MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Trecho da Madeira-Mamoré em Porto Velho poderá ser reativado em 2014


Trecho de Santo Antônio ao Cemitério da Candelária será 1° a ser recuperado.
Quem mora próximo ao trilho aprova projeto mas se diz preocupado com obra.

Halex Frederic e Ivanete Damasceno Do G1 RO

Trecho entre a Capela de Santo Antônio e o Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho deverá ser reativado no final de 2014 (Foto: Jenifer Zambiazzi/G1)Trecho entre a Capela de Santo Antônio e o Complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho deverá ser reativado no final de 2014 (Foto: Jenifer Zambiazzi/G1)
Diversas obras estão sendo realizadas atualmente com intuito de preservar a história de Porto Velho e uma delas será a reativação de um trecho da linha férrea da Estrada de Ferro de Madeira-Mamoré (EFMM). Segundo o coordenador de sustentabilidade da concessionária Santo Antônio Energia (SAE), Alexandre Queiroz, a parte avaliada para religação dos trilhos será entre a Capela de Santo Antônio até o galpão no Complexo da EFMM, na capital.
O projeto será dividido em duas fases, já que em um dos momentos da revitalização da linha sofrerá um impasse com as famílias que residem muito próximas aos trilhos. A situação divide opinião entre os moradores sobre a efetivação da obra na linha férrea.
A aposentada Antônia Lopes conversou com o G1 e disse que aprova a ideia da reativação dos trilhos e entende que está morando em uma área de perigo. “Eu sei que eu moro num lugar considerado de risco, mas é o único que eu tenho. Aqui [Triângulo] é um bairro muito tranquilo e sem violência, além de vista que eu tenho”, explica.
A aposentada Antônia Lopes aprova o projeto de religação da linha férrea mas diz  que tem vontade de continuar morando à beira do Rio Madeira (Foto: Halex Frederic/G1)A aposentada Antônia Lopes aprova o projeto de
religação da linha férrea (Foto: Halex Frederic/G1)
Se for necessária a retirada, Antônia conta que prefere sair do local e ir morar na outra margem do rio. “Se for o caso de eu ter que sair, quero receber minha indenização e construir uma casinha lá do outro lado do rio, porque eu acho lindo e já estou acostumada com a visão que eu tenho da paisagem toda manhã e fim de tarde”, conta.
Ao lembrar a época que a linha férrea funcionava, a aposentada se emociona comentando sobre os inúmeros passeios ferroviários que teve. “Quando o trem passava, eu achava lindo. Todo mundo se animava quando ouvia o apito da locomotiva e eu já perdi as contas de quantas vezes que eu andei de trem. Era um tempo muito bom e, se reativar [linha férrea], com certeza eu vou voltar a andar de novo”, lembra.
Se reativar [linha férrea], com certeza eu vou voltar a andar de novo"
Antônia Lopes, aposentada
Cleonice Pinheiro, auxiliar de serviços gerais, mora em Porto Velho há mais de 20 anos e diz que se sente segura onde mora e só mudaria de local se fosse a última opção. "A gente não vê tanta violência por aqui. Podemos ficar até altas horas da noite com as portas abertas que não acontece nada. Outra coisa boa é que tudo é próximo da gente; tem supermercado, posto de saúde" , explica.
Sobre a reativação dos trilhos, a auxiliar de serviços gerais comenta que acha muito bom para as pessoas que terão mais uma opção de lazer, entretanto, ela se sente preocupada com o futuro da sua moradia. "Acho válido a religação da linha, mas tem que ver o lado dos moradores também. Tem muita gente que está acostumada com a vida aqui e não vai querer ser retirada", conta.
Projeto
Giovani Barcelos, arquiteto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), explicou que o projeto de reativação física da linha férrea será feita em duas fases: a primeira contemplará o trecho de trilhos entre a Capela de Santo Antônio e o Cemitério da Candelária com a previsão do funcionamento da linha em outubro de 2014.
Já a segunda fase do projeto recuperará o trecho do cemitério até o complexo da EFMM. O arquiteto avaliou a última fase do plano como ‘a mais complicada’, já que muitos moradores, como a aposentada Antônia, residem muito próximos à linha do trem. “Quem ficará responsável pela retirada das pessoas será a prefeitura, que está analisando a melhor forma de relocar as famílias”, explica.

Segundo o coordenador de sustentabilidade da SAE, a obra de reativação da linha férrea está em fase de elaboração do projeto executivo, que tem previsão de conclusão no início de outubro deste ano. Alexandre explicou que a maioria dos dormentes – peças de madeira que compõe a estrutura do trilho – será substituída por novos e as peças de ferro passarão por um processo de revitalização e alinhamento para tornar a linha contínua e sem interferências.
Para garantir o passeio turístico para a população da capital e para os turistas, paralelamente, Queiroz afirma que uma locomotiva e mais três vagões serão recuperados para poder realizar a viagem do Complexo da EFMM à Igrejinha de Santo Antônio, com uma parada no Cemitério da Candelária.
Plano de retirada
As Secretarias Municipal de Planejamento (Sempla) e de Regularização Fundiária e Habitação (Semur) serão responsáveis para elaborar um plano de retiradas das famílias que moram próximas à linha férrea. O G1 conversou com Jorge Elarrat, titular da Sempla, que afirmou haver um projeto executivo indicando que o a obra de reativação dos trilhos tem prazo para comerçar em até fevereiro de 2014.
"Queremos concluir a obra no dia 2 de outubro de 2014, quando Porto Velho vai comemorar o seu centenário", explica o secretário, que ressalta que a retirada dos moradores ao longo dos trilhos devem acontecer até fevereiro de 2014.
No entanto, o secretário da Semur, Christian Camurça, afirmou que nada está definido com relação aos moradores no local. O titular da secretaria informou que, primeiramente, será feito o cadastramento das famílias junto ao Iphan e após será definido o perímetro seguro para moradia próximo ao trilho.
Casas construídas próximas aos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, deverão ser retiradas (Foto: Halex Frederic/G1)Casas construídas próximas aos trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Porto Velho, deverão ser retiradas (Foto: Halex Frederic/G1)

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