Filme maranhense tem assinatura do cineasta Frederico Machado.
Trabalho foi selecionado por mais de dez festivais internacionais.
‘O Exercício do Caos’ conta a história de um pai, chamado Biné, que trabalha com as três filhas em uma fazenda quase abandonada no interior do Maranhão. A mãe das meninas morreu, mas o espírito dela ainda ronda pela casa. Em torno dessa família há um capataz muito exigente e que cobra por mais trabalho do pai e das três filhas na fazenda.
O drama da família é permeado pelo capataz, eixo de ligação entre os trabalhadores e o dono da fazenda. O filme de suspense trata sobre dos conflitos pessoais, relações interpessoais e de domínio. Um drama social que, segundo o diretor do longa, Frederico Machado, abre para público diferentes interpretações da obra. “É um filme bem aberto, onde o público tem um poder muito grande de saber aonde vai a história. É um filme de suspense existencial, que muita referência com o cinema europeu. A gente acredita muito no que está fazendo e muito na percepção do público desse tipo de cinema”, disse.
A gravação do filme durou dez dias e foi executada em um povoado da Zona Rural de São Luís. O trabalho de pós-produção durou cerca de quatro meses. “Foi um processo longo de procuras de cenários. A gente pensou logo em filmar no interior até para aproveitar a logística local. Até porque sairia mais barato para produção. É um filme pequeno, mas passamos uns meses procurando essa locação foi quando encontramos a Comunidade do Andiroba e da Vila Coquí.”, explicou Hilter Frazão, produtor.
A obra foi baseada na atmosfera e clima da história do leste da Europa. Os versos do poeta maranhense, Nauro Machado, passeiam pela história do filme. “O filme foi baseado na ópera que conta a história de um anjo que vem pra tentar manipular um personagem que todos pensam que é um anjo do mal. E na realidade ele se revela um anjo de bem no decorrer da historia. Tentamos adaptar a ópera russa para o sertão brasileiro, para essa realidade maranhense, misturando com a ideia de fantasmas na região. Baseado também na poesia do Nauro Machado, que é meu pai, e que talvez seja o poeta brasileiro vivo mais importante que eu considero, pelo menos.”
Atores
Isabela é bailarina e nunca tinha trabalhado como atriz. No filme, ela é a filha mais nova do Biné, que consegue ver o espírito da mãe rodando a casa onde vive a família. Do balé para as telas do cinema. Um desafio para Isabela. “O balé e o cinema têm mundos em comum, mas são coisas totalmente diferente. O público é diferente, então, no início, foi bem difícil. Mas no momento em que eu estava gravando eu realmente vivi o personagem”, disse Isabela Sousa.
A personagem da atriz Elza Ramalho no filme é Das Dores, que morreu e deixou as três filhas dela com o marido, mas o espírito ainda está presente na casa. “O filme é atemporal, mas com os temas muito atuais, que tem um incesto. A violência contra a mulher, a opressão, o trabalho escravo”, falou Elza.
Apesar do jeito brincalhão do Di Ramalho, o personagem dele no filme é sério e rigoroso: o capataz que cobra ainda mais trabalho do seu Biné e das três filhas dele. Para o ator, foi um desafio encarar o papel, pois a experiência que tem é na comédia e no filme retrata um drama social.
“Acredito que esse personagem tem alguma coisa de mim, sim. Afinal, todo mundo tem o seu lado de capataz. Isso aí é notório, porque a gente sempre exige alguma coisa de alguém. O filme tem esse formato de mexer com a família, com as relações interpessoais fazenod com que a gente reflita. Ele é um filme bastante reflexivo.”
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