Por Folhapress
Quem resolveu deixar o Brasil por causa da crise não pensa em voltar, e
o número de famílias que sai para outros países continua crescendo. Os
vistos de imigrante concedidos pelo governo norte-americano a
brasileiros somaram 3.287 no ano passado. É o dobro do registrado em
2014. "Não tem um mês em que a gente não converse com outras pessoas que
querem saber o passo a passo para vir para cá", diz a empresária Vivian
Mayrink Cirillo, que se mudou com o marido e os três filhos para a
cidade de Weston, na Flórida (EUA), há dois anos e meio.
"A fase de transição já passou, e a ideia de voltar vai ficando cada
vez mais longe", diz ela, que mantém sua empresa de gestão de marcas no
Brasil. O economista português Vasco Severo, que voltou para Lisboa
depois de quatro anos no Brasil, também não pensa em retornar. "Quando
cheguei ao Brasil, era muito contatado por portugueses que queriam ir
para aí. Agora são os brasileiros que me escrevem a querer vir para cá",
afirma.
"O Brasil saiu do radar dos jovens qualificados que buscam trabalho",
afirma o economista. Segundo economistas, alguns efeitos da longa
recessão podem perdurar por muito tempo. Sergio Firpo, pesquisador do
Insper, ressalta que a crise afetou de maneira desigual os brasileiros.
"A recessão foi mais severa para os mais jovens e os menos
escolarizados. Certamente isso terá efeito sobre a desigualdade."
Segundo o professor, estudos mostram efeitos também sobre os jovens que
entram no mercado de trabalho durante uma crise econômica. "É uma
geração que terá impacto sobre os salários, a saúde, que vai ter perdas
em relação a outras gerações que não passaram por isso."
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