MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Telexfree: após um ano, divulgadores ainda aguardam ressarcimento no AC


Justiça do Acre optou por não se pronunciar mais sobre o caso.
Processo segue em segredo de Justiça.

Caio Fulgêncio e Tácita Muniz Do G1 AC

Divulgadores em frente ao MP durante manifestação do dia 26 de junho  (Foto: Tácita Muniz/G1)Divulgadores em frente ao MP durante manifestação do dia 26 de junho (Foto: Tácita Muniz/G1)
Um ano após o bloqueio da Telexfree, empresa investigada por suspeita de funcionar como esquema de pirâmide financeira, os divulgadores acreanos ainda aguardam uma resposta da Justiça quanto ao ressarcimento dos bens investidos. Somente no Acre, em torno de 70 mil pessoas participaram do negócio, conhecido como marketing multinível. No entanto, tanto a juíza Thaís Borges, responsável pelo processo, quanto o Ministério Público do estado, responsável pela ação civil pública contra a empresa, decidiram não se pronunciar sobre o caso. O Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) informou ao G1 que Thaís Borges, por ser parte do processo, não pode falar sobre o andamento do caso.
Os divulgadores questionam a celeridade da Justiça em resolver o problema. Lauro Cavalcante, de 28 anos, conta que investiu R$ 30 mil e conseguiu reaver somente R$ 12 mil. Para ele, a empresa no Brasil, conhecida como Telexfree, mas com o nome real de Ympactus Comercial Ltda. ME, já tentou fazer de tudo para realizar o ressarcimento dos divulgadores, inclusive, a tentativa da realização de um mutirão de devolução. "Eu acho que a Ympactus já fez o possível para devolver o dinheiro. A gente fica indignado com a própria Justiça. Estou me sentindo lesado e não pela empresa, mas pela Justiça", desabafa.
Lauro Cavalcante disse que está se sentindo lesado pela Justiça do Acre  (Foto: Tácita Muniz/G1)Lauro Cavalcante disse que está se sentindo lesado
pela Justiça do Acre (Foto: Tácita Muniz/G1)
Cavalcante aponta como uma das principais dificuldades enfrentadas por todos os divulgadores a falta de informação. Ele diz que o único canal de informações eram os vídeos postados pelo diretor da empresa, Carlos Costa, no YouTube. No entanto, o último pronunciamento foi feito há mais de 20 dias. "A última informação que nós temos não é coisa atual, já deve estar com 20 ou 30 dias", acrescenta.
Situação semelhante vive a servidora pública Nudielem Lima, de 29 anos, que investiu em torno de R$ 20 mil. Para não ficar com prejuízo, ela precisa recuperar R$ 6 mil. "Os cinco primeiros investimentos, eu consegui tirar tudo, porque com três meses e meio você já conseguia recuperar o dinheiro", explica.
Sobre a demora e a falta de informação sobre o processo, ela acredita que pode ter algo político por trás da ação. "A gente acha que tem dedo do governo, só pode. Ninguém sabe qual é o mistério, pois a Justiça está muito lenta, mesmo sabendo que muita gente vendeu casa, carro e fez empréstimo e todas essas pessoas estão no prejuízo. A Justiça tem que pagar esse dinheiro, porque está na conta dela há muito tempo, a gente sabe", desabafa Nudielem.
Nudielem e Lauro participaram das manifestações realizadas em junho  (Foto: Tácita Muniz/G1)Nudielem e Lauro participaram das manifestações realizadas em junho (Foto: Tácita Muniz/G1)
A única solução é esperar. É o que tem feito o divulgador Jorge Cavalcante, de 53 anos, que investiu mais de R$ 20 mil e não conseguiu reaver absolutamente nada. Ele lembra que quando investiu e chegou na época de retirar o dinheiro, não conseguiu realizar o saque. "A gente está aguardando o pronunciamento da juíza, mas no momento, eu acredito que vão empurrar com a barriga até o pessoal esquecer. Eu vou aguardar a decisão da Justiça para ver como me manifestar", afirma.
Carlos Costa, diretor da Telexfree, em visita ao Acre, no final do ano passado, disse que a empresa sempre foi uma oportunidade de lucro para os brasileiros, que nunca foram assistidos. Por meio dela, as pessoas puderam conhecer o que era de fato distribuição de renda. Em um pronunciamento na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Costa se declarou como um enviado de Deus. "Estou aqui de passagem e Deus me usou para fazer o que eu fiz e isso ninguém vai tirar", falou.
Retrospectiva Telexfree
18 de junho de 2013 - A 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, através da juíza Thaís Borges, julgou procedente uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Acre, e suspendeu os pagamentos e a adesão de novos contratos à empresa de marketing multinível Telexfree até o julgamento final da ação principal. A empresa era investigada sob a suspeita de funcionar com esquema de pirâmide financeira.
24 de junho de 2013 - O desembargador do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) Samoel Evangelista decidiu indeferir o pedido de revisão da sentença dos advogados da Telexfree e manteve a liminar que proíbe os pagamentos e novas adesões à empresa. A medida mantém o bloqueio às contas dos sócios administradores e é válida para todo o território nacional.
Divulgadoresdurante manifestação do dia 25 de junho, onde pediam a liberação da Telexfree  (Foto: Tácita Muniz/G1)Divulgadores durante manifestação do dia 25 de junho, onde pediam a liberação da Telexfree (Foto: Tácita Muniz/G1)
