MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sites abrem casas do mundo todo para oferecer comida local a turistas


Brasil entra no circuito de sites como 'EatWith' e 'Meal Sharing'.
Conheça pessoas que abrem suas casas e cozinhas para visitas.

Daniela Braun Do G1, em São Paulo
Integrantes da comunidade on-line 'Meal Sharing' preparando a massa do zero em Minneapolis (EUA). (Foto: Divulgação/Meal Sharing)Integrantes da comunidade on-line 'Meal Sharing' preparando a massa do zero em Minneapolis (EUA). (Foto: Divulgação/Meal Sharing)
Provar tapas espanholas em um apartamento, em Barcelona, ou compartilhar histórias e uma massa caseira na casa de uma família italiana, em Roma. Inspirados em momentos como estes, os sites “EatWith” e “Meal Sharing” procuram proporcionar experiências de “vida real” das quais muitos turistas sentem falta.

Recentemente, o Brasil entrou no circuito destes dois endereços on-line tanto para quem busca experiências gastronômicas no exterior, como para os brasileiros que desejam abrir suas casas e cozinhas a novos visitantes.
Página inicial do 'EatWith' que oferece experiências gastronômicas em 11 países, incluindo o Brasil. (Foto: Reprodução/EatWith)Site do 'EatWith' oferece experiências gastronômicas em 20 países, incluindo o Brasil. (Foto: Reprodução/EatWith)
Fazendo uma comparação com sites de hospedagens, o “EatWith” seria um “Air BnB” gastronômico e o “Meal Sharing”, um “Couch Surfing” da cozinha. E foram justamente experiências marcantes à mesa que inspiraram os fundadores de ambos os sites a colocar suas ideias no ar, em 2012.
O “EatWith” surgiu dois anos após seu cofundador Guy Michlin ter sido recebido para jantar no apartamento de uma família grega no subúrbio de Heraklion, principal cidade de Creta. “Eles me deram dicas de lugares para visitar, me falaram de restaurantes onde os locais comem e até me deram uma garrafa da bebida local”, conta Michlin no site da comunidade que fundou ao lado do sócio Shemer Schwartz, em Israel.
Na noite de quarta-feira (21), o site ampliou sua oferta de 11 para 20 países onde pessoas que gostam de cozinhar e têm espaço para receber convidados em casa são selecionadas e cobram uma quantia aos interessados na experiência.

A ideia do ‘Meal Sharing’, cuja comunidade compartilha refeições gratuitamente em 325 cidades do mundo, também partiu de experiências reais. “Tive a oportunidade única de ser recebida por uma família cambojana para uma refeição na casa deles. Foi uma experiência mágica comer pratos típicos do Camboja e contar histórias de nossas terras natais”, conta ao G1 a designer Ainara DelValle, que fundou o ‘Meal Sharing’ ao lado do amigo Jay Savsani.
Perfil da espanhola Ainara DelValle, uma das cofundadoras do 'Meal Sharing' (Foto: Reprodução/Meal Sharing)Perfil da espanhola Ainara DelValle, uma das cofundadoras do 'Meal Sharing' (Foto: Reprodução/Meal Sharing)


“Definitivamente eu queria criar um site que ajudasse a facilitar a espontaneidade e a beleza daquela noite no Camboja”, afirma a designer espanhola, que já foi anfitriã de mais de 50 refeições em sua casa, em Berlim, na Alemanha.

Experiência em São Paulo
O G1 acompanhou uma experiência anunciada pelo “EatWith” em São Paulo, no sábado (10). Inicialmente, a degustação de cervejas artesanais harmonizadas com comidas ao preço de R$ 87 por pessoa seria realizada na casa da jornalista e sommelier de cervejas Julia Reis, mas o tamanho do grupo - dez pessoas - superou as expectativas.

Selecionada recentemente para integrar o “EatWith”, Julia adaptou seu primeiro evento para a escola de cervejas artesanais da qual é sócia, no bairro da Pompeia, ao lado do cofundador, Rodrigo Louro, biólogo e doutor em bioquímica.
A sommelier Julia Reis foi a anfitriã de uma degustação de cervejas e comidas para dez americanos, no sábado (10) (Foto: Daniela Braun/G1)A sommelier Julia Reis foi a anfitriã de uma
degustação de cervejas e comidas para dez
americanos, no sábado (10) (Foto: Daniela Braun/G1)
Para definir o preço, Julia explica que procurou estabelecer um valor atrativo para divulgar a experiência – seu ganho por pessoa saiu em torno de R$ 30. “Também não adianta eu querer cobrar o que cobro de honorários para comandar uma degustação. Não tem essa formalidade”, observa.

