André Lucas Melo foi escolhido entre estudantes de todo o mundo.
Autodidata em inglês, rapaz quer se dedicar à educação.
André Lucas durante jantar de gala da entrega do Wise Awards (Foto: André Lucas/ Arquivo pessoal)
O estudante do 4º período de direito na Universidade Federal do Acre
(Ufac), André Lucas Melo, de 19 anos, se vê como um jovem normal. Seu
desejo de contribuir por um mundo melhor, no entanto, fez com que ele se
tornasse o primeiro brasileiro a integrar o Wise Learners, grupo
juvenil do World Innovation Summit for Education (Wise), um dos maiores
eventos internacionais na área de educação.Realizado desde 2009 pela Fundação Qatar, o Wise é uma conferência que anualmente reúne líderes de estado e profissionais ligados ao setor de Educação. Paralelo ao evento, ocorre o Wise Learners, um programa voltado para estudantes.
Sessão
plenária que contou com a participação da rainha do Catar, Sheikha
Mozah Nasser, o ex-primeiro ministro britânico Gordon Brown, a
diretora-geral da Unesco Irina Bokova e o diretor-executivo da Unicef,
Anthony Lake. (Foto: André Lucas/ Arquivo pessoal)
"Todos os anos eles convidam 30 estudantes ao redor do mundo pra
participar de um programa com um ano de duração. Durante este período
esses estudantes passam por um processo de treinamento em gestão de
projetos e outras temáticas relacionadas à educação, para trabalhar com
educação. Esses jovens são divididos em pequenos grupos e cada grupo tem
que produzir um projeto que utilize medidas inovadoras para a educação
que vai ser apresentado na Conferência Wise no ano seguinte", explica
Melo.E ser escolhido não é fácil, o estudante conta que teve de passar por uma rigorosa seleção que incluiu análises de perfil para liderança, envio de artigos em inglês sobre educação e entrevistas por Skype.
Ativismo
Essa não foi a primeira experiência do jovem. Orgulhoso, ele apresenta um currículo de fazer inveja a muitos ativistas. Ele já participou do Parlamento Jovem Brasileiro, do Parlamento Juvenil do Mercosul, o 6º World Youth Congress, Youth Blast durante a Rio+20, International Student Week, em Ilmenau, e Global Entrepreneurship Summer School, em Munique, da VII Jornada Espacial, além de ser voluntário da Organização britânica React & Change.
André Lucas durante uma breve participação na edição
especial do Jornal Aljazeera, no Catar
(Foto: André Lucas/ Arquivo pessoal)
André Lucas conta que sempre gostou de temas relacionados à educação.
"Sempre fui muito curioso, sempre gostei de estudar, sempre gostei de
aprender coisas e a partir das experiências pessoais que tive e de
outros projetos que participei gostei muito da causa social e percebi
como a educação me afetava. E vi mecanismos que me fizessem unir as duas
coisas", diz.especial do Jornal Aljazeera, no Catar
(Foto: André Lucas/ Arquivo pessoal)
Um detalhe que chama a atenção na história do rapaz é a forma como ele sozinho aprendeu inglês. "É uma história engraçada, aprendi inglês sozinho. Sempre gostei muito de filmes e séries. Tinha uma gramática de inglês em casa e comecei a estudar sozinho para participar do programa Jovens Embaixadores. Com o passar do tempo recebi o prêmio Estudar Ciência e tive a oportunidade de concluir e foi a melhor coisa que fiz na vida", ressalta.
O estudante acreano conta que durante as viagens que já fez pôde perceber que apesar das diferenças culturais, são as semelhanças entre os jovens de diferentes partes do mundo que são curiosas.
"As diferenças todo mundo sabe, agora o que torna cada um dos jovens ao redor do mundo parecidos de alguma maneira é o que você percebe. A Conferência da Wise foi no Oriente Médio num país muçulmano, conheci uma jovem de 21 anos que era casada, o marido dela tinha outras três esposas, ela usava burca e mesmo assim ela era tão parecida comigo. A essência é muito parecida", enfatiza.
Futuro
O jovem diz que ainda não possui um plano definido para o futuro, mas sabe que trabalhar com educação é uma certeza.
"Não tenho uma ideia traçada, mas quero contribuir para o mundo de alguma forma. É meio sonhador e romântico falar isso, mas pelas experiências que tive, acho que é isso, depois que me formar em Direito quero trabalhar com políticas públicas para Educação e trabalhar em nível maior", planeja.
Ele ainda aproveita para aconselhar outros jovens que queiram seguir seu exemplo e se aventurar no mundo do ativismo social.
"Eu achava que nunca seria selecionado, não me julgava capaz. Ainda hoje penso que é muita responsabilidade para mim, mas a dica que tenho para dar é acreditar em si mesmo que tudo começa com um primeiro passo. Nada bate na porta da gente, nada nunca bateu na minha porta, nunca foi algo fácil, então é preciso correr atrás, se informar, pesquisar. Não só na minha área, que é educação, todos temos interesses diferentes, mas as oportunidades estão lá, é só ir atrás", reflete.
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