Postado em 17/08/2017 3:24 DIGA BAHIA!
O sono é uma importante forma de repor nossas energias, mas qual papel ele tem em incorporar novas informações ao nosso cérebro?Segundo um estudo publicado nesta semana pelo periódico científico Nature Communications, o cérebro é capaz de aprender novos dados, mas apenas durante a fase de sono REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês).
Para avaliar essa habilidade, o pesquisador Thomas Andrillon, da universidade parisiense PSL, monitorou o sono de 20 pessoas, que escutaram uma série de padrões de sons mesclados com ruídos brancos (sinal sonoro que contém todas as frequências na mesma potência, como o som do ar-condicionado ou da TV fora do ar) enquanto estavam acordados e, depois, enquanto dormiam.
Na manhã seguinte ao experimento, Andrillon e sua equipe pediram aos participantes que identificassem os padrões de sons a que haviam sido submetidos. Os que memorizaram melhor foram os que escutaram os sons durante a fase de sono REM.
“O que fizemos foi usar uma forma peculiar de
aprendizado chamada aprendizado de sons acústicos”, explica Andrillon à
BBC. “É uma forma bastante complexa de aprender, porque o material que
você aprende é ruído branco acústico, que é completamente aleatório.”
Teoria inconclusiva
O resultado da pesquisa, de acordo com Andrillon, reconcilia as duas teorias prevalentes – e concorrentes – quanto ao papel do sono na memória
A teoria do pesquisador Andrillon concilia duas ideias contraditórias sobre o papel do sono na memóriaGetty Images
A teoria recém-publicada une essas duas visões opostas porque sustenta que, enquanto dormimos, o cérebro faz as duas coisas – cada uma delas em uma fase diferente do sono.
Andrillon esclarece que, ainda que o estudo traga evidências da capacidade do cérebro de adquirir informação nova durante o sono, isso não significa que sejamos capazes de processar informações complexas – por exemplo, aprender um novo idioma ou memorizar um texto acadêmico.
“Durante o sono, podemos usar essa forma implítica de aprendizado para reprogramar algumas memórias, como neutralizar fobias ou recordações traumáticas”, diz o pesquisador.
Para alguns cientistas, porém, mais pesquisas são necessárias para entender o processo de incorporação de dados durante o sono.
O neurocientista Jan Born, da Universidade de Tübingen (Alemanha), que não está envolvido no estudo, afirmou ao Washington Post que o estudo francês mostra o que ocorre no cérebro enquanto formamos novas memórias durante o sono. Mas a memória tradicional – ou seja, as recordações do que vivemos enquanto estamos acordados – talvez não funcione assim, argumenta ele.
R7
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