MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 17 de novembro de 2013

- Planalto adota a estratégia do silêncio

Governo considera o escândalo página virada e decide não se pronunciar sobre as prisões. A 11 meses das eleições, ideia é evitar o tema e contornar desgastes
PAULO DE TARSO LYRA
Correio Braziliense - 
A presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT decidiram que não vão mais se pronunciar sobre a prisão dos réus do mensalão. No caso do partido, o tom da manifestação política foi dado na nota emitida pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, na tarde de sexta-feira, defendendo os militantes e reafirmando que não houve compra de votos tampouco desvio de recursos públicos. Já no governo, o silêncio é uma opção clara de não prolongar um assunto que o Planalto considera encerrado. A estratégia também é adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou participação em evento do PCdoB na sexta-feira. Entretanto, ele teria ligado para José Dirceu e José Genoino para prestar solidariedade: "Estamos juntos", teria dito.
No governo, a avaliação é de que a prisão dos réus encerra um ciclo político. Os condenados, sobretudo os petistas, foram julgados, houve os recursos, estes foram analisados, sobreveio a condenação e, por fim, a execução do mandato de prisão, embora falte apreciar os embargos infringentes de parte dos réus. "Não é algo que prossiga. É algo que se encerra com os fatos da última sexta", disse um interlocutor do governo.
Em relação a Dilma, a avaliação é de que, diante da inevitabilidade das prisões, melhor foi elas terem acontecido ainda em 2013, um ano antes das eleições presidenciais. Apesar de algumas sinalizações tímidas de apoio, a presidente sempre fez questão de manter um certo distanciamento do caso. Antes mesmo de o julgamento ser iniciado, em agosto de 2012, ela reuniu os ministros mais próximos para definir que o Executivo federal se pronunciaria o mínimo possível sobre o tema. E justificou, na época, a decisão: "Nós somos o Planalto pós-mensalão".
A analogia, na visão de aliados, fazia sentido. A própria Dilma só se tornara presidente porque fora alçada à condição de chefe da Casa Civil com a queda de José Dirceu. No governo, os petistas réus da Ação Penal 470 tinham pouca ou nenhuma influência, o que tornava desnecessária qualquer manifestação explícita de desagravo. Esse papel deveria ser exercido pelo partido, não pelo Planalto.
Para o secretário de Comunicação do PT, Paulo Frateschi, existe um sentimento de perplexidade perpassando pelo partido, especialmente pela forma como as prisões foram conduzidas, misturando réus que já tiveram o trânsito em julgado com outros que ainda têm recursos a serem analisados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Além disso, vão perceber que pega muito mal tomar uma decisão dessa envergadura em pleno feriado de Proclamação da República", criticou Frateschi.

"Revisão histórica"O dirigente petista reconhece, contudo, que a decisão do presidente Joaquim Barbosa de decretar a imediata execução das penas encerra o debate do mensalão, tanto do ponto de vista político quanto do jurídico. "Daqui para a frente, deixaremos o debate para a história", ponderou. Frateschi afirma que essa "revisão histórica" poderá acontecer até mais cedo, motivada, especialmente, pela fuga do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para a Itália.
O secretário de Comunicação do PT afirmou ainda que, caso Pizzolato realmente opte por pedir um novo julgamento na Itália, viria à tona o caráter político da ação penal analisada pelo STF. "O assunto deixa de estar pautado apenas pela mídia nacional, que é oposição a nós, e se tornaria assunto da mídia internacional", completou. Um dos petistas mais próximos de Lula, o deputado federal Devanir Ribeiro (SP) afirmou que é a imprensa a responsável pela manutenção do assunto do mensalão em pauta. "Se a mídia decidir abandonar o assunto, ele será esquecido", apostou.
Devanir não acha que o mensalão será tema da campanha de 2014, embora reconheça que o PT não tem controle sobre esse tema. "Estamos nas mãos do STF. Os ministros do Supremo decidem quando abordam os assuntos, quando adiam os debates, quando analisam os recursos, quando decretam as prisões", disse.

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