Cláudio Bandeira A TARDE
"Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de se levar uma vida normal e produtiva", afirma a médica Maria Angélica Santana, que coordena o centro de referência no tratamento da doença no Hospital Estadual Octávio Mangabeira. "Tenho paciente com 27 anos que mora nos Estados Unidos; crianças e adultos com FC que estudam, trabalham, fazem faculdade".
Por ser uma doença rara, transmitida geneticamente a média é de um caso para cada 20 mil indivíduos , é desconhecida da maioria da população. Por isso muitos dos portadores são diagnosticados tardiamente, quando a doença já apresenta seus efeitos sobre diversos órgãos.
Unidades das células reprodutoras que carregam informações sobre a hereditariedade, os genes podem apresentar defeitos e causar inúmeras doenças. "Nos casos da FC, ocorrem 1.910 mutações", explica a médica.
O defeito genético prejudica uma enzima que tem a função de eliminar sódio pelo suor. Devido ao problema, o corpo passa a acumular um muco denso e pegajoso, principalmente nos pulmões e pâncreas. Segundo a médica, para gerar um indivíduo é preciso um gene do pai e outro da mãe. Para se ter a doença é necessário que os dois genes estejam defeituosos.
"A FC atrapalha o funcionamento das glândulas do corpo chamadas exócrinas: são as glândulas sudoríparas, de muco, saliva e sucos digestivos, o que traz problemas ao aparelho respiratório e digestivo", diz a médica.
Sintomas
Tanto a gravidade quanto os sintomas da fibrose cística variam de indivíduo para indivíduo. Os sintomas iniciais podem ser confundidos com os de outras doenças , principalmente as típicas da infância, o que dificulta o diagnóstico em centros não especializados. Entre os sintomas mais comuns estão tosse crônica, com muito catarro, pneumonias frequentes, chiado no peito, suor excessivo e salgado, dificuldade de ganhar peso e altura, diarreias frequentes, fezes volumosas e desidratação sem causa aparente, enumera o guia editado pelo laboratório Roche.
Tratamento
Segundo a médica Mônica Corso, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), a FC reduz a quantidade de água das secreções dos brônquios, tornando-as espessas e mais aderentes às paredes brônquicas. Com isso, os pacientes têm recorrentes infecções no aparelho respiratório. A doença pode bloquear os dutos do pâncreas, impedindo a chegada das enzimas digestivas aos intestinos.
Com tratamento de alto custo e de uso contínuo, o paciente é encaminhado às unidades do serviço público. Em Salvador, o Octávio Mangabeira, que acompanha 500 pacientes, e o Hospital das Clínicas oferecem gratuitamente o tratamento pelo SUS.
A médica Maria Angélica Santana explica que o acompanhamento é multidisciplinar e inclui o uso de nebulizadores como medicamentos específicos, exercícios físicos, fisioterapia respiratória, além de ações preventivas como as imunizações.
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