Martelinho de ouro só serve quando a tinta não foi tirada.
Nem sempre é válido desamassar, pois a peça vai ficando mais rígida.
Trabalho de funilaria exige especialista; nem sempre o retrabalho da peça é indicado (Foto: Denis Marum/G1)
Bater o carro é sempre desagradável. Depois da famosa discussão sobre
“de quem é a culpa?”, você liga para o corretor, se tiver seguro, e
recebe uma lista de oficinas para escolher onde levar seu carro: mas
como decidir? Não escolha apenas pela localização, procure conhecer a
oficina. Veja abaixo 10 dicas do que um bom local de funilaria e pintura
deve ter para fazer um serviço de qualidade.Atenção com preços baixos e grandes descontos na franquia: serviços de funilaria e pintura exigem materiais de qualidade, habilidade manual e muita prática.
Bons profissionais cobram pela qualidade. E, ao contrário de outros serviços, um trabalho mal feito em funilaria e pintura às vezes só aparece com o tempo: o verniz começa a descascar, a pintura fica manchada e o retrabalho é inevitável.
Dificilmente um só funcionário vai dar conta, e bem,
de todos os serviços (Foto: Denis Marum/G1)
A grande maioria das oficinas possui uma estrutura definida, com
funcionarios administrativos e técnicos em reparação. Neste ramo de
atividade não cabe a figura do “faz tudo”, principalmente nas funções
básicas: funilaria ou pintura.de todos os serviços (Foto: Denis Marum/G1)
Há exceções, em que um funcionário é bom nos dois serviços, mas, geralmente, cada um deles exige um especialista.
Martelinho só serve quando a tinta não foi tirada e é
para pequenos reparos (Foto: Denis Marum/G1)
Como o serviço de martelinho é mais barato que o de funilaria, às vezes
o cliente vai à oficina e quer resolver tudo com o primeiro. Mas se saiu a tinta, não tem conversa: é serviço de funilaria.
Martelinho, ou martelinho de ouro, é uma técnica que nasceu nas
fábricas de carro para tirar pequenos amassados onde não houve retirada
da tinta.para pequenos reparos (Foto: Denis Marum/G1)
Existe até curso para ensinar a técnica e as ferramentas usadas são específicas: este é um trabalho bastante delicado, são necessárias centenas de batidinhas para corrigir o amassado, por isso ele só é feito em pequenas áreas. Se a oficina oferece o serviço, provavelmente é porque ela tem de fato um técnico preparado: é difícil alguém se arriscar porque não vai conseguir “enganar” num tipo de serviço tão minucioso. Há oficinas que não têm um especialista, mas terceirizam esse serviço.
Se uma batida que tirou tinta não é caso para martelinho, uma que resultou em corte na chapa ou dano de grande porte não é caso nem de funilaria. O funcionário provavelmente oferecerá a troca da peça.
Solda MIG (Foto: Denis Marum/G1)
Avalie a situação: desamassar é indicado para pequenos reparos, como as famosas "raspadas". Entenda que todo retrabalho em chapa metálica (desamassar, esquentar, estanhar) provoca mudanças na resistência estrutural da chapa. Ela se torna menos maleável, mais rígida, e com o tempo e o uso do carro podem surgir deformações permanentes.Para oficinas que possuem solda MIG (veja foto ao lado), este problema fica minimizado, pois a caloria da solda é concentrada em uma pequena área, preservando a estrutura da chapa.
No caso de para-choques, no entanto, o retrabalho é uma opção mais econômica, principalmente para veículos importados em que o preço das peças chega a ser dez vezes maior em relação ao valor do retrabalho.
Se você optar por peça nova, ao final do serviço, solicite para ver a peça velha.
O assunto é polêmico. Se pensarmos pelo lado da sustentabilidade, não há problema em usar uma peça recondicionada. Desde que o serviço seja bem executado, o resultado será satisfatório. Porém, se pensarmos que uma parte deste mercado é abastecida de forma ilegal, aceitar peças de outros carros gera um certo desconforto.
De uma maneira ou de outra, o importante é que a utilização ou não destas peças deve ser combinada antecipadamente, até porque peças novas custam mais caro.
Proteção das peças não envolvidas na pintura
é importante (Foto: Denis Marum/G1)
Uma das grandes preocupações nas instalações das montadoras é a limpeza
do setor de pintura, tanto que a maioria nem permite a visitação dele e
os funcionários trabalham todos cobertos. Qualquer poeira ou pó é
motivo para interromper a linha de produção.é importante (Foto: Denis Marum/G1)
Claro que as oficinas não são tão sofisticadas quanto as fábricas, mas as boas possuem cabine de pintura, ferramentas de polimento com aspirador acoplado e funcionários uniformizados.
Proteger o restante da lataria com material apropriado é importante: fuja de quem utiliza jornal, pois o ácido das folhas pode deixar manchas. O ideal é cobrir o carro com papel especial vendido por lojas de tintas, que não dissolve quando em contato com a tinta, não mancha e nem gruda na lataria.
Mais conhecido como colorista, este profissional é fundamental para que seu carro não saia com duas cores. Em grandes oficinas, existe um laboratório para acerto de tintas e o colorista fáz parte do quadro de funcionários; já nas pequenas empresas esse trabalho é terceirizado.
O acerto de cores busca igualar a tonalidade de uma tinta nova com a tinta “cansada” (do carro). As diferenças são mais evidentes em cores básicas como branco, vermelho e amarelo. Portanto, se você possui um carro com uma destas cores, pergunte ao orçamentista como ele pretende acertar a tonalidade da tinta.
Polimento pode ser necessário depois de um
tempo para certas peças (Foto: Denis Marum/G1)
As tintas automotivas possuem um tempo de cura (secagem) que varia de
acordo com o fabricante. Estufas de secagem, que são um local
apropriado, com temperatura controlada, abreviam esse tempo. Porém,
apesar de comuns nas fábricas, elas são encontradas em poucas oficinas.tempo para certas peças (Foto: Denis Marum/G1)
Se a oficina que você escolher não tiver esse equipamento, saiba que, em alguns casos, você terá o incômodo de levar a peça repintada para polir depois de uns 2 meses do serviço realizado. É o caso capuz, a peça mais incômoda de se repintar. Não fique bravo com o pintor se a peça ficar opaca depois de alguns dias: a culpa pode ser da caloria do motor. Ela provoca uma secagem desordenada do verniz e da tinta. Nada que um polimento não resolva.
Toda boa oficina deve seguir a legislação em relação à coleta de resíduos. A água utilizada deve ser tratada antes de retornar para a rede pública e os residuos de tinta, vernizes e solventes devem ser armazenados e coletados por empresa especializada.
Fechando o assunto, uma boa indicação é sempre bem-vinda. Como falamos no início, trata-se de um processo onde a habilidade do técnico é fundamental para o resultado do trabalho. Portanto, pergunte para quem já precisou e descubra onde estão os bons profissionais.
Dono de oficina em São Paulo, Denis Marum é formado em engenharia mecânica e tem 29 anos de experiência com automóveis. Nesta coluna no G1, dá dicas sobre cuidados com o carro.
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