Temer não é carta fora do baralho, escreve Carlos Brickmann em sua coluna publicada nos jornais de ontem: tem boas possibilidades de resistir até 2018:
Para a Rede Globo e
muitos políticos, Michel Temer já caiu: só falta avisá-lo de que seu
mandato acabou. Para grande parte da imprensa, mesmo que Temer sobreviva
a esta primeira denúncia, não resistirá à seguinte (e, se sobreviver,
ainda haverá uma terceira). Para o deputado Rodrigo Maia, presidente da
Câmara, primeiro na lista de sucessão, nem é preciso esforçar-se para
chegar ao Planalto: o poder cairá no seu colo.
Para este colunista, a
previsão (nome chique que o pessoal citado acima dá ao palpite), é de
que Temer tem boas probabilidades de resistir. A fonte principal da
coluna lembra que uma conceituada consultoria internacional de análise
de risco político, Eurasia Group, dá a Temer maiores chances de terminar
o mandato do que de cair: no dia 11, de 60% a 40%. Deve ser uma análise
séria, já que os clientes da Eurasia a utilizam em suas decisões de
investimento. Mas a fonte do colunista acha que a probabilidade de Temer
sobreviver é maior do que a calculada pela Eurasia. E lembra que, se o
grupo contrário a Temer tivesse a certeza de derrotá-lo, iria acelerar a
votação, em vez de retardá-la com depoimentos e recursos ao STJ.
Qual é a fonte em
quem tanto confia este colunista? A fonte é um bom analista, César Maia.
Mais do que bom analista, é pai do deputado Rodrigo Maia. Se o pai
prevê, publica e assina (http://wp.me/p6GVg3-3BX) que o filho não chega agora à Presidência, quem pode dizer o contrário?
A arma do presidente
Ao menos neste
momento, Temer tem o apoio do baixo clero, nome do grupo de
parlamentares que têm pouca importância política e que em geral são
ignorados pelos líderes políticos – mas cujo voto vale tanto quanto o
dos caciques. Temer foi três vezes presidente da Câmara e sabe conversar
com esses deputados, dando-lhes a importância que não têm; e,
presidente da República, tem condições de oferecer-lhes mais importância
e algo mais. Admitir o pedido de autorização para a abertura de
inquérito sobre Temer exige 342 votos. Se 172 deputados faltarem à
votação, ou votarem contra, o número mínimo não será atingido e a
autorização estará rejeitada.
Olha o nível!
Dia de votar a
reforma das leis trabalhistas no Senado. O PT é contra (bem como
sindicatos e centrais sindicais, que perdem a grande boquinha do Imposto
Sindical). Início da sessão: 11 horas. O presidente da Casa, senador
Eunício Oliveira, chega no horário e descobre que quatro senadoras, três
do PT e uma do PSB, estão ocupando a Mesa. Recusam-se a sair de lá.
Eunício encerra a sessão e manda apagar a luz. As senadoras continuam no
mesmo lugar. Na hora do almoço, chegam as marmitas para as quatro. Mais
tarde, vêm à Mesa mais duas senadoras. Perto da Mesa, circulam outras
parlamentares, como Benedita da Silva, PT, esquerdista histórica, e
Kátia Abreu, PMDB, que passou de líder ruralista a militante de
esquerda. E Lindbergh Farias fica ali, como camarada orientador.
Discutir o projeto para que? Fazer arruaça infanto-juvenil rende mais
tempo na TV.
A Mesa foi desocupada
às 18h45. Quem negociou com as senadoras? Um peemedebista que tem bom
diálogo com elas, Jader Barbalho, PMDB.
Os nomes, os nomes
As primeiras
ocupantes da Mesa foram Lídice da Mata (PSB), Gleisi Hoffmann
(presidente nacional do PT), Fátima Bezerra e Regina Souza, ambas do PT.
Juntou-se a elas, mais tarde, Vanessa Grazziotin (PCdoB).
Todos juntos
O Imposto Sindical,
um dia do ordenado de cada um dos assalariados do país, estimula a
criação de mais sindicatos, por ser uma bela fonte de renda, e faz com
que os sindicatos não precisem trabalhar, pois tenham ou não associados
sua receita está garantida. Resultado, temos mais de 17 mil sindicatos
no país, que funcionam do jeito que se sabe. E é importante lembrar que
sindicatos patronais, que representam quase 1/3 deste número, também se
beneficiam do Imposto Sindical e querem mantê-lo. O setor empresarial
tem ainda outro benefício: o Sistema S (Sesc, Senac, Sesi, Senai) recebe
dinheiro do Governo, via federações patronais.
Dia quente
Hoje, ao meio-dia,
outra sessão movimentada: a sabatina de Raquel Dodge, indicada pelo
presidente Temer para procuradora-geral da República. No foco, o que
pretende Raquel Dodge fazer com a Lava Jato. Entende-se: em público,
todos querem que a Lava Jato seja prioritária. Mas querem mesmo que a
Lava Jato morra de inanição e que o juiz Sérgio Moro seja promovido a
desembargador.
Aí será mais um, não mais o único.
Rompendo o sigilo
Nesta semana,
notícias não faltarão: o BNDES deve apresentar o Livro Verde, com as
principais operações realizadas de 2001 a 2016. Por exemplo, o caso JBS,
de Joesley Batista.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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