No artigo "Teatro do absurdo", Eliane Cantanhêde
afirma que "os tucanos se unem aos petistas para empurrar Temer ladeira
abaixo". Quem sai lucrando com isso? Apenas o partido totalitário, que
desgraçou o país e anseia por uma volta ao poder - onde pretendeu se
eternizar. Malditos todos:
A brincadeira em
Brasília, se é possível fazer alguma brincadeira em meio à tragédia, é
que já começou o “fora, Maia” na Austrália e no Japão e que José Dirceu
já faz até planos. Em áudio divulgado nas redes sociais, avisa que está
“de pé e na luta” e faz uma profecia: “Nós (ele, Lula e o PT) vamos
voltar”.
Os tucanos se unem
aos petistas para empurrar o presidente Michel Temer ladeira abaixo, mas
só o PT tem a lucrar com isso. Os petistas serão os grandes vitoriosos
da eventual queda de Temer e vão empurrar Maia rampa acima, mas para
liderar o “fora, Maia” no dia seguinte. O momento é de oposição e quem
sabe fazer oposição é o PT.
É assim que o
ex-presidente Lula vem subindo nas pesquisas, recuperou os seus 30% e
está na liderança para 2018 no rastro da desgraça de Temer, das
revelações sobre o PMDB e da queda estonteante de Aécio Neves. Palocci e
Joesley Batista colaboram, jogando a culpa em Mantega, o mordomo da
vez.
Toda a trama se
desenrola dentro do cronograma previsto pelos petistas lá atrás, quando
já não suportavam Dilma e arregaçavam as mangas para infernizar Temer
com os movimentos camaradas. Bem melhor fazer oposição a um presidente
impopular do que carregar uma presidente que se revelou um desastre.
Durante meses de fogo
cruzado, Temer conseguiu sobreviver basicamente pela falta de um
sucessor e pelo pânico de a economia sofrer mais ainda. Agora, na fase
do fogo amigo do PSDB, cresce a onda a favor de Maia, mas as incertezas
continuam. Temer tem explicações a dar à Justiça, mas Maia foi citado
nas delações da Odebrecht e da OAS e está na lista Janot-Fachin.
O remanejamento de
equipes da PF em Curitiba significa exatamente o oposto do que se
imagina. A Lava Jato não está sendo esvaziada, está evoluindo, porque a
investigação dos “sem-mandato” já praticamente se esgotou em Curitiba,
onde estão bem adiantados os inquéritos contra Lula e estão presos
Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro, Eduardo Cunha, Antonio Palocci e outros
menos cotados.
É hora, portanto, de
se concentrar nos “com mandato”. A equipe não foi desmobilizada, apenas
sai de Curitiba para investigar em Brasília, Rio, Minas, Bahia, Rio
Grande do Norte e por aí afora, com foco no “PMDB da Câmara” e aliados.
Inclusive Maia?
Conclusão: enquanto
Temer for presidente, ele e ministros como Eliseu Padilha e Moreira
Franco não vão ter um minuto de sossego. A PF, o Ministério Público e o
ministro Edson Fachin estarão a postos, mantendo a pressão, enquanto os
juízes de primeira instância “comem pelas bordas”, capturando os
sem-mandato (que sobraram) do entorno de Temer.
É assim que o Brasil,
pobre Brasil, vive a mesma situação da era Dilma: se correr, o bicho
pega; se ficar, o bicho come. Manter Dilma, impopular, paralisada e
inepta seria jogar o País e sua economia num buraco cada vez maior.
Tirá-la seria, como foi, entregar o poder ao PMDB, que não é flor que se
cheire.
A crise e o dilema se
repetem. Manter Temer, impopular, investigado e perdendo apoios, é
fechar os olhos para os escândalos. Tirá-lo é jogar a economia numa
grande incógnita e desviar o foco e as acusações para Rodrigo Maia. Uma
festa para o PT.
Porém, não são só
Lula e PT que comemoram a aflição de Temer e a eventual chegada de Maia.
Na outra ponta, está Jair Bolsonaro, que lembra Donald Trump. Ele era
tão absurdo que ninguém dava bola... Se absurdos acontecem até na
potência, quanto mais num País afundado numa crise sem fim. Dilma caiu,
Temer pode cair, Maia é uma incógnita e 2018 pode nos reservar Lula
versus Bolsonaro. Absurdo?
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário