MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 25 de agosto de 2013

Gerações de escritores se dedicam à preservação do cordel em Alagoas


Cordelistas mantêm cultura passando aos jovens em palestras escolares.
Literatura é vendida em bancas de revistas, museu e feiras de artesanato.

Do G1 AL

Cordelista Jorge Calheiros é considerado patrimônio vivo do estado (Foto: Jonathan Lins/G1)Cordelista Jorge Calheiros é considerado
patrimônio vivo de Alagoas (Foto: Jonathan Lins/G1)
Pequenos folhetos de papel que contam histórias através de versos. A literatura de cordel, conhecida assim por ser originalmente vendida pendurada em cordões nas feiras do interior, é uma das formas mais puras da poesia popular em todo o Nordeste. É também considerada por muitos uma das mais simples fontes de acesso à informação. Em Alagoas, essa tradição de criar e rimar estrofes ainda é mantida por cordelistas dedicados.
Esse é o caso do poeta nascido no município de Pilar, Jorge Calheiros, 74, que há 40 anos se dedica a esse tipo de literatura. Ele explica que o cordel é feito de uma maneira popular, por isso existe um prazer em sua leitura. “O cordelista coloca um pouco de sua imaginação em fatos do cotidiano, passando para o texto algo que o povo gosta de ler, em algo agradável”.
De acordo com Calheiros, há um século o cordel era considerado o jornal do dia, levando informação para várias partes do nordeste. “Procurava-se mais a informação nos cordéis do que nos próprios jornais”, relata.
Jorge Calheiros é considerado patrimônio vivo do estado de Alagoas. Suas peças variam de romances a críticas políticas, tudo com muito humor. Dos 141 títulos publicados, 96 ele sabe decorados. Uma paixão que começou cedo, mas só mais tarde ele se debruçou sobre ela.
“Quando eu era 'menino', as pessoas do sítio compravam os cordéis nas feiras da cidade e traziam para ler. Com o tempo, comecei a ter muito interesse naquilo. Com 30 anos passei a ser cordelista e até hoje não me canso de escrever e continuar com essa cultura”, diz.
Para o repentista José Gildo Alves, conhecido como “Xéxeu das Alagoas”, o cordel é escrito para ser falado e, por isso,  é uma peça importante também para a música. “Com oito anos eu já lia os folhetos. Cresci ouvindo os repentistas, que além de improvisar, recitavam diversos trechos de cordel. Era uma época de aprendizado”, lembra.
Arte também das mulheres
Conhecida por seus versos e por ser a principal cordelista feminina em Maceió, Maria José de Oliveira, 52, a “Mariquinha”, traz consigo a marca de 40 cordéis em 34 anos de escrita. “Comecei lendo cordel para os meus avós. Quando tinha 19 anos, tentei fazer um curso de auxiliar de enfermagem, mas, por sofrer com ataques de epilepsia, não pude continuar”, conta.
A partir daí, Mariquinha se dedicou a escrever cordéis. Hoje em dia, ela é chamada para dar palestras em escolas e divulgar seu trabalho. “Acho que, atualmente, há um interesse maior por parte dos jovens. Cada vez mais a procura aumenta. Espero que continue assim”.
Mariquinha vende suas publicações na Feira de Artesanato da Pajuçara, em Maceió (Foto: Jonathan Lins/G1)Mariquinha vende suas publicações na Feira de Artesanato da Pajuçara, em Maceió (Foto: Jonathan Lins/G1)
Nos dias atuais, os cordéis podem ser encontrados em diversas bancas de revistas de Maceió, no Museu Theo Brandão e nas feiras de artesanato da Pajuçara e do Mercado da Produção. E o preço é acessível, varia de R$ 3 a R$ 5.

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