MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sem retomar o desenvolvimento, não haverá saída para o governo e para o país


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Charge do Nani (nanihumor.com)
Pedro do Coutto
Se não existe almoço grátis, como dizem os economistas, não existe débito sem crédito na linguagem dos contabilistas. As duas afirmações são verdadeiras. Mas qual o reflexo da redução dos preços da Petrobrás quanto à gasolina e ao óleo diesel no cálculo da inflação pelo IBGE? Tem que ser algum.
Reportagem de Bruno Rosa, Daiane Costa, Juliana Garçon e Martha Beck, no Globo, e de Lucas Vettorazzo, Folha de São Paulo, edições deste sábado, focalizaram o tema e destacaram pontos para uma análise em consequência. Em um dos enfoques, o de Vettorazzo, a causa estaria no fato do temor da Petrobrás em perder mercado para as importadoras, cujos preços para as distribuidoras e os postos favoreceriam sua atuação no mercado.
Daí a necessidade de a estatal, que refina 2 milhões de barris por dia, incluindo toda a linha de produção, equiparar os preços para enfrentar a concorrência.
QUESTÃO COMPLEXA – Perfeito o raciocínio. Mas a questão, bastante complexa, não termina aí. Na realidade, começa neste ponto. O preço da gasolina cobrado das distribuidoras cai 3,2%. O preço do diesel recua 2,7%. Para os consumidores, todos nós, a redução média pode chegar a 1,4%. Mas isso depende dos postos.
Em quaisquer das condições, as diferenças, claro, ficam com as distribuidoras, abrangendo os postos, Como não existe crédito sem débito, a Petrobrás, no fundo, está subsidiando o setor da distribuição. Por qual motivo? Vamos deixar o ângulo econômico produtivo e focar no aspecto inflacionário aparente.
A operação elaborada vai produzir um reflexo no índice calculado pelo IBGE. Claro. Porque o IBGE, assim como a FGV, partem dos efeitos no consumo final, não dos efeitos na produção. Com o estratagema, o custo de vida vai baixar, com ele a inflação oficial. Abrirá dessa forma campo para a redução da taxa Selic, que rege os juros anuais para rolagem da dívida federal, hoje na escala aproximada de 3 trilhões de reais.
TAXA SELIC – Esses juros estão, como se sabe, no patamar de 14,25%. Produzem, portanto, uma despesa da ordem de 420 bilhões de reais a cada doze meses. É a maior despesa do Poder Executivo, também a maior do país, sem influência na produção econômica e sem produzir fator social algum. E sem maior consequência na arrecadação fiscal.
Falei em 14,25%, produzindo desembolso de 420 bilhões. Um corte de 0,5% equivale a uma diminuição anual concreta de 2,1 bilhões, apenas. Não muda muita coisa. Não há, assim, novidades no front.
Entretanto, o subsídio indireto da Petrobrás à comercialização vai influir para diminuir o índice inflacionário, os reajustes salariais, os aluguéis, entre outros setores.
REFLEXOS POSITIVOS – Politicamente, o governo Michel Temer espera alcançar reflexos positivos. Sem dúvida, eles poderão vir dos preços. Porém, somente se os custos dos transportes encontrarem os endereços dos supermercados.
Vamos ver e torcer para que a iniciativa da Petrobrás não se perca apenas na área da distribuição de combustíveis. E sim funcione como uma forte alavanca para o início de um processo efetivo de redistribuição de renda, sem o qual a retomada do desenvolvimento fracassará.
E sem a retomada do desenvolvimento, para fomentar o consumo e a arrecadação, não haverá saída, nem para o governo  nem para o país.
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