MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 25 de agosto de 2013

O manuscrito que ninguém conseguiu ler

Agência Fapesp

  • Reprodução
    Manuscrito Voynich, 240 páginas e impresso em papel velino, foi composto provavelmente no século XV
O mais enigmático dos livros que se conhece - o manuscrito Voynich, um texto supostamente do início do século XV composto em um alfabeto desconhecido - parece não ser um amontoado aleatório de símbolos sem sentido, como dizem  estudiosos.
Ao menos, essa é a conclusão a que chegou um grupo de físicos brasileiros depois de usar técnicas estatísticas avançadas para analisar esse documento que há tempos frustra os maiores especialistas em decifrar códigos criptografados.
Pouco se sabe sobre o manuscrito e sua história. Apenas que está escrito em um alfabeto inventado, jamais visto em outro documento, e que foi adquirido em 1912, perto de Roma, na Itália,  por um livreiro polonês chamado Wilfrid Voynich, que se casou com a filha de George Boole, famoso matemático britânico.
O manuscrito é ricamente ilustrado com imagens de plantas e corpos celestes, o que sugere que se trate de um texto sobre ervas e astrologia. Mas seu conteúdo continua um enigma.
Palavras-chave
Os físicos também não o decifraram, mas, em sua análise, publicada em julho na revista PLoS One, acreditam ter identificado suas palavras-chave, isto é, o conjunto das palavras que mais se aproximam dos nomes dos tópicos abordados no texto.
Uma futura tradução dessas palavras poderia finalmente revelar algo sobre a mensagem do livro, se é que de fato existe uma mensagem.
A equipe brasileira, formada por pesquisadores que atuam na Alemanha e em São Carlos, interior de São Paulo, também concluiu que o texto do manuscrito apresenta todas as propriedades estatísticas que se espera de um texto com significado. Se eles estiverem certos, o manuscrito não seria uma sequência de símbolos sem sentido.
De qualquer forma, o método desenvolvido pelos pesquisadores para estudar o Voynich tem outras aplicações.
"Ele nos permite identificar as palavras-chave de um texto longo sem que seja necessário conhecer sua organização ou compará-lo com outros textos, tal como fazem mecanismos de busca como o do Google", explica um dos autores do estudo, o físico Eduardo Altmann, do Instituto Max Planck para Física de Sistemas Complexos, em Dresden, Alemanha.
Altmann vem discutindo com funcionários da biblioteca de Dresden o uso de um sistema de classificação automática de documentos que encontraria palavras potencialmente importantes, que tenham passado despercebidas durante a classificação dos livros pelos bibliotecários.
"Esse sistema poderia ajudar a encontrar conexões entre disciplinas científicas diferentes", diz.
Durante uma conferência tempos atrás, conheceu outro brasileiro radicado na Alemanha, o físico Diego Rybski, do Instituto para Pesquisa de Impacto no Clima, em Potsdam, que conhecia a história do manuscrito Voynich.
Atualmente guardado na Biblioteca Beinecke da Universidade Yale, Estados Unidos, o manuscrito se encontrava perdido no meio de uma coleção mantida por padres jesuítas italianos, quando foi adquirido por Voynich.
Especulou-se muito se o manuscrito não seria uma fraude criada pelo próprio Voynich, que lucrou com sua venda, mas historiadores e biógrafos já descartaram essa hipótese.
Junto ao manuscrito, uma carta datada de 1666, assinada por um acadêmico da cidade de Praga, na atual República Tcheca, pedia a um jesuíta em Roma que tentasse decifrá-lo.

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