25 de junho de 2013   - A primeira manifestação dos divulgadores contra a decisão fechou uma das pontes principais do Centro de Rio Branco. Um grupo de aproximadamente 60 pessoas fechou o cruzamento entre as ruas Floriano Peixoto e Benjamim Constant. Pouco mais de uma hora depois de obstruírem o tráfego de veículos nas vias, o grupo bloqueou a passagem na ponte Juscelino Kubitschek, que dá acesso ao Segundo Distrito da capital acreana. Todos eram divulgadores da Telexfree, empresa que teve suas atividades suspensas pela Justiça acreana.
 26  de junho de 2013   - A segunda manifestação de divulgadores ganhou força e os manifestantes fecharam a rua em frente ao Ministério Público do Acre (MP-AC). A ação tumultuou o trânsito e cartazes exigindo a volta da empresa foram espalhados pelos divulgadores.
 12 de agosto de 2013  - Justiça acreana nega mais um recurso e Telexfree continuou suspensa. Durante julgamento, a Justiça decidiu manter a liminar que suspende as atividades da empresa. A decisão foi tomada pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).
Juíza Thais Borges julgou procedente a medida cautelar contra a Telexfree (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Juíza Thais Borges, responsável pelo caso foi
ameaçada de morte várias vezes
(Foto: Veriana Ribeiro/G1)
12  de setembro de 2013 -  Juíza do caso Telexfree volta a ser ameaçada de morte no Acre. Thaís Queiroz Borges informou ter recebido ameaças de morte pela segunda vez. De acordo com ela, as ameaças eram feitas por telefone, e-mail e redes sociais. O caso foi acompanhado pela Polícia Civil do Acre.
3 de outubro de 2013 - O Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) enviou processos referentes à Telexfree para serem analisados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal  (STF). A decisão foi tomada pela vice-presidente do TJ, a desembargadora Cezarinete Angelim.
18 de outubro de 2013 - Justiça do Acre libera parte do dinheiro para Telexfree sanar dívidas. A juíza Thaís Borges, da 2ª Vara da Comarca de Rio Branco, autorizou a liberação de parte do dinheiro da empresa Telexfree, para que sejam pagas parcelas da construção de um hotel no Rio de Janeiro de posse da empresa. A quantia liberada não foi revelada.
14 de novembro de 2013 - Terminou sem acordo a audiência de conciliação entre o Ministério Público do Acre (MP-AC) e a direção da Telexfree, na 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco. O  Ministério Público propôs à Telexfree  um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), por meio do qual a empresa apresentaria um novo modelo de negócio, com a venda direta de Voip e com bonificação de revendedores que indicarem novos consumidores, além de devolver imediatamente o dinheiro dos divulgadores que aderiram ao negócio por último e não receberam nada.O pagamento seria feito com o dinheiro que estava bloqueado, porém a proposta foi recusada pela empresa.
5 de dezembro de 2013 - Desembargadora reteve dinheiro da Telexfree para pagamento de dívidas. A desembargadora Eva Evangelista decidiu a favor do Agravo de Instrumento interposto pela Promotoria de Justiça da Defesa do Consumidor do Ministério Público do Acre (MP-AC). A decisão resultou na retenção do dinheiro da Telexfree para o pagamento relacionado a dívidas de um hotel no Rio de Janeiro.
Acre Carlos Costa Telexfree (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Em pronunciamento, Carlos Costa diz ter sido
usado por Deus (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
14 de abril de 2014 - Telexfree internacional pede concordata nos Estados Unidos. A sede da Telexfree nos EUA anunciou que entrou com um pedido de concordata no Tribunal de Falências do Distrito de Nevada, nos EUA. A companhia informou que protocolou pedido voluntário de proteção ao Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos - o equivalente a uma recuperação judicial -  com o objetivo de reestruturar seus negócios, visando construir "uma base financeira sólida, com perspectivas de longo prazo".
15 de abril de 2014 - Um relatório da Secretaria de Estado de Massachusetts (EUA) afirmou que a Telexfree é uma pirâmide financeira que arrecadou cerca de US$ 1,2 bilhão em todo o mundo. No documento, as autoridades pediram o fim das atividades da empresa, a devolução dos lucros e o ressarcimento das perdas causadas aos investidores, chamados de divulgadores.
22 de abril de 2014 - A juíza Thaís Borges informou que o julgamento da Telexfree pela Justiça do Acre não sofreria nenhuma consequência por causa do pedido de recuperação judicial apresentado pela empresa nos Estados Unidos.
9 de maio de 2014 - Justiça dos Estados Unidos acusou criminalmente os responsáveis pela Telexfree, apontados pelas autoridades norte-americanas de promoverem um esquema de pirâmide financeira, por fraude federal.
20 de maio de 2014 - O brasileiro Carlos Wanzeler, um dos fundadores da Telexfree que é acusado de fraude e procurado pela Justiça dos Estados Unidos, esteve no Espírito Santo, onde possui residência.
TelexFREE Acre (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Divulgadores durante protestos que marcaram o processo da Telexfree (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
23 de maio de 2014 - A brasileira Katia Wanzeler, mulher do dono da Telexfree, foi libertada por um juiz federal da cidade de Worcester, no estado de Massachusetts. As informações foram publicadas pelo jornal "Boston Globe". Ela tinha sido presa no dia 14 de maio, ao tentar embarcar para o Brasil no Aeroporto Internacional JFK, em Nova York.
30 de maio de 2014 - A Justiça norte-americana aceitou o pedido de recuperação judicial da Telexfree, acusada pelas autoridades norte-americanas de promover um esquema de pirâmide financeira.

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