No Brasil há 13 anos, ele defende que colegas estão preparados para atuar.
Alejando Marin critica pagamento do Mais Médicos e posição do CFM.
“Em dois meses, eu já entendia perfeitamente tudo. As diferenças são culturais, mas eu gosto do Brasil e fiquei aqui por isso. Fazer medicina é igual em todo o lugar, só muda o endereço”, afirmou ele, em entrevista ao G1.
Marin não é contra o programa Mais Médicos, mas critica a forma como o governo brasileiro fará o pagamento aos compatriotas.
Pelo acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde (Opas) para contratar 4 mil médicos cubanos, o governo brasileiro pagará à Opas o valor equivalente à remuneração dos demais profissionais de outras nações - R$ 10 mil - e a organização repassará esse dinheiro a Cuba. O Brasil não sabe quanto dos R$ 10 mil ficará com os médicos e quanto irá para o governo cubano.
“Eu não sou contra que eles venham, não. Os médicos cubanos são muito bons, nossa medicina é a melhor do mundo. Só não concordo com a forma como o governo quer pagar, repassando o dinheiro para Cuba e Cuba vai decidir a quantia que vai repassar. Isso não tem cabimento”, afirma Marin.
“A gente sai para ficar longe da família, enfrentar costumes e culturas diferentes. Eu acho que não falaram para eles quanto eles vão ganhar, eles se inscreveram com o objetivo de solidariedade, como é o modelo de ajuda cubano. Mas não é coerente eles não receberem a mesma coisa que os demais estrangeiros que chegam”, defende.
O médico se formou na Escola Latino-Americana de Medicina, em Havana, em 1988, e possui especializações em epidemiologia e administração da saúde, ambas realizadas em Cuba. Antes de vir ao Brasil também atuou na Angola, por dois anos, pelo mesmo programa.
Posição do Conselho Federal de Medicina
Marin atua como professor em Blumenau e mora em Chapecó com a mulher e quatro filhos pequenos, que vieram para o Brasil em 2006. Ele entende que há médicos cubanos “fazendo um excelente trabalho no norte e nordeste”.
“O Conselho Federal de Medicina tem nos ofendido sem necessidade desde o início, chamando-nos de curandeiros, feiticeiros. Eu sou incapaz de ofender um médico brasileiro, mesmo conhecendo médicos brasileiros que cometem erros, a imprensa publica sempre. Tem médico ruim e bom tanto no Brasil quanto em Cuba. Não temos culpa do que está acontecendo no Brasil e que os médicos de fora têm que vir”, entende ele.
Ele afirma, porém, que o modelo cubano de atendimento à população é melhor que o oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pelo qual trabalha em Bom Jesus.
“Em Cuba é bem mais fácil o atendimento, não tem esta fila que há hoje no SUS, em que há a demora de três meses para a realização de exames simples, como ultrassonografia ou ressonância. Em Cuba este exame é feito no mesmo dia ou na mesma semana. Esta demora faz o diagnóstico médico ter que esperar”, afirma.
“O sistema cubano dá 'de lavada' no SUS, tanto no atendimento normal quanto de emergência. A especialização nossa é muito boa, tanto que Cuba exporta médicos para mais de 70 países”, defende.
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