MEDIÇÃO DE TERRA

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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Edital reacende polêmica sobre ponte Salvador-Itaparica

Priscila Machado  A TARDE

  • Ascom-Seplan/ Divulgação
    Ponte será a 2ª maior da América Latina, com 12 km de extensão
A publicação da escolha do consórcio internacional responsável por elaborar o projeto básico de engenharia para a construção da ponte Salvador-Itaparica, na semana passada, aproxima ainda mais o início da polêmica obra que pretende ligar a capital à ilha e ao Recôncavo baiano. O consórcio formado pelas empresas brasileiras Enescil e Maia Melo e pela dinamarquesa Cowi  foi selecionado com uma proposta de R$ 22,5 milhões.
De acordo com a Secretaria do Planejamento da Bahia (Seplan), com o resultado da licitação - publicado no diário oficial na última terça-feira -, os trabalhos se iniciam ainda este mês. O lançamento do edital para a construção e concessão da ponte, por sua vez, está previsto para o primeiro trimestre de 2014, e a conclusão, estimada para daqui a cinco anos, segundo a assessoria do órgão.
Benefício - Para o secretário estadual do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, a obra de construção da ponte sobre a Baía de Todos-os-Santos trará benefícios significativos à população, pois, segundo o gestor, reduzirá em até 200 km o percurso que os veículos fazem na direção sul-norte e tornará a economia da região mais dinâmica.

"O fácil acesso  também atrairá novas empresas e indústrias, fomentará o turismo e o desenvolvimento imobiliário no litoral sul da Bahia e na Ilha de Itaparica, aspectos que proporcionam aumento de empregos e elevação de renda", completa o secretário Gabrielli.
Alternativas - Entretanto, a arquiteta e urbanista Ângela Gordilho, também professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), aponta que antes de decidir por um projeto como desse tipo, de tal complexidade e tamanhos custos, outras alternativas viárias pela região do Recôncavo deveriam ser estudadas pelo governo baiano.
Uma delas, segundo a especialista, seria o sistema férreo. "Esse sistema é utilizado por várias cidades do mundo contemporâneo e, provavelmente, seria muito mais barato, considerando que o País já tem bases de estruturas férreas definidas.
Um outro ponto que deve ser observado, de acordo com a urbanista, é a prioridade de investimento. "Uma pesquisa acadêmica feita em 2008 mostrou que era preciso um valor estimado de R$ 2,5 bilhões para desenvolver o plano habitacional de Salvador. Precisamos saber o que é mais importante: resolver o déficit de moradias de toda a cidade ou construir uma ponte, que atenderá  um grupo pequeno de pessoas?", questiona.
Para o pesquisador Paulo Ormindo, que tem se revelado um ferrenho crítico do projeto da ponte, os impactos também devem ser levados em conta. "A construção da ponte e da Linha Viva (BA-001) vão provocar problemas no tráfego marítimo, engarrafamentos na ilha e em Salvador, além de destruir matas primárias e provocar a remoção de famílias", aponta Ormindo.
Cultura - O pesquisador ainda salienta que, em termos culturais, a obra vai marginalizar ainda mais o Recôncavo tradicional, com cidades históricas, festas populares e artesanato. "O ideal seria construir um arco rodoferroviário para integrar salvador aos demais municípios, ao Centro Industrial de Aratu e ao Complexo Petroquímico de Camaçari", sugere.
Para a construção dos previstos 12 km de extensão da ponte, que será a segunda maior da América Latina, estão em andamento mais dois editais de impactos ambientais e urbanísticos, ambos com trabalhos previstos para iniciar em agosto.

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