Eliziário Goulart Rocha, na coluna de Augusto Nunes: o objetivo do réu sem cadeia é censurar a imprensa. Eita, justiça brasileira!:
Riscos de linchamento
moral nas redes sociais à parte, todos os brasileiros são livres para
expressar sua opinião. Em uma democracia, pensamentos divergentes não
são apenas permitidos, mas altamente desejáveis. Redes sociais abrigam
pessoas de diferentes classes econômicas, níveis culturais, regiões,
credos, etnias e estilos de vida. É natural, portanto, que as opiniões
colidam e nem sempre se pautem pela lógica, pelo bom senso e pela
compostura.
Mas, quando se trata
de gente muito bem informada – sobretudo jornalistas –, espera-se um
discernimento acima da média. Pessoas assim não podem alegar falta de
informação para embarcar em papo furado de empresários malandros e
políticos enrolões. Cair na conversa mole da viva alma muito viva é como
acreditar no patriotismo de esleys safadões. Neste caso, quem sobe
voluntariamente a bordo de uma canoa afundada por excesso de safadeza
está consciente do que faz.
Jornalista defendendo
com fervor um homem com vários processos por corrupção nas costas já
soa bastante estranho. Mas o que torna tal atitude um ato da mais
absoluta sandice é o fato de que o personagem em questão, ainda em seus
delírios de imperador do pântano, coloca entre suas prioridades na
sonhada volta ao poder justamente o extermínio da liberdade de
expressão.
Em discurso na
faculdade de direito da UFRJ no último fim de semana, Lula retomou um de
seus temas prediletos: calar a imprensa. “Eu errei quando não fizemos a
regulação da mídia. Eles têm que saber que têm que trabalhar muito para
não deixar eu voltar a ser candidato. Se eu for candidato, eu vou
ganhar e vou fazer a regulação da mídia”, ameaçou o exterminador sem
futuro. “Não vou morrer até voltar a governar com vocês este país”,
exaltou-se o homem sempre embriagado de poder.
“Eles”, no caso, são
todos os jornalistas que não se curvaram à seita, nem estão a soldo de
projetos pessoais de poder. Para estes, censura e perseguição. Para a
mídia amestrada, verbas e cargos. Talvez alguns sejam apenas ingênuos,
mas ingenuidade está longe de ser virtude neste ofício.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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