Com humor corrosivo, P. Gonçalo Portocarrero de Almada aborda o comunismo como doença: "sem
querer meter a foice (e nunca melhor dito!) em seara alheia, temo que o
comunismo possa ser em breve reconhecido pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) como doença. Em plena silly season, a proposta pode parecer
disparatada, mas a verdade é que o comunismo reúne todas as condições
das maleitas: tem sintomas específicos, provoca reacções alérgicas,
costuma ser incurável, é geneticamente transmissível e terrivelmente
mortal". P. Gonçalo, como se vê, está longe de ser como certos
padres-cantores do Brasil, mais preocupados com sua imagem na TV que com
as questões religiosas e políticas. Texto publicado pelo Observador:
A saúde é um estado
precário que não pressagia nada de bom, porque se perde quando se
adoece. O que seja uma doença não é fácil dizer e, por isso, a
comunidade científica não é unânime sobre este particular. Alguns
comportamentos, como ser canhoto, foram tidos por anormais e depois
deixaram de o ser; houve doenças que, entretanto, se extinguiram, como
parece ser o caso da peste bubónica; e outras patologias só foram
diagnosticadas a finais do século XX, como a síndrome de Asperger.
Sem querer meter a
foice (e nunca melhor dito!) em seara alheia, temo que o comunismo possa
ser em breve reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
doença. Em plena silly season, a proposta pode parecer disparatada, mas a
verdade é que o comunismo reúne todas as condições das maleitas: tem
sintomas específicos, provoca reacções alérgicas, costuma ser incurável,
é geneticamente transmissível e terrivelmente mortal.
Ao nível dos sintomas
epidérmicos, esta grave deficiência parece-se muito ao sarampo: os que a
padecem ficam também, como se costuma dizer, vermelhos!
Provoca, em geral,
uma reacção alérgica às religiões, mórbidas expressões da alienação
popular (afinal, que é uma beata senão uma toxicodependente do ‘ópio do
povo’?!). Este doentio efeito só se consegue eliminar pela proibição das
crenças, como acontece na Coreia do Norte e na China, onde os fiéis são
perseguidos e exterminados.
Outra alergia
provocada por esta nova doença é a homofobia, como se prova pela
história e prática do Partido Comunista Português: alguns militantes
foram, por este motivo, expulsos do partido e aos gays não foi, por esta
sua condição, permitida a adesão ao partido. Como escreveu Paulo Gaião,
“estão por estudar a fundo as circunstâncias da expulsão de Júlio
Fogaça, que era homossexual, do PCP, onde se podem ter misturado
questões políticas com questões homofóbicas. Também está por perceber a
razão de o PCP lidar ainda hoje com visível incómodo com o tema da
homossexualidade” (Expresso, 21-1-2013). Não se creia que é coisa
ultrapassada porque muito recentemente o PCP, quando a Assembleia da
República aprovou um voto de condenação pelas perseguições aos
homossexuais na Chechénia, absteve-se (Expresso, 21-4-2017).
Por sinal, já em
2015, este semanário noticiou o que quase toda a imprensa muito
pudicamente silenciou: dois homossexuais, em plena festa do Avante,
foram enxovalhados, sovados e exemplarmente expulsos, à boa maneira
estalinista. Assim sendo, ainda bem que, como reza a publicidade, não há
outra festa como esta! Curiosamente, não consta que nenhuma organização
de defesa dos direitos destas minorias se tenha manifestado na Atalaia,
ou frente à sede do PCP…
Claro que, se o caso
tivesse ocorrido numa instituição católica, numa procissão ou romaria
religiosa, teria dado brado na imprensa, sempre tão atenta a tudo o que
possa servir como arma de arremesso contra a Igreja. Mas, como foi no
‘solo sagrado’ do PCP – para usar a expressão de Henrique Raposo, um dos
poucos cronistas que teve a coragem de condenar o incidente – tudo
ficou no silêncio dos deuses.
Na sua forma mais
virulenta, esta doença é incurável. Enquanto a miopia e outras
enfermidades tendem a ser menos agressivas com a idade, o quadro clínico
dos comunistas não melhora com o passar do tempo. Um caso público e
que, por isso, pode ser referido sem quebra do princípio deontológico da
confidencialidade médica, é o de Jerónimo, o grande chefe dos
pele-vermelhas-que-o-não-são-por-causa-do-sarampo: não obstante a sua
provecta idade, não dá sinais de regressão da doença que, há longos
anos, padece horrivelmente.
Segundo estudos
científicos acima de qualquer suspeita, é muito provável que se trate de
uma doença geneticamente transmissível: tenha-se em conta a tão
‘queriducha’ dinastia Kim, na Coreia do Norte, que já vai na terceira
gloriosa geração de queridos líderes e que é uma autêntica democracia,
segundo um paciente que, depois de vários anos na Assembleia da
República, está agora internado na Câmara Municipal de Loures. Também as
manas bloquistas, rebentos de um extremoso pai revolucionário,
corroboram, a nível nacional, que o comunismo é geneticamente
transmissível. Mas a violência persecutória e repressiva de uma
encarniçada deputada socialista permite supor que, também por outras
causas, se pode verificar a mesma grave intolerância à liberdade de
pensamento e de expressão.
O comunismo é uma
doença terrivelmente letal. Segundo estatísticas a homologar pela OMS,
já ‘limpou o sarampo’ a cem milhões de vítimas: é o cancro da
democracia, a peste negra da modernidade! Mata à fome, à bala e por
suicídio induzido, profilaxia aplicada, com êxito, aos dissidentes e até
a muitos camaradas de Lenine e Estaline. Outros foram desterrados para a
Sibéria, cujas baixas temperaturas são muito saudáveis, segundo o
salutar princípio de que o frio, siberiano ou frigorífico, conserva.
O candidato do PSD à
autarquia de Loures é racista e não tem perdão, mas os comunistas são
inimputáveis: nunca têm culpa porque, afinal, são doentinhos. Esperemos
que, os seus correligionários, deles não tenham, por via da eutanásia,
uma compaixão assassina. E que, pela nossa rica saúde, não sejam nunca
poder, em cujo caso o nosso sofrimento seria verdadeiramente terminal.
Moral desta história
imoral: a razão pela qual políticos, médicos e psicólogos são insultados
nas redes sociais, acossados pela imprensa e perseguidos pelas suas
ordens profissionais, não são as suas declarações, mesmo quando são
polémicas. A razão é outra: não são de esquerda e, por isso, não têm
direito à impunidade, que é exclusiva da geringonça. Em Portugal, a
liberdade de pensamento e de expressão é de facto um elixir a que só
comunistas, bloquistas e socialistas mais vermelhuscos têm direito. Por
razão, precisamente, desta doença. Antes o sarampo…
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário