro é um cara patriotista (sic),
que defende que o dinheiro do Brasil tem que ficar no Brasil.
A Executiva do partido ainda deverá aprovar a mudança nas próximas
semanas. A expectativa de Barroso é que a alteração seja encaminhada ao
TSE dentro de um mês.
Outro partido está colhendo assinaturas para ser criado e se chama Patriotas, no plural.
O Democratas, que era PFL no passado, estaria entre as legendas que
planejam uma repaginação. Chamaria-se Mude (Movimento da Unidade
Democrática).
O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), desconversou ao ser questionado sobre o assunto.
— A prioridade do Democratas neste momento está em rediscutir e
atualizar nosso ideário. Queremos atrair novos parlamentares, aumentar
nossa bancada pela força das ideias, oxigenando nossa atuação no
Congresso Nacional.
Fórmula de sucesso
O professor Celso Matsuda, do curso de Marketing Político e
Propaganda Eleitoral da Escola de Comunicações e Artes da USP, explica
que essa estratégia de nomes mais simples já deu certo fora do Brasil.
— Os partidos que fizeram sucesso na Europa recentemente adotaram
nomes mais práticos, mais simples. Hoje, se você perguntar para as
pessoas o que significam as siglas dos partidos, pouca gente vai saber.
Na França, por exemplo, Emmanuel Macron criou o movimento chamado En
Marche (Em Movimento), que o levou à presidência do país no começo do
ano.
O conceito de gestão de marca está presente nesses novos nomes, segundo o professor.
— A ideia é que nomes mais simples, sendo quase que uma palavra,
tenham muito mais sentido para se guardar a imagem e transmitir um
conceito. Isso está muito ligado ao conceito de marca mesmo. Isso segue
toda uma teoria de branding.
Matsuda destaca ainda partidos criados nos últimos anos que já vieram
com esse formato, como é o caso do Solidariedade e da Rede
Sustentabilidade.
Com a possibilidade de um distritão, como propõe a reforma política, os partidos vão precisar ser mais eficientes na comunicação com o eleitorado, diz Matsuda.
— Vai ter que mudar toda a estratégia de comunicação. E aí entra uma
marca mais forte. Com todas essas dificuldades de recursos para campanha
política, tudo tem que ser mais fácil e mais profissional,
principalmente a comunicação.
Atualmente, o Brasil tem 35 partidos registrados no TSE. Outros 63
estão em formação, ou seja, colhendo assinaturas para poder pleitear o
registro na Justiça Eleitoral. Alguns deles se chamam Renovar, Igualdade
e Tribuna Popular.
R7 / DIGA BAHIA1
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