Por Folhapress | Fotos: Folhapress
O
ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio disse em delação premiada
que a empreiteira utilizou de 30 a 40 contas não declaradas no exterior
"para operacionalizar os pagamentos paralelos".
Ele também contou que a empresa armou um esquema para transferir ao
Brasil dinheiro ilícito gerado no exterior que serviria para pagar
propina aqui.
Segundo o delator, apenas no segundo semestre de 2015 – com a Lava Jato
em curso e Marcelo Odebrecht preso –, a empreiteira transferiu US$ 25
milhões ao Brasil.
Para trazer o dinheiro de volta ao país, outro executivo, Marcos
Grillo, forjou um contrato para justificar a transferência dos recursos
depositados em vários bancos, afirmou Migliaccio.
A Odebrecht, disse ele, apresentou o contrato aos setores de compliance das instituições financeiras.
Migliaccio era funcionário do alto escalão do Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht, apelidado pelos investigadores da Lava Jato
de "departamento da propina". Era essa a área da empresa responsável por
organizar o pagamento de propina aos políticos e funcionários públicos.
Eles usavam um sistema de informática ("Drousys") criado para fazer a contabilidade da propina.
Migliaccio contou que, por causa da Lava Jato, a cúpula da Odebrecht
decidiu no fim de 2014 encerrar esse software. Mas, antes disso, "foi
criado um espelho do Drousys, o qual se chamava Riadec", para que ele
continuasse a operar e para que pudesse fechar as contas no exterior "e
remeter novamente os valores para as empresas do grupo".
Migliaccio usou o "Riadec" até janeiro de 2016, pouco antes de ser preso, em fevereiro.
Ele disse que, para que os pagamentos fossem realizados pelo setor de
operações estruturadas, a Odebrecht gerava caixa no exterior "via
planejamento fiscal". A Folha antecipou que a Odebrecht criou uma área
para gerar fluxo de caixa para pagar propina.
O delator foi preso na Suíça em fevereiro de 2016, na 23ª fase da Operação Lava Jato, a "Acarajé".
A colaboração de Migliaccio foi homologada em 30 de janeiro, mas os documentos se tornaram público na noite desta terça (16).
Ele vai pagar R$ 5 milhões em multa e devolver 8 quilos de ouro, entre outras coisas.
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