Catadores ganham cerca de R$ 350 por mês com a reciclagem.
Moradores de um prédio em Cruz das Almas aderiram à coleta seletiva.
Praticamente tudo que fazemos produz lixo, e quando os recipientes
utilizados para o armazenamento dos entulhos diários estão cheios, logo
providenciamos o descarte. Esse procedimento já é tão habitual que nem
chega a despertar curiosidade sobre o destino daquilo que aparentemente
não tem mais utilidade. Mas esse material que jogamos fora todos os dias
é o meio de sustento de muitas famílias em Maceió.
Conseguir renda a partir do lixo é rotina para muitos dos catadores desde a infância. “Sempre vivi de lixão”, revela Maria Neide dos Santos Vitorino, 41, que faz parte da Cooplum. “Fui criada no lixão e quando ele acabou eu vim para cá. Passei a vida inteira assim e aqui ficarei até quando Deus quiser”, diz ela fazendo menção ao antigo lixão de Maceió, desativado em abril do ano passado com proposta de se tornar um parque ecológico.
A cooperada fala do trabalho com muita humildade e com orgulho, e conta
que teve sete filhos. Segundo ela, graças à seleção de material
reciclável conseguiu criá-los. Mas quando perguntada se eles também
trabalham na cooperativa, a resposta vem de imediato: “Não. Eu quero que
meus filhos estudem!".
Atualmente, 18 pessoas fazem parte da Cooplum. A rotina de trabalho vai de segunda a sexta-feira, das 7 às 17h, com pausa para almoço, e aos sábados até o meio-dia. A equipe se divide entre a ida às ruas, para recolher o material, e a seleção. “A gente utiliza dois caminhões cedidos pela prefeitura para pegar o lixo nas casas e nos outros locais. Quando chega aqui, descarregamos e separamos papelão, alumínio, vidro, plástico, entre outros”, explica Andreia da Silva, 33, também integrante da Cooplum.
Ela conta que também fazia parte do antigo lixão e lá o trabalho era mais arriscado. “Lá era tudo misturado. Tinha todo tipo de coisa e a gente catava com um gancho para não cortar a mão. Aqui na cooperativa não tem tanto risco porque é mais selecionado o que vem”, explica.
Apesar da rotina puxada e do trabalho pouco salubre, os integrantes da cooperativa sempre se referem à atividade que desempenham em tom de orgulho. Mas o olhar e a forma meio sem jeito de se expressarem denunciam a esperança de uma vida melhor, que em alguns poucos momentos escapam em palavras. “Eu gosto do que faço, mas se surgisse algo melhor, com certeza eu iria”, reconhece Andreia.
Devidamente selecionado, o material é repassado a um comprador e todo o dinheiro conseguido é dividido igualmente entre os trabalhadores. Cada um ganha em média R$ 350 por mês. “Aqui tudo é de todos. Não tem patrão ou empregado. É como se fosse uma família. Às vezes tem umas brigas, né? Mas depois tá todo mundo bem. Somos todos partes iguais e unidos”, comenta ela.
A sede da cooperativa é, na verdade, um galpão cedido também pela prefeitura, mas para os catadores já se tornou uma extensão do próprio lar. Por meio de doações, os cooperados fazem as refeições todos os dias. “Aqui tem uma cozinha. Nós fazemos o almoço e comemos aqui mesmo. Todos os meses ganhamos doações da igreja e só compramos as coisas que ficam faltando”, revela a cooperada.
Pequena ajuda, grande diferença
Apesar de não parecer muito, qualquer iniciativa tem papel importante no trabalho desempenhado pelas cooperativas de reciclagem de lixo. Foi com esse pensamento, e motivados a contribuir com a coleta seletiva, que moradores de um prédio localizado no bairro de Cruz das Almas decidiram instituir a separação do lixo onde residem.
De acordo com a antiga síndica e idealizadora da coleta seletiva, Célia Regina, antes a lixeira era de ferro e ficava na frente do prédio, o que facilitava a ação de pessoas que costumavam passar e rasgar as sacolas, causando muita sujeita na rua.
“Como a lixeira ficava lotada, tivemos que pensar em um jeito de solucionar esse problema. Foi aí que retiramos a de ferro e fizemos uma embutida para armazenamento do lixo úmido. Para o material reciclável, adquirimos uma caixa d’água de 1.000 litros e passamos a acondicionar lá. Agora, duas vezes por semana o pessoal da Cooplum passa no prédio para recolher”, explica.
Segundo ela, todos os moradores já aderiram. Um trabalho de conscientização também é feito na vizinhança. “É um trabalho voluntário. Vamos de casa em casa explicar a importância disso e pedir que as pessoas separem o lixo úmido do reciclado. Dizemos também que a cooperativa passa sempre para recolher. Muita gente fica motivada e contribui. A ideia é propagar isso e fazer cada vez mais pessoas aderirem a essa proposta”, pontua Célia.
Tanto os cooperados quanto os moradores mostram por meio de atitudes que a humildade e a simplicidade podem gerar grandes resultados. De uma rápida conversa com algum dos catadores, tira-se grandes lições. No gesto dos morados do prédio percebe-se o poder dos bons exemplos.
