Por Folhapress | Fotos: Reprodução / Google
O presidente Michel Temer embarca na manhã deste sábado (8) ao Brasil
depois de pouco mais de 30 horas de passagem por Hamburgo, na Alemanha,
onde o peemedebista participou da cúpula do G20. Ele disse à imprensa
estar "tranquilíssimo" sobre o retorno, enquanto se acumulam as crises
políticas ameaçando seu mandato -razões para a curta participação na
importante reunião das principais economias do mundo.
Seu voo está previsto para as 13h locais (8h em Brasília). Temer
perdeu, com isso, a última sessão com os demais líderes, incluindo o
americano Donald Trump e o francês Emmanuel Macron. Ele também não
acompanhou a emissão do comunicado conjunto, que é o tradicional
documento do fim da cúpula. Seu "tranquilíssimo" foi a única declaração
oficial no sábado, seguida de um sinal de "tudo joia" com ambas as mãos.
No dia anterior, Temer havia dito que não existe crise econômica no
Brasil.
"Crise econômica no Brasil não existe. Pode levantar os dados e você
verá que estamos crescendo no emprego, estamos crescendo na indústria,
estamos crescendo no agronegócio", afirmou. A breve viagem de Temer
coincidiu com graves movimentos políticos, incluindo a declaração do
senador Cássio Cunha Lima (PSDB), reportada na coluna "Painel" desta
sexta (7), de que, se depender da tramitação da denúncia contra o
peemedebista, "dentro de 15 dias o país terá um novo presidente". Temer
disse na sexta, em Hamburgo, que foi "força de expressão". "Vamos
esperar 15 dias, não é verdade?. Vamos esperar. Às vezes as pessoas se
entusiasmam."
VAIVÉM
A viagem de Temer ao G20 havia sido inicialmente cancelada, mas o
governo reavaliou a decisão na segunda-feira (3). As idas e vindas
contribuíram para uma agenda esvaziada, sem nenhuma reunião bilateral, e
para uma gafe: o programa entregue à imprensa apontava o ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, como chefe da delegação, no lugar de
Temer.
"Há a sensação de que o Brasil está consumido por desafios políticos e
não deve, por isso, desempenhar o papel que teve no passado", afirmou à
Folha Thomas Bernes, do CIGI (Centro Internacional para a Inovação na
Governança). Bernes participa do T20, uma agremiação de think tanks
sobre o G20.
GESTÃO MAIA
Com a possibilidade de que Temer não tenha o apoio suficiente para
continuar no cargo, partidos da base começaram a discutir a gestão de
transição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), como relatou a
Folha de S.Paulo. O consenso seria a manutenção desta equipe econômica,
incluindo Meirelles, que acompanhava Temer em Hamburgo. O ministro, que
participou dos encontros na cúpula, só deve retornar a Brasília neste
domingo (9). Na Alemanha, na sexta, Temer disse no entanto que confia no
aliado Maia. "Acredito plenamente. Ele só me dá provas de lealdade."
Temer também disse que sua preocupação em relação a uma delação de
Eduardo Cunha é "zero", e que também é "zero" sua preocupação quanto a
uma eventual debandada da base aliada -enquanto tenta barrar na Câmara a
denúncia de corrupção passiva contra ele. "Zero preocupação", disse. "O
PSDB tem quatro ministérios, os ministros estão muito tranquilos."
Todos telefonaram, afirmou, para explicar a declaração do senador Tasso
Jereissati, presidente interino do PSDB, que disse na quinta que Maia
"tem condições" de conduzir a transição do país até as eleições de 2018.
"Ainda agora me ligaram todos, um pouco dando explicações, dizendo que
esta fala do senador Tasso não condiz com aquilo que pensa a maioria do
PSDB", contou.
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