MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de agosto de 2013

Catraieiros de Oiapoque, no Amapá, entram na Justiça contra União


Trabalhadores pedem indenização de R$ 40 mil para cada catraieiro.
Categoria diz que inauguração de ponte vai acabar com atividade.

Abinoan Santiago Do G1 AP

Catraias no cais da orla de Oiapoque, no Amapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)Catraias no cais da orla de Oiapoque, no Amapá (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Os catraieiros que trabalham na travessia de passageiros de Oiapoque, no Amapá, para Saint-Georges, na Guiana Francesa, entraram com uma ação na Justiça contra a União para  pedir indenização de R$ 40 mil para cada catraieiro após a inauguração da Ponte Binacional sobre o Rio Oiapoque, que ligará o Brasil à Guiana Francesa. Atualmente, a travessia entre os dois países é feita apenas por embarcações. Os trabalhadores alegam que a ponte vai acabar com a atividade.
Catraieiro José Carlos, 58 anos, trabalha transportando passageiros pelo Rio Oiapoque há 12 anos (Foto: Abinoan Santiago/G1)Catraieiro José Carlos, de 58 anos, trabalha
transportando passageiros pelo Rio Oiapoque há
12 anos (Foto: Abinoan Santiago/G1)
O catraieiro José Carlos, de 58 anos, trabalha transportando passageiros pelo Rio Oiapoque há 12 anos. Ele é um dos que ainda não decidiu como vai sobreviver após o fim da atividade no município, com a inauguração da ponte.
“Eu tenho medo de ficar desempregado. Se conseguirmos o dinheiro da indenização, vamos poder investir em várias coisas, como plantações, comércio ou transporte terrestre. Mas ainda não sei o que vou fazer”, comentou o catraieiro.
Ao todo, 141 catraieiros dependem da atividade. Com uma travessia que custa R$ 10 para brasileiros e 5 euros para franceses, cada trabalhador, em média, tem renda mensal de R$ 6 mil.
Francês Jean Paul, de 32 anos, utilizou catraia para chegar ao Brasil (Foto: Abinoan Santiago/G1)Francês Jean Paul, de 32 anos, utilizou catraia para
chegar ao Brasil (Foto: Abinoan Santiago/G1)
Um dos que utiliza o transporte por catraias é o cozinheiro Jean Paul, de 33 anos. Ele visita o Brasil pela primeira vez para conhecer parte da família que mora em Macapá, no Amapá; e escolheu chegar ao estado pela Guiana Francesa por causa da distância. “Eu sai de Paris, parei em Caiena [capital da Guiana Francesa], e vim para o Amapá. Assim é mais rápido e barato porque não faço muitas escalas de avião dentro do Brasil”, justificou o francês, que chegou com demais familiares.
O presidente da Cooperativa de Catraieiros de Oiapoque, Luiz Antônio Lobato, reclama da falta de estudos de impactos econômicos e sociais com a construção da Ponte Binacional. “A gente decidiu entrar com uma ação na Justiça em 14 de junho de 2013, porque a ponte foi construída sem consultar quem depende do rio”, reclamou.
Catraias chegando ao cais da orla de Oiapoque com passageiros de Saint-Georges (Foto: Abinoan Santiago/G1)Catraias chegando ao cais da orla de Oiapoque com passageiros de Saint-Georges (Foto: Abinoan Santiago/G1)
No entanto, o presidente da cooperativa contou que outros membros da categoria já pensaram em  atividades para tirar o sustento. “Nos reunimos e pedimos que cada um fizesse uma escolha após a inauguração da ponte porque sabemos que vai cair nossa renda. Alguns escolheram viver da pesca, outros vão virar mototaxistas, entre outras profissões. Mas para tudo isso, precisamos de um incentivo financeiro. Vão tirar o nosso trabalho sem dar nada em troca”, relatou Luiz Lobato.

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