MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 3 de dezembro de 2016

Heresia e razão: Após 53 anos, Porsche macula arquitetura do 911 em nome da performance


Os enormes extratores inferiores ocupam o espaço onde o boxer seis cilindros era “pendurado”, mudança promete melhor desempenho
Os enormes extratores inferiores ocupam o espaço onde o boxer seis cilindros era “pendurado”, mudança promete melhor desempenho
Há pouco tempo, num bate-papo de final de expediente, meu antigo editor Boris Feldman e eu conversávamos sobre o Porsche 911. Ficamos tricotando minudências e filosofias de botequim a respeito do cupê alemão, e, num dado momento, o colega, reclinado na cadeira, coçou a cabeça e disparou: “Bom mesmo é o Cayman, com motor central. Aquele boxer dependurado na traseira no 911 é um perigo!”
Na hora eu pensei (só pensei): “Este cara está doido! Cayman melhor que 911? Desde quando? Que heresia!!!” Bom, mas alguém la na Alemanha também teve a mesma percepção e, pela primeira vez em 53 anos, a Porsche alterou a arquitetura do esportivo para a versão de competição RSR, que participará do Mundial de Endurance e das 24 Horas de Le Mans, no ano que vem.
Vendo as fotos não há nada demais com o cupê, mas ele passou por uma mudança drástica. O motor foi reposicionado para permitir melhor distribuição de peso e arrasto, para tornar o carro competitivo.
Em tese, o 911, desde sua origem, tem o motor seis cilindros boxer posicionado atrás do eixo traseiro. Ele está literalmente pendurado ali. E essa posição faz com que uma grande massa se concentre na traseira, fazendo com que ele se comporte com um contrapeso, acentuando a força centrífuga nas curvas. Ou seja, a traseira solta com muita facilidade.
Na mesma conversa, o editor me contou que seu 993 já tinha lhe pregado algumas peças que por pouco não acabaram mal. Com o deslocamento do propulsor para uma posição central (atrás do banco do piloto), justamente como o Cayman, a marca garante que há um ganho expressivo em comportamento dinâmico. Outra faceta da Porsche foi melhorar o coeficiente aerodinâmico do RSR ao instalar enormes extratores que otimizam o fluxo de ar por baixo do chassi.
A heresia em macular o projeto cinquentenário de Ferdinand “Butzi” Porsche busca fazer com que o carro seja mais ofensivo na pista e não emocionante.
Entre as mudanças, o carro teve seu conjunto de suspensão redesenhado e passa a contar com lâmpadas a laser, assim como no 919 Hybrid, que compete na categoria LMP1.
Outra “colher de chá” do RSR é que ele estreará um sistema de radar para alertar o piloto de riscos de colisão em situações de baixa luminosidade, semelhante aos recursos de monitoramento oferecidos em muitos modelos de rua, já que muitas provas de longa duração costumam avançar madrugada adentro, com direito a chuva e neblina.
O trem de força, mesmo deslocado, manteve a configuração que combina motor 4.0 de 502 cv e transmissão de seis velocidades. No entanto, a arquitetura é uma exclusividade do RSR, e o 911 continuará como dantes, pregando das suas nos distraídos!
 

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