Catadora da cooperativa Cooplum fazendo a separação do lixo reciclável. (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Reunidos em cooperativas, catadores de lixo da capital recolhem o
material reciclável nas residências e também em grandes centros, como
supermercados, clubes, instituições e outros estabelecimentos
comerciais. Atualmente, a cidade conta com três cooperativas que
trabalham com a seleção do material recolhido: a Cooperativa de
Recicladores de Lixo Urbano de Maceió (Cooplum), a Cooperativa dos
Catadores da Vila Emater (Coopvila), e Cooperativa dos Recicladores de Alagoas (Cooprel).Conseguir renda a partir do lixo é rotina para muitos dos catadores desde a infância. “Sempre vivi de lixão”, revela Maria Neide dos Santos Vitorino, 41, que faz parte da Cooplum. “Fui criada no lixão e quando ele acabou eu vim para cá. Passei a vida inteira assim e aqui ficarei até quando Deus quiser”, diz ela fazendo menção ao antigo lixão de Maceió, desativado em abril do ano passado com proposta de se tornar um parque ecológico.
Atualmente, 18 pessoas fazem parte da Cooplum. A rotina de trabalho vai de segunda a sexta-feira, das 7 às 17h, com pausa para almoço, e aos sábados até o meio-dia. A equipe se divide entre a ida às ruas, para recolher o material, e a seleção. “A gente utiliza dois caminhões cedidos pela prefeitura para pegar o lixo nas casas e nos outros locais. Quando chega aqui, descarregamos e separamos papelão, alumínio, vidro, plástico, entre outros”, explica Andreia da Silva, 33, também integrante da Cooplum.
Ela conta que também fazia parte do antigo lixão e lá o trabalho era mais arriscado. “Lá era tudo misturado. Tinha todo tipo de coisa e a gente catava com um gancho para não cortar a mão. Aqui na cooperativa não tem tanto risco porque é mais selecionado o que vem”, explica.
O entulho bruto é separado em categorias pelos cooperados. (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Rotina que cria laçosApesar da rotina puxada e do trabalho pouco salubre, os integrantes da cooperativa sempre se referem à atividade que desempenham em tom de orgulho. Mas o olhar e a forma meio sem jeito de se expressarem denunciam a esperança de uma vida melhor, que em alguns poucos momentos escapam em palavras. “Eu gosto do que faço, mas se surgisse algo melhor, com certeza eu iria”, reconhece Andreia.
Devidamente selecionado, o material é repassado a um comprador e todo o dinheiro conseguido é dividido igualmente entre os trabalhadores. Cada um ganha em média R$ 350 por mês. “Aqui tudo é de todos. Não tem patrão ou empregado. É como se fosse uma família. Às vezes tem umas brigas, né? Mas depois tá todo mundo bem. Somos todos partes iguais e unidos”, comenta ela.
A sede da cooperativa é, na verdade, um galpão cedido também pela prefeitura, mas para os catadores já se tornou uma extensão do próprio lar. Por meio de doações, os cooperados fazem as refeições todos os dias. “Aqui tem uma cozinha. Nós fazemos o almoço e comemos aqui mesmo. Todos os meses ganhamos doações da igreja e só compramos as coisas que ficam faltando”, revela a cooperada.
Todo o material é separado e colocado em grandes sacos para serem entregues ao comprador. (Foto: Rivângela Gomes/G1)
Pequena ajuda, grande diferença
Apesar de não parecer muito, qualquer iniciativa tem papel importante no trabalho desempenhado pelas cooperativas de reciclagem de lixo. Foi com esse pensamento, e motivados a contribuir com a coleta seletiva, que moradores de um prédio localizado no bairro de Cruz das Almas decidiram instituir a separação do lixo onde residem.
De acordo com a antiga síndica e idealizadora da coleta seletiva, Célia Regina, antes a lixeira era de ferro e ficava na frente do prédio, o que facilitava a ação de pessoas que costumavam passar e rasgar as sacolas, causando muita sujeita na rua.
“Como a lixeira ficava lotada, tivemos que pensar em um jeito de solucionar esse problema. Foi aí que retiramos a de ferro e fizemos uma embutida para armazenamento do lixo úmido. Para o material reciclável, adquirimos uma caixa d’água de 1.000 litros e passamos a acondicionar lá. Agora, duas vezes por semana o pessoal da Cooplum passa no prédio para recolher”, explica.
Segundo ela, todos os moradores já aderiram. Um trabalho de conscientização também é feito na vizinhança. “É um trabalho voluntário. Vamos de casa em casa explicar a importância disso e pedir que as pessoas separem o lixo úmido do reciclado. Dizemos também que a cooperativa passa sempre para recolher. Muita gente fica motivada e contribui. A ideia é propagar isso e fazer cada vez mais pessoas aderirem a essa proposta”, pontua Célia.
Tanto os cooperados quanto os moradores mostram por meio de atitudes que a humildade e a simplicidade podem gerar grandes resultados. De uma rápida conversa com algum dos catadores, tira-se grandes lições. No gesto dos morados do prédio percebe-se o poder dos bons exemplos.
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