A presidente Dilma Rousseff fez uma última concessão ao PMDB e aceitou
indicações de deputados peemedebistas para os ministérios da Saúde e
Ciência e Tecnologia.
Na noite desta quinta (1º), véspera do anúncio da nova equipe, Dilma
acertou que o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) comandará a Saúde, e
Celso Pansera (PMDB-RJ), a Ciência e Tecnologia.
Ela já havia indicado ao PMDB que aceitava a indicação de Castro, mas
resistia a Pansera, ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Preferia um nome de "mais peso político" e com ligações com a
área.
Dilma pediu aos ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique
Eduardo Alves (Turismo) que assumissem a pasta, mas eles recusaram.
Acabou acertando as nomeações de Castro e Pansera em reunião com o
líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) --os futuros ministros
estavam presentes.
Benedita da Silva (PT) vai para a pasta que unirá as secretarias das
Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Dilma acertava ainda o
nome de Pepe Vargas (PT) ou Miguel Rossetto (PT) para o futuro
ministério resultado da fusão de Trabalho, Previdência e Desenvolvimento
Social.
Ela decidiu que as duas novas pastas terão vice-ministros responsáveis
pelas subdivisões. Os chamados "superministros" seriam mais figurativos,
enquanto os vices teriam maior poder decisório.
Seria uma forma de contemplar petistas que perderão espaço na nova equipe.
A nova configuração da Esplanada, que amplia o espaço do PMDB de seis
para sete ministérios, será apresentada nesta sexta (2) por Dilma.
A expectativa da presidente é que a reforma, feita sob inspiração do
ex-presidente Lula, garanta os votos necessários para barrar a abertura
de um processo de impeachment e remonte sua base para aprovar o ajuste
fiscal.
As duas principais novidades da reforma são a troca de Aloizio
Mercadante na Casa Civil por Jaques Wagner (Defesa) e a demissão do
petista Arthur Chioro (Saúde) para abrir espaço para um deputado
peemedebista. Duas mudanças sugeridas pelo ex-presidente Lula, que nesta
quinta reuniu-se com Dilma.
Cinco outros peemedebistas já estavam definidos no ministério: Eduardo
Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha
(Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos) e Henrique Eduardo Alves
(Turismo).
Lula sai fortalecido, com três nomes de sua confiança no Planalto:
Jaques Wagner, Ricardo Berzoini, que assumirá a Secretaria de Governo, e
Edinho Silva (Comunicação Social). O ex-presidente gostaria ainda que
Dilma trocasse Joaquim Levy por Henrique Meirelles na Fazenda.
Interlocutores de Lula disseram à Folha que ele espera essa mudança
mais à frente. Dilma resiste por não ter bom relacionamento com o
ex-presidente do Banco Central.
Na reforma que será anunciada, pelo menos nove dos 39 ministérios serão extintos. A meta inicial era eliminar dez.
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