Trabalhadores pedem indenização de R$ 40 mil para cada catraieiro.
Categoria diz que inauguração de ponte vai acabar com atividade.
Catraias no cais da orla de Oiapoque, no Amapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Os catraieiros que trabalham na travessia de passageiros de Oiapoque, no Amapá, para Saint-Georges, na Guiana Francesa,
entraram com uma ação na Justiça contra a União para pedir indenização
de R$ 40 mil para cada catraieiro após a inauguração da Ponte
Binacional sobre o Rio Oiapoque, que ligará o Brasil à Guiana Francesa.
Atualmente, a travessia entre os dois países é feita apenas por
embarcações. Os trabalhadores alegam que a ponte vai acabar com a
atividade.
Catraieiro José Carlos, de 58 anos, trabalha
transportando passageiros pelo Rio Oiapoque há
12 anos (Foto: Abinoan Santiago/G1)
O catraieiro José Carlos, de 58 anos, trabalha transportando
passageiros pelo Rio Oiapoque há 12 anos. Ele é um dos que ainda não
decidiu como vai sobreviver após o fim da atividade no município, com a
inauguração da ponte.transportando passageiros pelo Rio Oiapoque há
12 anos (Foto: Abinoan Santiago/G1)
“Eu tenho medo de ficar desempregado. Se conseguirmos o dinheiro da indenização, vamos poder investir em várias coisas, como plantações, comércio ou transporte terrestre. Mas ainda não sei o que vou fazer”, comentou o catraieiro.
Ao todo, 141 catraieiros dependem da atividade. Com uma travessia que custa R$ 10 para brasileiros e 5 euros para franceses, cada trabalhador, em média, tem renda mensal de R$ 6 mil.
Francês Jean Paul, de 32 anos, utilizou catraia para
chegar ao Brasil (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Um dos que utiliza o transporte por catraias é o cozinheiro Jean Paul,
de 33 anos. Ele visita o Brasil pela primeira vez para conhecer parte da
família que mora em Macapá, no Amapá;
e escolheu chegar ao estado pela Guiana Francesa por causa da
distância. “Eu sai de Paris, parei em Caiena [capital da Guiana
Francesa], e vim para o Amapá. Assim é mais rápido e barato porque não
faço muitas escalas de avião dentro do Brasil”, justificou o francês,
que chegou com demais familiares.chegar ao Brasil (Foto: Abinoan Santiago/G1)
O presidente da Cooperativa de Catraieiros de Oiapoque, Luiz Antônio Lobato, reclama da falta de estudos de impactos econômicos e sociais com a construção da Ponte Binacional. “A gente decidiu entrar com uma ação na Justiça em 14 de junho de 2013, porque a ponte foi construída sem consultar quem depende do rio”, reclamou.
Catraias chegando ao cais da orla de Oiapoque com passageiros de Saint-Georges (Foto: Abinoan Santiago/G1)
No entanto, o presidente da cooperativa contou que outros membros da
categoria já pensaram em atividades para tirar o sustento. “Nos
reunimos e pedimos que cada um fizesse uma escolha após a inauguração da
ponte porque sabemos que vai cair nossa renda. Alguns escolheram viver
da pesca, outros vão virar mototaxistas, entre outras profissões. Mas
para tudo isso, precisamos de um incentivo financeiro. Vão tirar o nosso
trabalho sem dar nada em troca”, relatou Luiz Lobato.
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