MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Prefeitura viva gasta R$ 250 mil em caixões de defunto

Biaggio Talento
A TARDE
  • Editoria de Arte | A TARDE
    Prefeitura reserva certa atenção para os futuros mortos
Um pregão inusitado, ocorrido em maio e só divulgado nesta terça-feira, 5, mostra que a prefeitura de Xique-Xique, município situado a 591 quilômetros da capital baiana, não está preocupada só com os munícipes vivos - reserva certa atenção para os futuros mortos.
A empresa Calvert de Lima Barros foi a vencedora da disputa comercial que lhe rendeu R$ 250.700 (duzentos e cinquenta mil e 700 reais) para prestar serviços funerários à prefeitura, incluindo o caixão, flores, velas e outros acessórios necessários ao verbo "defuntar", como definiu certa vez a morte o escritor português José Saramago.
O resumo da negociação foi publicado no Diário Oficial do Município de Xique-Xique do dia 2 de maio de 2013, página 4. Pode-se dizer que Xique-Xique trata a questão da morte com certa espiritualidade: lá existe uma funerária que oferece aos seus clientes caixões pintados com as cores e escudos de times de futebol, para que o torcedor leve sua paixão clubística para o além.
Porém ainda não chegou ao município baiano, que fica situado no Médio São Francisco, nas margens do rio, a "moda" implantada pelo Boca Juniors da Argentina, que construiu um cemitério exclusivo para seus fanáticos torcedores.
Explicação para o contrato seria enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura, mas isso não ocorreu até o fechamento da matéria porque a burocracia parece ter predominância sobre qualquer coisa em Xique-Xique.
A resposta, conforme a assessoria, seria dada apenas se fosse enviado um e-mail com pedido formal e com timbre do A TARDE. Dez foram enviados e a resposta não veio.

O Ceará tem disso, mas povo protesta

No município cearense de Iracema, gastos da prefeitura de R$ 447 mil pelo fornecimento de 100 caixões e serviços funerários, em setembro deste ano, deixaram a população e os vereadores da oposição indignados. Como poucas pessoas morrem por ano lá, os vivos consideraram exageradas as despesas.
Em tom de gozação, os moradores passaram a se referir ao episódio como “apocalipse zumbi”. Mas o grande caso que relaciona uma prefeitura com o mundo dos mortos ocorreu na fictícia cidade de Sucupira, na obra O Bem-Amado, do escritor baiano Dias Gomes.
Nela, o prefeito Odorico Paraguaçu tenta inaugurar a grande realização do seu governo, o novo cemitério da cidade. O político só depende de um defunto qualquer  para cortar a fita e entregar  o campo-santo à população. O “problema” é que ninguém morre na cidade.

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