Resíduos de pedras semipreciosas viram revestimento de parede

Fábrica usa pedras descartadas por mineradoras e marmorarias.
Produto é vendido para nove estados; preço do m² varia de R$ 8 a R$ 100.

Do PEGN TV

Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, uma fábrica de revestimento participou de um programa de inovação e investiu em sustentabilidade. A empresa se destaca no mercado com a fabricação de texturas, que são feitas com resíduos de pedras semipreciosas.
O engenheiro civil Éder Mendes descobriu uma “mina de ouro” nas pedras descartadas por mineradoras e marmorarias. Ele abriu a empresa em 2009.
“A idéia surgiu inicialmente em utilizar fragmentos de rochas ornamentais como granito, mármore, basalto, arenito e, na busca por opções de mais cores, principalmente o verde e o azul, me levou a outros caminhos. Me levou ao caminho das pedras”, conta o empresário.
As pedras vêm de Minas Gerais, da Amazônia e da região de Bonito, em Mato Grosso do Sul. Rochas ornamentais e até semipreciosas são usadas para criar as texturas de alto valor agregado. Um produto sofisticado e sustentável.
Na fábrica em Campo Grande, as pedras são trituradas, peneiradas e misturadas a uma espécie de xarope, que deixa a textura impermeável e aumenta a durabilidade do produto. A empresa produz 200 toneladas de revestimentos por mês.
A textura pode ser aplicada na parede com uma espátula. Em superfícies metálicas é preciso passar verniz e depois projetar o pó de pedra com uma pistola para pintura.
Para expandir o negócio, em 2012, o empresário Éder Mendes se inscreveu no programa Agentes Locais de Inovação (ALI). A iniciativa tem apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A empresa passou a receber visitas gratuitas de profissionais especializados em fazer o diagnóstico do negócio. Os agentes identificaram as oportunidades de inovar os produtos. Eles observaram os processos de produção e a organização da empresa.
“Os agentes acompanham [a empresa] por até dois anos, olhando, tendo uma visão de 360 graus”, explica Cristiane Nunes, do Sebrae de Campo Grande.
O programa ALI ajudou o empresário na inovação, na produção e na gestão do negócio. A rede de contatos foi ampliada e a empresa se tornou mais competitiva. Com a participação no programa, o faturamento cresceu de 20% a 30% e hoje é de R$ 450 mil mensais.
Os revestimentos já são vendidos para nove estados. O preço do metro quadrado no atacado varia de R$ 8 a R$ 100. Existem mais de 100 tipos de texturas feitas com pedras.
Um hotel de Campo Grande utilizou a textura à base de pedras na reforma do espaço. A fachada, as colunas e paredes do local foram revestidas com fragmentos de granito.
“Esse tipo de revestimento é uma coisa inovadora, bonita, [tem] grande durabilidade, fácil de limpeza. Se lavar, lavou, ela está nova, novamente. Fica sempre muito bonita no hotel. Dá uma aparência totalmente diferente. Atrai muitos clientes”, diz Edison Martins, gerente do hotel.
Pó de unha
O empresário Éder Mendes criou outro produto inovador com as sobras da fabricação do revestimento. O desperdício de material na fábrica é zero. O que não é triturado direito volta para a máquina e o pó mais fino vai se transformar em outro produto inventado pelo próprio empresário. A sobra da sobra vai ser usada na texturização de unhas.
O produto já está no mercado e faz sucesso entre as mulheres. As embalagens custam de R$ 15 e R$ 45 e a aplicação é fácil. Os fragmentos de pedras preciosas são fixados nos esmaltes, que ficam com cores diferentes e enfeitam as unhas.
“Você vai ter uma unha sofisticada, você vai ter uma pedra semipreciosa nas unhas, né? Que é uma sofisticação e um luxo”, diz a representante comercial Paula Corrêa.
O empresário recebeu apoio do Sebrae para apresentar as novas texturas em uma conferência de inovação tecnológica. O trabalho rendeu a ele uma bolsa de pesquisa para melhorar o grau de sustentabilidade nos revestimentos.
“Foi o único caso de pequena empresa que esteve nessa grande conferência, o resto era só multinacionais. Então ele teve um grande destaque, inclusive por eles estarem conhecendo um pequeno empresário que trabalha com inovação e sustentabilidade, tão engajado, em uma pequena empresa”, diz Cristiane Nunes.
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