O menu era composto de três cervejas artesanais – uma delas produzida pela escola – harmonizadas com comidas como ceviche e creme de batata doce com especiarias. Fluente em inglês, Julia fez uma introdução sobre cada cerveja e harmonização aos convidados de forma descontraída. “Não vai ter um propósito tão didático porque as pessoas querem se conhecer, conversar e aproveitar o jantar delas”.
Esta também foi a primeira experiência de um grupo de amigos americanos com o “EatWith”. “Nós vamos a restaurantes o tempo todo, sabe? E os restaurantes aqui são extremamente caros, mas a qualidade nem sempre é ótima para o preço cobrado”, disse Suzana Jones, americana de 31 anos, que veio de San Francisco para o Brasil há três anos e descobriu recentemente que São Paulo estava no circuito do site. “Esta é uma boa alternativa para ter acesso a uma experiência mais pessoal e local. E o preço deste estava muito bom para provar cerveja e comida”, compara.
Suzana Jones (à direita) e a amiga Jana Pearl, que vieram dos EUA para o Brasil há três anos (Foto: Daniela Braun/G1)As americanas Suzana Jones (à direita) e Jana Pearl,
na degustação de cervejas descoberta pelo 'EatWith'
em São Paulo (Foto: Daniela Braun/G1)
Seleção brasileira
Esta semana,  o “EatWith” contava com mais de dez eventos selecionados e disponíveis no Brasil - a maioria na cidade de São Paulo. A lista de interessados, que preencheram o perfil de ‘host’ no site, supera 200 pessoas informa ao G1 o empresário Fábio Hofnik, que atua como embaixador do serviço no país.

“Procuro ir a um evento de teste, vejo como é o ambiente, como a pessoa se comporta, como é a comida e se o espaço comporta o número de pessoas anunciado”, conta Hofnik. Segundo ele, a seleção também é criteriosa no cardápio. “Não precisa ser nenhum chef famoso, mas se a pessoa já tem tendência de receber gente em casa e cozinhar para os amigos, nos interessa”.

O “EatWith” também está de olho em chefs profissionais que estejam dispostos a receber visitas em casa. O preço do evento por pessoa é estabelecido pelo anfitrião e um percentual da receita (15%) vai para o site. “Apesar de a pessoa ter uma margem, o preço tem que ser convidativo”, afirma o empresário ponderando sobre a relação entre custo e benefício. “Se você tem uma pegada de conhecer gente nova e de estar em um lugar mais tranquilo, nem sempre precisa ser mais barato”.
Gabrielle Oliveira (à esquerda) no apartamento de Ainara DelValle, cofundadora do 'Meal Sharing', em Berlim (Foto: Arquivo Pessoal)Gabrielle Oliveira (à esquerda) e Ainara DelValle, em
Berlim (Foto: Arquivo Pessoal)
Fazendo amigos
Para a brasileira Gabrielle Oliveira, de 26 anos, a rede ‘Meal Sharing’ foi uma forma de fazer amigos e descobrir seu talento na cozinha. A publicitária brasileira conheceu o site em outubro do ano passado quando estava morando sozinha em Berlim, na Alemanha.

“Levei uma sobremesa, mas não precisava. Era mais uma questão de educação nossa, mas o ‘Meal Sharing’ não tem uma proposta de a pessoa levar algo”, conta Gabrielle sobre o primeiro evento do qual participou. O menu foi preparado na casa de Ainara DelValle, cofundadora do site, em Berlim. “Achei a ideia o máximo. Como uma forma de agradecimento acabei fazendo um ‘meal sharing’ na minha casa para ela”, lembra.

Além de gratuita, a proposta do Meal Sharing é mais informal. Basta criar um perfil na rede, contar o que gosta de cozinhar e/ou comer e combinar por mensagens a data para compartilhar uma refeição ou cozinhar com outros integrantes.
“Meu perfil está aberto a solicitações”, diz Gabrielle, que voltou ao Brasil em julho e pretende continuar usando a rede por aqui. “Não necessariamente preciso fazer um evento e convidar pessoas. Acontece muito mais você requisitar uma visita do que criar um evento”, explica.

Em maio deste ano, a brasileira também teve outra experiência marcante com o site quando encontrou uma família disposta a lhe oferecer uma massa italiana, em Roma. “Queria provar uma verdadeira ‘pasta da mamma’. Achei muito legal que o sistema é aberto a conversas”.

Para Gabrielle, a experiência com a família fez toda a diferença na viagem. “Estar na casa de uma pessoa que está disposta a te receber (...), ainda mais na Itália onde as pessoas têm prazer de cozinhar e te contar como é o dia a dia delas, é um contato com pessoas que vivenciam aquela cidade. A experiência foi muito mais intensa do que só conhecer lugares turísticos”, conclui.
Atualmente, o Meal Sharing conta com cerca de 70 usuários no país. “Na verdade, nós não adicionamos o Brasil ao ‘Meal Sharing’. O Brasil se juntou a nós!”, diz o cofundador Jay Savsani, que conheceu o Brasil há alguns anos quando morou em São Paulo. “Entre passear com os locais no Parque do Ibirapuera e ouvir jazz na Rua Teodoro Sampaio aprendi muito sobre o Brasil. São, provavelmente, as pessoas mais amigáveis do planeta!”, conta ao G1.
Savsani se recorda de ter experimentado muitos pratos diferentes feitos pelos brasileiros que o receberam na capital paulista. “A diversidade do país sempre foi muito especial e eu queria dar atenção extra a fazer o trabalho do ‘Meal Sharing’ funcionar no Brasil”, afirma. “Esta foi minha forma de retribuir aos brasileiros”, conclui.
Jay Savsani, cofundador do ‘Meal Sharing’ em um jantar marcado pela rede. (Foto: Divulgação/Meal Sharing)Jay Savsani, cofundador do ‘Meal Sharing’, que já morou em São Paulo. (Foto: Divulgação/Meal Sharing)

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