Por Folhapress | Fotos: Folhapress
A
agenda da viagem do ex-presidente Lula pelo Nordeste incluirá o
encontro com um reitor que foi ameaçado, uma honraria que está sendo
contestada na Justiça e a entrega de um título de cidadão proposto há
duas décadas.
A caravana que será iniciada nesta quinta
(17) em Salvador e passará por 28 municípios nordestinos demandou
engenharia complexa para conciliar homenagens ao ex-presidente em nove
Estados.
Na Paraíba, o ex-presidente vai receber
um título de cidadão de João Pessoa proposto em 1997 pelo então vereador
Júlio Rafael (PT), morto em 2013. A proposta, aprovada na época, foi
resgatada pelo vereador Marcos Henriques (PT).
O ato, contudo, acontecerá sem a presença
da Mesa Diretora da Câmara: "Não vamos participar. Entendemos que é um
contrassenso entregar um título a alguém condenado por corrupção", diz o
vice-presidente da Câmara, vereador Lucas de Britto (PSL).
A honraria de duas décadas atrás foi a
solução encontrada após a entrega de título de doutor honoris causa ao
ex-presidente não ter sido confirmada pela UFPB (Universidade Federal da
Paraíba).
O ato chegou a ser divulgado pelo PT, mas
a reitora Margareth Diniz informou que não teria tempo hábil para
organizar a solenidade. Segundo ela, "não há viés político" na decisão
de postergar a entrega do título, aprovado pela universidade em 2011.
Em Alagoas, por outro lado, a entrega do
título de doutor honoris causa a Lula foi confirmada pela Uneal
(Universidade do Estado de Alagoas). O ato acontecerá na quarta (23) em
Arapiraca.
O reitor da universidade, Jairo José
Campos da Costa, diz ter sido ameaçado de morte no final de julho, dias
depois da divulgação da homenagem (leia texto abaixo).
Já na Bahia bastaram três semanas para
que a Universidade Federal do Recôncavo propusesse, aprovasse e marcasse
a data para a entrega de honraria semelhante.
O vereador de Salvador Alexandre Aleluia
(DEM), porém, entrou com ação popular na Justiça Federal pedindo a
suspensão da homenagem. "A gente não pode achar normal que se conceda
uma honraria a uma pessoa que foi condenada. Criminoso não merece
título, merece sentença", diz o vereador, que também questiona o uso da
universidade como palco de "campanha antecipada".
Em entrevista a uma rádio, o
ex-governador Jaques Wagner (PT-BA) disse que o vereador era movido pela
"inveja". "Quem sabe, se trabalhar, ele pode chegar ao nível que o
presidente Lula chegou."
Em Estância (SE), o vereador Sandro de
Bibi (PRB) entrou com um pedido de anulação do título de cidadão que
será concedido ao ex-presidente. Ele alega que a homenagem foi aprovada
em regime de urgência, desrespeitando o regimento interno.
O PT também teve que mudar a programação
em Salvador –um ato que seria realizado no Cerimonial Pupileira,
administrado pela Santa Casa da Bahia, foi transferido para a área
interna do estádio da Fonte Nova.
Presidente do PT na Bahia, Everaldo
Anunciação afirma que a administração da Santa Casa vetou o uso do
local, alegando que seria inadequado para eventos políticos. Jaques
Wagner disse que houve "preconceito" com Lula.
A Santa Casa nega veto e diz que o ato foi anunciado no local pelo PT antes que um contrato fosse firmado.
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