MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 17 de novembro de 2013

Debatedores falam da espionagem dos EUA e guerra da Síria na Fliporto


Escritor venezuelano saudou protagonistas das manifestações no Brasil.
Baéz e Cavalcanti falaram de seus livros sobre política internacional.

Do G1 PE

A política internacional foi o tema do primeiro painel da 9ª Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) neste domingo (17), em Olinda. O romancista, poeta e ensaísta venezuelano Fernando Baéz e o jornalista recifense Kléster Cavalcanti conversaram com os presentes sobre “Jogos de guerra”: a polêmica da espionagem dos Estados Unidos nos séculos XX e XXI e a Guerra na Síria, respectivamente. O painel foi mediado pelo jornalista Samarone Lima.
No primeiro momento, Baéz – que se considera ativista contra a censura - expôs em slides dados estatísticos e histórias relevantes sobre o histórico da espionagem norte-americana, sob a luz da mais recente polêmica levantada pelo americano Edward Snowden. O americano especialista em computação que revelou dados sobre a espionagem feitos pela Agência de Segurança Nacional (NSA) está exilado na Rússia. “Os que denunciam a ruptura do contrato social, hoje em dia, estão refugiados, exilados ou presos por uma nação que se diz guardiã da liberdade”, afirmou o romancista.
Baéz defendeu que os Estados Unidos, através de seus projetos de espionagem que vêm desde o fim da Primeira Guerra Mundial, estão se preparando para uma ciberguerra. “George W Bush autorizou, em 2002, que a NSA atuasse sem vigilância de nenhum órgão na interceptação de dados. Bush deveria estar preso, mas quem está é Bradley Manney”, opinou o estudioso, se referindo a um dos diversos militares que já tentou denunciar os esquemas de filtragem de informações.
Ao ver tantos jovens como Snowden, que aos 30 anos de idade se destacou revelando os esquemas de da espionagem para conquistar a completa liberdade de expressão, Fernando Baéz deixou ainda um recado para os manifestantes brasileiros que foram centro das notícias nacionais e internacionais ao longo de 2013. “Parte da minha apresentação foi para mostrar que os jovens estão nos dando uma lição de como resistir e reagir diante do poder. Uma saudação especial aos manifestantes que deram exemplo de resistência em São Paulo e outras cidades do Brasil contra o que é a desigualdante tão enorme deste país. Gostaria que minha mensagem deixasse claro que o caminho que marcou essa geração de jovens é o verdadeiro caminho contra a corrupção que comove empresários ou políticos. Independente dos programas [de espionagem] que eles utilizam, precisamos reagir”, finalizou o escritor. Os dados apresentados por ele foram reunidos no livro "Censura, mentiras e poder: a verdade da espionagem dos Estados Unidos no século XXI".
Em seguida, o jornalista recifense Kléster Cavalcanti relatou os seus momentos de tensão enquanto tentava fazer uma reportagem de guerra na Síria para a revista Istoé. Tudo o que ele viveu durante os seis dias no Oriente Médio – incluindo dias em que ficou detento com outros 20 presos comuns do país – se transformou no livro “Dias de Inferno na Síria”. De acordo com o jornalista, ele saiu de São Paulo com a intenção de fazer uma reportagem sobre as consequências da guerra na vida dos moradores da cidade de Homs. “A minha ideia inicial era ficar três dias com os rebeldes, acompanhando o pessoal em combate. Eu tinha contato com um oficial dos rebeldes. Depois, eu queria ficar mais três dias na cidade, conversando com moradores. Só que eu fui preso -  essa parte do combate eu perdi. Por outro lado, na parte humana eu ganhei muito mais”.
Segundo o relato feito durante o painel na Fliporto, ele ficou detido em uma cela com pessoas que falavam árabe. Apenas um homem falava inglês, de quem Kléster ficou amigo imediatamente, e foi a ponte para os outros cidadãos e também as dezenas de histórias detalhadas que o jornalista conseguiu trazer para o livro. “Ali dentro ficamos horas e horas conversando. Quanto mais tempo e com mais calma você pode falar com alguém, melhor vai ser o resultado. Com a Síria em guerra, a cidade muito policiada, sei que os moradores não iam ter a tranquilidade de ter duas, três, quatro horas conversando com um jornalista estrangeiro. Na cela não tinha isso. Os relatos que eu trouxe e o nível de detalhes foi muito melhor do que seria se eu tivesse ficado solto. Nessa questão humana, ter sido preso foi maravilhoso. Pra mim foi muito angustiante, mas do ponto de vista humano foi uma experiência muito rica", afirmou o jornalista, que foi torturado e depois solto, com a ajuda do Itamaraty.

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