MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de agosto de 2013

Pacientes reclamam de más condições do Hospital de Bonsucesso


Eles reclamam de falta de material hospitalar e dificuldade de transferência.
Defensoria vai pedir multa diária de R$ 100 mil para unidade.

Do G1 Rio

O RJTV conversou neste sábado (17) com as famílias de pacientes que estão internados no Hospital Federal de Bonsucesso. Eles dizem que há falta de material hospitalar na unidade e que há dificuldade para conseguir uma transferência.
A família de Edivânia teve que tomar uma decisão difícil. A mãe dela, de 81 anos, está com pneumonia e uma infecção urinária. Perdeu muito sangue, mas foi para casa sem conseguir fazer uma transfusão. É esta senhora, que aparece em uma poltrona, aguardando atendimento, conforme as imagens do RJTV.
As imagens foram gravadas na última quarta-feira (14), durante uma visita da Defensoria Pública da União ao Hospital Federal de Bonsucesso. Há dois anos, a emergência do maior hospital da rede pública do Rio funciona em um contêiner. Era para ser um local provisório, até que fosse feita uma nova emergência. Mas a obra está desativada. O Ministério da Saúde informou que a construção será retomada no ano que vem.
Edivânia diz que os dois dias que passou com a mãe na emergência foram desesperadores.
A dificuldade de conseguir uma transferência em outro hospital faz com que os corredores da unidade fiquem lotadas.
O filho de um paciente teve acesso ao prontuário de saúde do pai. Ele conta que no laudo há uma indicação clara de angioplastia. Mas o próprio médico diz no texto que não há material para a realização do procedimento no hospital.
O pai dele é doente renal, ficou mais de vinte dias no contêiner. Na sexta-feira (17), ele foi para um quarto. Mas ainda não conseguiu fazer o procedimento de que precisa.

Documentos do Ministério da Saúde obtidos pelo Bom Dia Rio mostram que no primeiro semestre deste ano, o hospital pediu transferência de 2.011 pacientes. Mas só 182 foram de fato levados para outras unidades. Nove por cento do total. Em nota, o Ministério da Saúde disse que os Hospitais Federais do Rio funcionam integrados ao SUS e que os pedidos de transferência de pacientes são organizados pelo sistema de regulação municipal.
A secretaria municipal de saúde alegou que só cabe ao município disponibilizar em suas unidades leitos para casos menos complexos.
Vistoria
A Defensoria Pública da União realizou uma vistoria no Hospital Federal de Bonsucesso, no Subúrbio do Rio, na quinta-feira (15) e encontrou uma situação desoladora com pacientes amontoados, sem atendimento e sem acomodação adequada. Em reportagem exclusiva, a equipe do Bom Dia Rio acompanhou a visita.
Para o defensor Daniel Macedo não há dúvidas: a decisão judicial que obrigou a remoção dos pacientes da emergência para outras unidades não está sendo cumprida e ele vai acionar a justiça.
“O que consegui constatar é que há uma grave violação dos direitos humanos, mas, sobretudo, uma violação a uma ordem judicial. Já existe uma ação em curso e vamos pedir a imposição de uma multa diária no valor de R$ 100 mil para as três esferas: união, estado e município”, disse Macedo.
À primeira vista é apenas um contêiner. Mas na verdade é o setor de emergência do maior hospital da rede pública do Rio de Janeiro. O espaço cheio de pacientes é chamado de sala de repouso da emergência. Mas nem parece. Uma senhora está internada há 43 dias. Com problemas no estômago, precisa fazer uma endoscopia. Mas depois desse tempo todo ainda não fez o exame.
Numa outra sala, um paciente aguarda por uma cirurgia vascular. Ele está internado há 23 dias. No prontuário médico, a explicação para a demora: “no momento não há material suficiente para a realização desse procedimento”.
Muitos pacientes são identificados por meio de papéis fixados nas paredes. Em alguns casos, os nomes são escritos à mão. Numa sala, havia cestas de lixo entre os leitos.
“É um empilhado de pessoas, é uma falta de humanidade”, diz o defensor
O contêiner tem capacidade para receber 30 pessoas. No momento da inspeção, havia 58, quase o dobro da capacidade. Resultado: muita gente espalhada pelos corredores. No lugar de leitos, cadeiras e poltronas. E é assim que muitos pacientes esperam atendimento e são medicados.
Uma senhora de 80 anos tinha virado a noite numa poltrona.
“Ela está aqui desde ontem. Ela já foi atendida, mas não tem leito para ela. Ela precisa de endoscopia, transfusão de sangue. Só o que informaram para a gente é que não tem leito”, diz a acompanhante da paciente.
Assim como ela muitos pacientes também passam a noite esperando, sentados, por atendimento. O improviso é tanto que muitas poltronas sequer reclinam, como o paciente que sofreu um AVC e dorme há três dias.
Contêineres têm dois anos
O atendimento a pacientes em contêineres no Hospital Federal de Bonsucesso começou a ser feito há dois anos. Era para ser algo provisório, enquanto uma nova emergência era construída.
Num documento entregue à justiça, obtido pelo Bom Dia Rio, o Ministério da Saúde se comprometeu a retomar a construção em fevereiro deste ano. Mas na unidade, nem sinal de operários. A área destinada à emergência parece um canteiro de obras desativado. Em frente a ela, no pátio interno do hospital, tijolos abonados, entulho e mau cheiro.
A nova emergência vai ser construída no pavimento térreo de um prédio onde hoje funcionam outros setores do hospital. Mas todo o edifício precisaria passar por obras. Janelas estão sem vidros ou cobertas por placas de madeira. Em vários andares, há tijolos aparentes.

Num prédio ao lado, funciona a sala do pós-operatório de transplantes hepáticos. Ou melhor, deveria funcionar. Durante a vistoria, o defensor público da União encontrou as portas fechadas. Os transplantes hepáticos estão suspensos desde o início do ano por falta de profissionais. Os seis leitos destinados aos recém-transplantados estão sem uso.
Uma decisão judicial, de novembro do ano passado, determina que os pacientes da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso sejam avaliados e que os que tiverem condições de transferência sejam removidos para outro setor do hospital. Caso não haja vagas, que eles sejam transferidos para outras unidades de saúde da União, do estado ou do município. E até mesmo para hospitais da rede privada, sendo os custos do tratamento e internação pagos pelo governo federal.
Documentos do Ministério da Saúde mostram que no primeiro semestre deste ano, o hospital pediu a transferência de 2011 pacientes. Mas só 182 foram de fato levados para outras unidades. Nove por cento do total.
A direção do Hospital Federal de Bonsucesso, em nota, disse que a unidade de emergência foi montada em 2011 para atender a população até a finalização das obras do novo centro de atendimento, prevista para março do ano que vem.
Sobre a superlotação, a direção disse que devido à prática ética de não recusar pacientes, a sobrecarga acontece porque a procura é grande. E que para diminuir o problema vem adotando medidas como a transferência de doentes para outros setores do próprio hospital e para outras cinco unidades federais no Rio.

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