MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 15 de maio de 2017

“Eu estava atrapalhando os planos dele”, afirma Guido Mantega sobre Marcelo Odebrecht

Em entrevista, ex-ministro se defendeu de acusações e disse que delações são “ficções”


O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou em entrevista para a Folha de S. Paulo que as delações de Marcelo Odebrecht e Mônica Moura são “ficções” inventadas para conseguir fechar acordos de delação premiada. Segundo ele, as histórias são “inverossímeis” e sem provas.
“Eu estava atrapalhando os planos dele [Marcelo Odebrecht]. Eu não estava ajudando”, disse o ex-ministro, que se defendeu das acusações de que ele teria feito negociações para doação de dinheiro em troca de benefícios do governo. Mantega ressaltou que defendeu o veto a um projeto de lei que favoreceria as empresas exportadoras, anistiando as dívidas dessas empresas que ainda usufruiam de um benefício que deveria ter sido encerrado em 1990. “elas recorriam à Justiça e ganhavam, usufruindo do benefício até os anos 2000.”
“O pessoal [empresários] ficou desesperado. Eles estavam aproveitando créditos há 17 anos e teriam que devolver tudo com multa e correção. Procuraram o governo: ‘Se tivermos que pagar, vamos quebrar’. Eles queriam uma lei que reconhecesse os créditos. Uma anistia. E fizeram essa lei. [...] E o chato do ministro da Fazenda [referindo-se a si mesmo] defendeu o veto”. Segundo Mantega, Lula, presidente na época, vetou o projeto.
Me sinto terrível porque minha reputação foi colocada por água abaixo, afirmou o ex-ministro Guido Mantega
Me sinto terrível porque minha reputação foi colocada por água abaixo, afirmou o ex-ministro Guido Mantega
“Não anistiamos. Essa para mim é a prova cabal de que não demos moleza. Pelo contrário. Fizemos eles pagarem.” De acordo com o ex-ministro, a delação de Marcelo Odebrecht, que afirmou ter recebido de Mantega um bilhete com pedido de R$ 50 milhões, seria desvalidada por esse argumento. “Isso não ocorreu. É mentira do Marcelo. Ele é um ficcionista. Ele criou uma história. E ela é totalmente inverossímil, pelo que já te mostrei.”
Na visão de Mantega, que tem um caderno com anotações sobre os depoimentos de Odebrecht e outros, o depoimento do empresário teria o intuito apenas de obter um acordo. “Para conseguir uma delação você tem que entregar pessoas do alto escalão do governo. Um ou dois presidentes [da República] e um ou dois ministros. De certa forma é uma exigência. E aí fala do ministro sem provas. E menos ainda R$ 50 milhões que diz que pedi num bilhetinho. Que bilhetinho? Mostra o bilhetinho!”
O ministro também demonstrou arrependimento por não ter deixado o governo em 2011, ano em que o câncer da esposa foi descoberto. “Deveria ter saído. Teria sido bom para mim. [...] Eu me arrependo. Embora nós tivéssemos um projeto importante para o país. A economia crescia como nunca, com melhoria da condição de vida da população, aumento extraordinário do emprego, as empresas faturando. Era difícil eu sair naquele momento.”
Ele também falou sobre os impactos da prisão e das denúncias. “Eu me sinto terrível porque minha reputação foi colocada por água abaixo. [...] Não posso ter uma vida normal. É uma humilhação ser chamado de ladrão. [...] A minha vida virou um inferno.”
Mantega também revelou ter medo de ser preso. “Tenho temor. Eu sou a principal pessoa que cuida da minha mulher, que dá sustentação psicológica para ela. Temo o que aconteceria com ela se eu fosse preso. Se você olhar as acusações, as provas, elas são frágeis, não se sustentam. Eu espero que a Justiça faça justiça”, concluiu.

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