Mais de 200 famílias foram despejadas do Ramal do Cacau, em Rio Branco.
Superintendente do Incra acredita que situação será resolvida.
Margarido Silva, de 41 anos, é um dos que estão abrigados na sede do Incra em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Os produtores que foram despejados do Ramal do Cacau
estão na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), em Rio Branco, há oito dias. São 218 famílias no local desde a
terça-feira (12). Uma delas é a do produtor Margarido Silva, de 41 anos,
casado com Neuza Pereira, de 48 anos, e pai de cinco crianças.Com os poucos pertences espalhados por uma das calçadas do Incra, Margarido conta que a família tem que dormir ao relento expostos a chuva. Os sete estão dividindo um colchão de casal e, segundo a esposa Neuza Pereira, a dificuldade também tem sido a alimentação, porque ninguém tem dinheiro para comprar o básico.
"O despejo aconteceu sem ninguém esperar. Tiraram o povo de dentro do local e levaram para debaixo de uma ponte, porque não tinha onde ir. Hoje, nós estamos aqui nessa situação esperando uma solução. O maior prazer que um ser humano tem é ele estar em um lugar tranquilo, sem perturbação de ninguém e as crianças ter onde brincar", fala o produtor.
Ainda de acordo com Silva, a única coisa desejada pelas famílias é a área de terra que pertence a União. "Nós estamos na área da União. Ninguém quer um palmo de terra do fazendeiro, a gente quer só o que é nosso. A gente pode ser pobre, mas jamais ia entrar em uma área particular, documentada, que o 'cara' paga os impostos", fala Silva.
Vanilde Araújo tem quatro filhos e sua esposa, Maria
Margarida, espera mais um
(Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Situação semelhante vive o produtor Vanilde de Araújo, de 31 anos, e
sua esposa Maria Margarida Silva, de 40 anos. Os dois têm 4 filhos e
esperam o quinto, uma das maiores famílias do local.Margarida, espera mais um
(Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Uma das coisas que mais preocupam Araújo é a interrupção das aulas das crianças. "No Ramal do Cacau nossos filhos estavam estudando. Nós batalhamos muito por uma escola. Já estávamos com um ano e meio lá dentro e despejaram todos lá de dentro, queimaram a escola", afirma.
Emocionada, Maria Margarida também comenta sobre os problemas enfrentados. "Meus filhos estão sofrendo, estou grávida. Meus filhos estão sem estudar, eles queimaram a escola, aí a gente improvisou uma escolinha aqui. Meu marido lutou tanto para serrar madeira e derrubaram a nossa casa, queimaram as galinhas", diz.
O superintendente do Incra no Acre, Idésio Luis Franke, diz que o órgão está fazendo a parte que lhe cabe nas negociações. "As negociações estão se encaminhando, óbvio que há um tempo para que isso ocorra. O Incra está fazendo a sua parte e eu tenho certeza que nós vamos chegar a um bom termo nessa negociação".
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