Por Folhapress | Fotos: Folhapress
O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou o
último domingo (9) imerso em articulações. Às vésperas de uma semana
decisiva para o governo Michel Temer, traçou a diversos interlocutores
um cenário em que trata a queda do presidente como irremediável.
No comando da Câmara e sucessor imediato
ao Planalto caso o afastamento e a derrocada de Temer se concretizem,
Maia encerrou o fim de semana com uma reunião em sua residência oficial
em que serviu pizza e sopa e estava cercado de parlamentares da base
aliada ao governo.
Um dos deputados que estavam no encontro
contou que, em tom sóbrio, Maia reproduziu a alguns dos presentes o
diagnóstico que disse ter feito, horas antes, ao próprio Temer, no
Palácio do Jaburu.
Segundo este interlocutor, o presidente
da Câmara afirmou ter dito ao presidente da República que ele poderá
sobreviver à votação, no plenário da Casa, da primeira denúncia
apresentada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, mas que certamente
sucumbiria quando a segunda acusação chegasse à Câmara.
A avaliação de Maia é que o resultado da
primeira votação influenciará diretamente a segunda, visto que os
deputados da base se desgastariam uma vez em defesa de Temer, mas numa
outra ocasião ficaria "mais difícil".
Maia também se queixou de ministros e
aliados do presidente, que vêm questionando sua lealdade diante de
relatos de que tem se reunido com políticos que articulam um cenário
pós-Temer.
Afirmou ainda que, antes do jantar em sua
casa, havia participado de um almoço com "gente importante" que fazia a
mesma avaliação sobre o futuro do governo.
O relato dava conta de um encontro que Maia havia protagonizado horas antes, logo após se reunir com o presidente no Jaburu.
Depois da conversa com Temer, de pouco
menos de uma hora, o presidente da Câmara, em carro descaracterizado,
foi a uma casa no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, para um almoço.
Era o convidado principal de um encontro promovido pelo vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet.
A reportagem da Folha chegou ao local por
volta das 14h45. Menos de uma hora depois foi abordada, pela primeira
vez, por um dos seguranças da casa, que questionou o motivo da campana.
Passados 15 minutos, um segundo
funcionário da residência interpelou a reportagem. Ele disse: "o
vice-presidente da Globo quer saber quem você é e para quem você
trabalha".
A reportagem informou nome e veículo, e
confirmou que Maia estava na residência, com mais cinco políticos, entre
eles, os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Heráclito Fortes (PSB-PI) e o
ministro Fernando Bezerra Coelho (Minas e Energia).
Os carros dos convidados -todos sem placa
oficial- só deixaram o local à noite, por volta de 19h15, após cerca de
cinco horas. Motoristas foram orientados a entrar na garagem para que
os passageiros embarcassem com os portões fechados.
Heráclito disse que o encontro estava "marcado há mais de um mês" e que "não teve nada de conspiração".
"Era para ser lá em casa mas Tonet
resolveu fazer na casa dele", disse. "As pessoas estão vendo coisa onde
não existe. Maia tem sido muito correto", completou.
Pouco depois, o presidente da Câmara
telefonou a alguns deputados, ministros e líderes de partido,
convidando-os para comer em sua residência oficial, assim que saíssem de
uma reunião com Temer no Alvorada.
Em sua casa, Maia falou sobre a conversa
com o presidente mais cedo, relatou seu almoço com a direção da emissora
e vaticinou o fim do atual governo.
Na pizza com sopa, estavam presentes os
ministros Antonio Imbassahy (Governo) e Moreira Franco
(Secretaria-Geral), além dos deputados Benito, Heráclito e dos líderes
do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André
Moura (PSC-SE).
Parlamentares que participaram do
encontro deixaram o local afirmando que o clima não estava bom para
Temer e que a relação de Maia com o Planalto azedou.
Procurado, Maia não quis comentar as reuniões.
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