Produtores rurais acampam na Assembleia Legislativa de Roraima

Divididos em grupos, eles ocupam o plenário desde terça-feira (20).
'Saída só ocorre com a CPI das Terras', afirma um dos líderes.

Érico Veríssimo Do G1 RR

Produtores rurais ocupam plenário da Assembleia Legislativa de Roraima e garantem que só saem com instalação da CPI das Terras (Foto: Érico Veríssimo/G1)

Em Roraima, produtores rurais ocupam de forma pacífica o plenário da Assembleia Legislativa do Estado desde terça-feira (20). Eles cobram dos deputados a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Terras para investigar irregularidades fundiárias no estado.
Grupos de agricultores estão se revezando diariamente e prometem sair do local somente quando houver as oito assinaturas necessárias para a abertura da CPI. Até o momento, os sete parlamentares da oposição já assinaram.
Faradilson Mesquita, coordenador do Movimento Popular pela CPI das Terras, diz que não sabe quando a CPI vai ocorrer, mas garante que os trabalhadores ficarão acampados até conseguirem esse objetivo.
"Só sairemos daqui com a CPI das Terras instalada. Estamos dispostos a passar uma semana, um mês, até que a Assembleia Legislativa cumpra seu dever e investigue o que aconteceu com as terras de Roraima", assegurou.
Mesquita disse que há 700 pessoas no movimento que, divididas em grupo, se alternam diariamente em turnos diferentes para ocupar o plenário da Casa Legislativa. Eles se organizam na limpeza, compra e distribuição de alimentos.
Cícero Pereira, de 38 anos, é produtor rural do assentamento Passarão, na zona rural de Boa Vista, e está na Assembleia desde o primeiro dia de ocupação. Acompanhado da mulher, Nágila Pereira, de 19 anos, e de uma filha de dois anos e meio, ele espera que o problema seja resolvido em pouco tempo. "Precisamos da terra para produzir e viver. Continuaremos cobrando que os deputados cumpram o dever deles e instalem a Comissão", disse.
O coordenador do movimento ressaltou a necessidade de um assentamento para a Associação do Projeto Passarão e de terras para as famílias de pequenos produtores rurais.
"Estamos querendo apenas 4,5 mil hectares para assentar 600 famílias. É um absurdo que tão poucas pessoas tenham milhares de hectares de terras 'griladas', enquanto os agricultores do Passarão sofrem  para conseguir um pedaço [de terra]. Nós queremos sair daqui [da Assembleia] para a terra e não para uma conversa", concluiu.