Por Redação Bocão News | Fotos: Reprodução
O suposto esquema de pagamento de propina por empresas em troca de
empréstimos da Caixa Econômica Federal também foi utilizado para
beneficiar partidos e políticos, segundo relatórios da Polícia Federal e
do Ministério Público na Operação Cui Bono.
De acordo com o G1, na decisão que autorizou buscas realizadas nesta
sexta-feira (13), o juiz federal Vallisney de Oliveira destacou que o
ex-ministro Geddel Vieira Lima, quando no cargo de vice-presidente da
Caixa, “agia internamente, em prévio e harmônico ajuste” com o deputado
cassado Eduardo Cunha, na liberação dos empréstimos.
Ainda segundo o G1, os investigadores acrescentam que “os valores
indevidos eram recebidos, tendo como destinação o beneficiamento pessoal
deles ou do PMDB”, diz trecho de um relatório obtido pelo Jornal
Nacional. As mensagens de celular trocadas entre os envolvidos revelam a
interação com integrantes do governo federal na época.
Em 23 de maio de 2012, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, suspeito de ser
operador do esquema, pergunta a Fábio Cleto, então vice-presidente de
Fundos e Loterias da Caixa, se ele se reuniu com o então ministro do
Trabalho à época, Brizola Neto (PDT-RJ). "Sim ontem a noite fomos lá.
Carlos [que segundo a Polícia Federal é um dos codinomes de Eduardo
Cunha] é muito bem entrosado com o ministro. A vida do Furtado e do
Vasconcelos vai ficar mais difícil agora”, escreveu Fábio Cleto.
A PF diz que a referência é a Marcos Vasconcelos, ex-vice presidente de
Gestão de Ativos de Terceiros da Caixa, também foi alvo da Operação Cui
Bono. O outro citado seria Paulo Furtado, integrante do Conselho
Curador do FGTS. Nas conversas entre os integrantes do esquema, ambos
eram tidos como pessoas que atrapalhavam as negociações. Dois dias após o
suposto encontro entre Fábio Cleto e Brizola Neto, o então ministro do
Trabalho exonerou Paulo Furtado. Em outra troca de mensagens, o grupo
demonstra a intenção de usar a proximidade com Brizola Neto para
prejudicar Marcos Vasconcelos.
“Eu conheço o ministro desde que ele foi deputado estadual”, comemora
Fábio Cleto. "Essa proximidade de vocês é excelente! Precisamos usar
isso para f... o Vasconcelos", responde Lúcio Funaro. Uma semana depois,
ao falar sobre problemas que estariam tendo com o departamento de
Marcos Vasconcelos, Fábio Cleto diz : "Tô discutindo com Carlos e
Brizolinha o que podemos fazer para modificar esse rito". E depois
completa: "Em outras palavras: tirar poder do Marcos". Marcos
Vasconcelos ficou no cargo até setembro de 2016.
Chalita
Os investigadores registram também uma conversa em que empresas com
negócios na Caixa e um político do PMDB são citados na mesma mensagem.
Em abril de 2012, Lúcio Funaro diz a Fábio Cleto: "Tem que ver essa
situação da Comport e Hypermarcas aí dentro pra andar rápido porque eles
dois tão contribuindo com o Chalita e querem a contrapartida". Em 2012,
Gabriel Chalita foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PMDB. A
investigação não conclui se Chalita recebeu alguma doação do esquema. O
ex-deputado Gabriel Chalita disse que não pediu, não recebeu e
“desconhece completamente” qualquer participação do grupo Hypermarcas e
do grupo Comport em sua campanha à prefeitura de São Paulo.
A Hypermarcas disse que não realizou doações para Gabriel Chalita, nem
nunca possuiu nenhum tipo de contrato com a Caixa. Por meio de sua
assessoria, o PMDB disse que ainda não se posicionou sobre a operação.
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