Por Folhapress
Na mesma ordem de prisão contra o
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o juiz federal Sérgio
Moro determinou o bloqueio de documentos dos veículos localizados em
poder do ex-deputado e sua família. O Ministério Público Federal havia
pedido a apreensão dos automóveis, mas o juiz disse que a medida de
bloqueio da transferência da propriedade seria suficiente por enquanto
para evitar dilapidação do patrimônio e que analisará a hipótese de
apreensão mais adiante.
Nesta mesma quarta-feira (19), o juiz determinou a inclusão dos
veículos no sistema de restrição judicial -o que impede uma venda. São
eles dois Porsche Cayenne, avaliados em R$ 310 mil e R$ 375 mil, um Ford
Fusion (R$ 143 mil), um Ford Edge (R$ 122 mil), um Tiguan (R$ 110 mil),
um Hyundai Tucson GLS (R$ 80 mil), um Freelander (R$ 100 mil) e um
Passat Variant Turbo (R$ 77 mil). Os carros estão registrados em nome de
empresas vinculadas a Eduardo Cunha, a Jesus Com Serviços Propaganda e
C3 Produções Artísticas e Jornalísticas. Um dos Cayenne está em nome da
mulher do político, Cláudia Cruz.
No trecho que pede a apreensão dos veículos, o Ministério Público
argumentou que há indícios de que os carros utilizados pela família de
Cunha foram na verdade adquiridos pelo corretor de valores Lucio Bolonha
Funaro, descrito pela força tarefa da Lava Jato como "operador de
propinas de Eduardo Cunha".
"A partir da quebra de sigilo bancário e fiscal de Claudia Cordeiro
Cruz e de Daniele Ditz Cunha foram identificados que diversos carros da
família foram adquiridos na concessionária Auto Miami de São Paulo,
razão pela qual o Ministério Público Federal requisitou à empresa as
informações sobre essas aquisições", informaram os procuradores do juiz
Moro.
Para a força tarefa da Lava Jato, "restou claro que os automóveis da
família do ex-deputado federal foram adquiridos com valores provenientes
de crimes cometidos por Eduardo Cunha, que eram acautelados por Lucio
Bolonha Funaro. Por sua vez, não há qualquer atividade lícita que
justifique a referida transferência, pois Eduardo Cunha e Lucio Funaro
nunca tiveram qualquer relação comercial lícita. Ambos, publicamente, já
declararam não possuir qualquer relação comercial", afirmaram os
procuradores.
Segundo o Ministério Público, com uma exceção, o Porsche de 2013
registro em nome de Cláudia Cruz, os recursos usados para compra dos
carros "tinham origem criminosa, pois se tratavam de propina paga por
empresários do ramo de transportes para obter vantagens de Eduardo Cunha
na Câmara dos Deputados".
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