Sérgio
Zveiter, relator da denúncia contra Michel Temer na CCJ do Congresso,
tem profundas ligações com a família Marinho, dona da Rede Globo. Fernão Lara Mesquita traça um perfil devastador dessas figuras - não por acaso, figurões do falido Rio de Janeiro:
As
relações entre as famílias Zveiter e Marinho atravessam tres gerações.
Luiza Zveiter, filha de Luiz Zveiter, irmão de Sérgio, o relator da
denuncia contra Michel Temer na CCJ do Congresso, é apresentadora da
GloboNews. O pai de Sérgio, avô de Luiza, Waldemar Zveiter, fundador do
escritório de advocacia da família, tornou-se desembargador do TJ do Rio
de Janeiro pelo “Quinto Constitucional”, uma velha gambiarra que
reserva 20% desses postos a nomeações pelos governadores furando o
concurso público exigido.
A
familia saltou para esferas mais altas quando, em 1989, o escritório
Zveiter defendeu Roberto Marinho no divórcio litigioso de sua primeira
mulher, Ruth Albuquerque. Logo depois defendeu também a Rede Globo no
processo contra a TV Aratu, da Bahia, quando transferiu dela para a TV
Bahia, da família de Antonio Carlos Magalhães, os direitos de
retransmissão da Globo para aquele estado. Ministro das Comuicações de
Jose Sarney, ACM, como se sabe, deu uma sobrevida aos velhos “coronéis”
da política nordestina que a “Nova Republica” que nascia depois de 21
anos de regime militar prometia jogar no esquecimento, presenteando-os
com as concessões de rádio e televisão que acabaram por reeditá-los como
“coronéis eletrônicos”.
Waldemar acabou sendo indicado ministro do STJ por Jose Sarney, proprietário da retransmissora da Globo no Maranhão, em 1989.
Até hoje o escritório dos Zveiter advoga para a Globo.
Como o
pai, Luiz Zveiter também foi indicado desembargador pelo “Quinto” em
1995. Desde 1996 os dois irmãos vêm dividindo o comando do Superior
Tribunal de Justiça Desportiva, um “órgão disciplinar” da Confederação
Brasileira de Futebol. Entre 1996 e 1998 e depois entre 2000 e 2005,
Luiz presidiu o STJD. Forçado a sair em 2005, sucedeu-o seu filho
Flávio. Entre 1998 e 2000 o comando coube a Sérgio que protagonizou o
rumoroso “caso Sandro Hiroshi” no campeonato de 1999, que tirou o
Botafogo do rebaixamento “no tapetão”, um caso tão escandaloso que
acabou suspendendo por um ano o Campeonato Brasileiro de Futebol.
Luiz
tambem foi presidente do TJRJ no bienio 2009-2010. Outro de seus feitos
controversos foi a reconstrução do Palácio da Justiça do RJ pelo
famigerado empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta, aquele da “festa
dos guardanapos” no Ritz de Paris, e a Carioca Engenharia, outra das que
mais frequentam as delações da Lava Jato. Sob Sergio Cabral o
escritório da familia conquistou oficialmente contratos de R$ 30,9
milhões com a Cedae enquanto Luiz Zveiter era presidente do TJRJ.
Sua
“popularidade” nos meios jurídicos cariocas pode ser medida por um único
feito. No meio do recesso de junho de 2009 da ALERJ, conseguiu aprovar a
Lei dos Fatos Funcionais por meio da qual, a titulo de equiparar os
magistrados do Rio de Janeiro aos proventos do Ministério Publico,
instituiu uma boa parte dos 14 “benefícios adicionais” a que os
magistrados daquele estado, os mais agraciados do país, “têm direito”
hoje.
Em 2010 a
PGR, hoje sob o dr. Janot e então sob Roberto Gurgel, questionou os
supersalários do judiciário carioca apontando a inconstitucionalidade da
Lei dos Fatos Funcionais. Em 2012 teve inicio o julgamento do caso no
plenário do STF e o ministro Ayres Britto, o primeiro a se manifestar,
votou pela inconstitucionalidade da lei. Na sequência, porem, o ministro
Luis Fux, nomeado por Dilma em 2011, “pediu vistas do processo” que até
hoje não retornou ao plenário.
Em 2014
Luiz Zveiter só pôde se candidatar novamente à presidência do TJRJ
graças a liminar com que Luis Fux derrubou norma do Conselho Nacional de
Justiça proibindo a reeleição para esse cargo. Como não foi bem
sucedido nessa tentativa vai concorrer a nova reeleição em dezembro
próximo e é o favorito para o cargo. (Coincidentemente, em abril deste
ano, Marianna Fux, filha do ministro, também tornou-se desembargadora
pelo “Quinto Constitucional” como é tradição na família Zveiter).
Sergio
Zveiter é o membro da família que se voltou mais para a política. Foi
presidente da seccional carioca da OAB aos 33 anos. Com ajuda do irmão,
processado por aparecer nas suas campanhas enquanto era presidente do
TJRJ, e com financiamentos da UTC (R$ 400 mil), da Carioca Engenharia
(350 mil), da Andrade Gutierrez (294 mil) e mais “R$ 4 milhões de
dinheiro da própria família” elegeu-se deputado federal pelo PSD em
2010, e reelegeu-se em 2014. Tudo entre licenças para servir governos.
Passou pelo PDT e agora esta no PMDB. Ocupou quatro cargos de governo:
secretario de Justiça de Anthony Garotinho, de Jutiça e Direitos do
Cidadão de Rosinha Garotinho, de defesa do Consumidor novamente de
Rosinha, de Trabalho e Renda de Sergio Cabral que esta preso, e
secretario de Habitação e Cidadania do prefeito Eduardo Paes.
Licenciou-se novamente em 2015 para assumir a secretaria de Eduardo
Paes. Os processos mais rumorosos em que esteve envolvido antes dessa
ultima função, aliás, referem-se a favorecimentos a grupos do setor
imobiliário para construção em áreas proibidas, inclusive uma que veio a
ser vizinha do campo de golfe construido para as Olimpiadas pelo ultimo
governo a que serviu, a prefeitura de Eduardo Paes.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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