Até quando os ingleses vão marchar quietinhos para o matadouro", pergunta Vilma Gryzinsky (Mundialista).
A resposta: "Até a hora em que começarem a reagir. É o resultado lógico
e terá consequências de arrepiar". Para variar, o perigo vem da
esquerda, no caso, Jeremy Corbin:
Não vai ser dessa
vez, nem da próxima que já está sendo armada, nem da outra. Mas também
não está muito longo o momento em que os ingleses vão parar de levantar
os braços na sequência imediata de um ataque terrorista.
Muitos já perceberam
que não adianta acender velas, depositar flores, cantar Don’t Look Back
in Anger (“Não ponha, por favor, sua vida nas mãos/ de uma banda de
Rock’n’Roll/ que vai jogar tudo fora”). Apesar dos bons propósitos, a
hashtag Pray For London é de fazer chorar. De raiva.
Mas os que se
revoltam ainda não sabem o que fazer. Numa comparação muito, muito
remota, mas que ajuda a aproximar os mundos em derretimento por
processos completamente diferentes, estão como os brasileiros atônitos e
sem respostas diante da falta de opções face à corrupção sistêmica. O
problema deles é o terrorismo sistêmico.
Na quinta-feira,
todos os países que formam o reino vão votar. Theresa May, a
primeira-ministra que convocou a eleição antecipada na certeza de que
receberia um apoio maciço para negociar o Brexit, agora combate a mãe de
todas as dúvidas.
A dedicada e durona
Theresa May, em companhia de todo o establishment, tem demonstrado que
os métodos sofisticados e inteligentes usados para combater o terrorismo
estão revelando falhas trágicas.
Os corpos
despedaçados das 22 vítimas de Manchester, das quais 17 eram meninas e
mulheres, jazem como prova. Agora, na companhia dos sete atropelados e
esfaqueados em Londres.
FALSO APAZIGUAMENTO
Não só faltam opções
aos eleitores britânicos que quiserem manifestar sua desconfiança, como a
alternativa é de arrepiar. Jeremy Corbyn, o líder de extrema-esquerda
do Partido Trabalhista, é um conhecido simpatizante de terroristas,
tanto dos irlandeses católicos na época da luta armada, quanto dos
palestinos mais radicais.
Ele também defende a
abertura das fronteiras e o desarmamento nuclear unilateral. Como um
candidato com propostas assim pode sequer ser viável?
Primeiro, pesam os
fracassos de May. Antes de ser chefe de governo, ela foi ministra do
Interior, durante anos de controle do terrorismo interno que, agora, se
revela completamente descontrolado.
Segundo, ele usa o
argumento do apaziguamento. Tudo o que está acontecendo de horrível é
porque “fomos lá nos países deles” participar de suas guerras. Em
resumo, segundo este argumento: a culpa, no fundo, é dos próprios
britânicos, que foram atrás da cabeça dos maiores criminosos de todos,
os americanos.
BATALHÃO DA ESPADA
O argumento é absurdo
por várias portas de entrada. A desgraça na Síria, a maior do mundo
muçulmano, é autóctone, produzida por seus próprios elementos internos e
alucinadamente ampliada por intervenções externas.
A da Líbia, onde
foram gerados e treinados os lobos que agora caçam cordeirinhos
ingleses, é mais absurda ainda. Terroristas como o de Manchester, Salman
Abedi, e os dos grandes atentados de Paris, saíram da mesma matriz, a
Katibad al-Battar. Ou Batalhão da Espada – não qualquer uma,
evidentemente, mas a de um determinado e conhecido profeta oriental.
Dica: não é Buda nem Zaratustra.
Este grupo é um dos
braços do Estado Islâmico, formado por líbios, nativos ou provenientes
de países europeus. Fortaleceram-se no combate ao regime de Muamar
Kadafi, derrubado por força da intervenção armada da Grã-Bretanha e da
França.
Depois que militares
britânicos e franceses fizeram o serviço por eles, os militantes do
Estado Islâmico passaram a planejar e executar a morte de civis
britânicos e franceses em seus próprios países – além claro, de
continuar a matança mútua na Líbia, extensível ao Egito, onde um dos
alvos privilegiados são os coptas, a religião cristã original do país.
Essas inúmeras
camadas de complicação podem ser traduzidas, de maneira criminosamente
distorcida, pela mensagem de Corbyn: se ficarmos quietinhos aqui,
sairmos da campanha contra o Estado Islâmico e abrirmos as fronteiras
para quem quiser entrar, “eles” não vão mais matar crianças, mulheres e
homens inocentes. entre nós.
AUTODEFESA
Há eleitores que acreditam – ou querem acreditar – nisso. Há, evidentemente, os que acham que, ruim com May, por sem ela.
E há a minoria,
inquantificável, dos que começam a pensar na mais básica das reações
humanas: se eles nos atacam, nós temos que atacá-los.
Em geral, esta reação
de autodefesa, que já acontece em escala reduzida em algumas
localidades italianas quando há crimes cometidos por imigrantes
africanos, funciona assim. Moradores comuns se armam com utensílios à
mão, na ausência de armas de fogo, e atacam casas de onde partiram os
agressores.
No caso se países
europeus, bairros com maioria ou número considerável de muçulmanos não
integrados ou simplesmente acostumados com seu local de residência. A
punição coletiva atinge culpados e inocentes, mais a estes,
evidentemente.
Os lobos nada
solitários que matam “em nome de Alá”, segundo suas declarações
explícitas, não ficam esperando vizinhos chegar com paus e pedras.
Atritos assim podem
chegar rapidamente a níveis de conflagração social. Quando a desarmada e
rápida polícia britânica começar a proteger bairros muçulmanos, a coisa
vai piorar. Se não fizer isso, piorará mais ainda.
MURALHAS DE MAR
A população muçulmana
na Inglaterra é de mais de três milhões de pessoais – nem estamos
falando em todo o Reino Unido. Em alguns bairros de Londres, passa de
40% do total.
Devido à disseminação
político-religiosa das últimas décadas, instituições organizadas da
religião muçulmana apoiam ideias extremistas. Também têm como política
mais importante denunciar como islamofobia toda e qualquer iniciativa
que chame os líderes da “comunidade” a ser agentes responsáveis em
relação a mesquitas, pregadores, professores e outros elementos que
influenciam seus seguidores a praticar atos de violência.
É exatamente a mesma
política seguida pela ala de esquerda do Partido Trabalhista. A
campanha, de motivação ideológica, prejudica e até impossibilita
programas permanentes de Estado para combater a radicalização.
Quem fez esta análise
foi o jurista Nazir Afzal. Ele já chefiou o Serviço Real de Promotoria
numa região importante da Inglaterra. Foi o primeiro cidadão muçulmanos a
chegar a este posto.
A igualdade de
direitos, a liberdade de culto, o respeito pelas diferenças e o horror a
qualquer tipo de discriminação são valores conquistados, com sangue,
sofrimento e ideias, ao longo de milênios de história.
Inglaterra e Escócia
foram berços vitais dessas conquistas da humanidade, que remontam ao
Iluminismo, ao cristianismo, a Roma e à Grécia Antiga. Mesmo protegidos
por muralhas de mar por todos os lados, são também países que reagem
rapidamente a ameaças existenciais.
Agora, os povos das
ilhas procuram os líderes que os conduzam na proteção de seus valores e
suas vidas. Se não encontrarem, vão agir sozinhos.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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