Ralph Bender comprou a primeira fêmea em 1977 e começou a cruzar.
Criador garante que todos os cães da raça no país ‘têm um pé no Sul'.
Bulldog campeiro de Deivis Albers: dócil e ciumento com o dono (Foto: Felipe Truda/G1)
O bulldog campeiro esteve perto da extinção na década de 1970. É o que
conta o criador Ralph Schein Bender, que diz ter salvo a raça reunindo
os poucos exemplares que restavam pelo interior do Rio Grande do Sul
e fazendo os cruzamentos. Depois de 36 anos, pela segunda vez a bulldog
campeiro participa da Expointer, realizada no Parque de Exposições
Assis Brasil em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre.A vontade de ter um bulldog campeiro ainda na adolescência fez com que Bender percebesse o quanto era complicado adquirir um. Ele explica que antigamente o animal era usado para a contenção do gado, o que foi proibido pela Vigilância Sanitária. Após a decisão, os cães da raça ficaram escassos.
Ralf Bender e o Trombada (Foto: Felipe Truda/G1)
“Ele fazia a contenção do gado. Se um boi bravo escapava, ele ia lá e
abocanhava pelo nariz. Mas aí a Saúde Pública proibiu e ele foi perdendo
espaço paras outras raças. Era um cachorro que não tinha registro,
ninguém podia criá-lo de forma organizada”, afirmou.Em 1977, Ralph comprou sua primeira fêmea e percorreu o Rio Grande do Sul em busca de mais bulldogs para criar. “Comecei a regatar os que ainda existiam, cruzar entre si e desenvolver a raça”, conta.
Graças ao trabalho de Bender, a raça foi oficialmente reconhecida pela Associação Brasileira de Cinofilia (CBKC) em 2001. “Primeiro eles ficaram com o pé atrás, diziam que não era uma raça. Mas eu tinha tudo catalogado e mostrei a eles o trabalho”, afirmou.
Em meio aos latidos de Trombada, um de seus cães, Bender garante que todos os animais criados pelo Brasil são descendentes dos que ajudou a procriar. “Começamos a mandar para todo o país. Todos eles tem um pé no Sul”, brinca Ralph, que cria os animais em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
O bulldog campeiro não é mais usado para a contenção do gado. É um animal doméstico que pode ser criado tanto em zonas urbanas como no campo, para fazer companhia aos donos e realizar a guarda das propriedades. Os animais também podem ser criados em apartamentos, mas neste caso é recomendado que façam pelo menos um passeio por dia.
Conan é criado em um sítio em Gravataí e participou de desfile na Expointer (Foto: Felipe Truda/G1)
“É um cachorro apaixonado pelo dono”, afirma o cirurgião plástico
Deivis Albers, de 37 anos, que desde 2009 cria o bulldog campeiro em
Gravtaí, na Região Metropolitana de Porto Alegre.Albers garante que o animal é dócil com visitantes e costuma se dar bem com a meninada. “Ele tem um temperamento confiável e equilibrado, e é incapaz de morder uma criança”, diz o criador ao lado do cão Conan.
O único problema que pode ocorrer é em relação ao convívio com outro animal na presença do proprietário. A paixão pelo dono é tanta que ele luta pela exclusividade. “Ele é ciumento com o dono. Se chegar outro cão perto, ele vai querer brigar”, conta. Tudo para fazer valer o título de “melhor amigo do homem”.
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