MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Famílias completam 8 dias acampadas na sede do Incra no AC


Mais de 200 famílias foram despejadas do Ramal do Cacau, em Rio Branco.
Superintendente do Incra acredita que situação será resolvida.

Caio Fulgêncio Do G1 AC

Acre Famílias Incra (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Margarido Silva, de 41 anos, é um dos que estão abrigados na sede do Incra em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Os produtores que foram despejados do Ramal do Cacau  estão na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Rio Branco, há oito dias. São 218 famílias no local desde a terça-feira (12). Uma delas é a do produtor Margarido Silva, de 41 anos, casado com Neuza Pereira, de 48 anos, e pai de cinco crianças.
Com os poucos pertences espalhados por uma das calçadas do Incra, Margarido conta que a família tem que dormir ao relento expostos a chuva. Os sete estão dividindo um colchão de casal e, segundo a esposa Neuza Pereira, a dificuldade também tem sido a alimentação, porque ninguém tem dinheiro para comprar o básico.
"O despejo aconteceu sem ninguém esperar. Tiraram o povo de dentro do local e levaram para debaixo de uma ponte, porque não tinha onde ir. Hoje, nós estamos aqui nessa situação esperando uma solução. O maior prazer que um ser humano tem é ele estar em um lugar tranquilo, sem perturbação de ninguém e as crianças ter onde brincar", fala o produtor.
Ainda de acordo com Silva, a única coisa desejada pelas famílias é a área de terra que pertence a União. "Nós estamos na área da União. Ninguém quer um palmo de terra do fazendeiro, a gente quer só o que é nosso. A gente pode ser pobre, mas jamais ia entrar em uma área particular, documentada, que o 'cara' paga os impostos", fala Silva.
Acre Famílias Incra (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Vanilde Araújo tem quatro filhos e sua esposa, Maria
Margarida, espera mais um
(Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Situação semelhante vive o produtor Vanilde de Araújo, de 31 anos, e sua esposa Maria Margarida Silva, de 40 anos. Os dois têm 4 filhos e esperam o quinto, uma das maiores famílias do local.
Uma das coisas que mais preocupam Araújo é a interrupção das aulas das crianças. "No Ramal do Cacau nossos filhos estavam estudando. Nós batalhamos muito por uma escola. Já estávamos com um ano e meio lá dentro e despejaram todos lá de dentro, queimaram a escola", afirma.
Emocionada, Maria Margarida também comenta sobre os problemas enfrentados. "Meus filhos estão sofrendo, estou grávida. Meus filhos estão sem estudar, eles queimaram a escola, aí a gente improvisou uma escolinha aqui. Meu marido lutou tanto para serrar madeira e derrubaram a nossa casa, queimaram as galinhas", diz.
Segundo Jânio Mesquita, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Ramal do Ramal do Cacau, nesta terça-feira (19) completa 30 dias que as famílias estão desabrigadas. Antes da sede do Incra, eles ficaram debaixo de uma ponte, próxima de onde moravam. A reivindicação é por uma área que compreende 5.800 hectares de terras que pertencem à União. "A gente está esperando que as autoridades tomem uma providência, porque o povo quer voltar para as suas terras", fala.
O superintendente do Incra no Acre, Idésio Luis Franke, diz que o órgão está fazendo a parte que lhe cabe nas negociações. "As negociações estão se encaminhando, óbvio que há um tempo para que isso ocorra. O Incra está fazendo a sua parte e eu tenho certeza que nós vamos chegar a um bom termo nessa negociação".

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