A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) das
Nações Unidas alertou hoje (17) para a urgência de ajudar o setor
agrícola a adaptar-se às alterações climáticas, que poderão deixar mais
de 122 milhões de pessoas na pobreza. “A menos que sejam tomadas medidas
agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e
resiliente, os impactos das alterações climáticas vão comprometer
gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma
alta insegurança alimentar”, escreveu o diretor-geral da organização,
José Graziano da Silva, no prefácio de um relatório publicado hoje.
Intitulado O estado da Alimentação e da Agricultura, o relatório
sublinha que, se não houvesse alterações climáticas, a maioria das
regiões deveria reduzir o número de pessoas em risco de pobreza até
2050. No entanto, com as mudanças no clima e se nada for feito estima-se
que entre 35 e 122 milhões de pessoas entrem para a faixa de pobreza.
Isto deve-se sobretudo aos impactos negativos do aquecimento global no
setor agrícola. Os mais afetados seriam as populações nas zonas mais
pobres da África subsaariana e do Sul e Sudeste Asiático, especialmente
os que dependem da agricultura para viver. Graziano da Silva defende que
a fome, a pobreza e as alterações climáticas têm de ser abordadas em
conjunto, “por um imperativo moral, porque aqueles que hoje mais sofrem
são os que menos contribuíram para as alterações climáticas”. O
relatório da FAO recorda que para manter o aumento da temperatura global
abaixo do teto de 2°C, as emissões de gases de efeito estufa terão de
diminuir 70% até 2050, o que só será possível com o contribuição dos
setores agrícolas. Estes setores são responsáveis por, pelo menos, um
quinto de todas as emissões, principalmente devido ao desmatamento para
converter florestas em terra cultivada e também devido à pecuária e à
produção agrícola. No entanto, escrevem os autores, os setores agrícolas
enfrentam um duplo desafio: reduzir as emissões de gases de efeito
estufa ao mesmo tempo e aumentar a produção de alimentos para saciar uma
população crescente e cada vez mais rica.
Agência Brasil
POLÍTICA LIVRE
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