MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de agosto de 2013

Cartes vê ‘problema jurídico’ no Mercosul


Para novo líder paraguaio, volta ao bloco foi dificultada pela incorporação da Venezuela


Lisandra Paraguassu, enviada especial a Assunção - O Estado de S. Paulo
O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, deixou claro nesta sexta-feira, 16, em sua primeira entrevista depois da posse, que a dificuldade para o retorno do Paraguai ao Mercosul é a presença da Venezuela. Apesar de dizer que, politicamente, não tem nada contra Caracas, afirma que foi criado um problema jurídico que precisa ser resolvido pelas chancelarias dos países-membros.
Presidente gesticula durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira - Jorge Adorno/Reuters
Jorge Adorno/Reuters
Presidente gesticula durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira
"Não temos problema com o ingresso da Venezuela. Há um problema de interpretação sobre o processo. Para nós, a decisão teria de ser por unanimidade", afirmou. "Há uma predisposição total, mas há um problema que precisamos resolver."
Pela primeira vez, Cartes deixou claro que o Paraguai voltará ao bloco e a normalização de seu status seria apenas uma questão "jurídica". "O Paraguai é parte fundamental da grande família sul-americana", afirmou. "Sua reincorporação é absolutamente necessária."
A suspensão do país ocorreu em junho de 2012, depois do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, considerado um golpe institucional pelos demais membros do bloco por não ter havido tempo suficiente para sua defesa. O que mais incomodou os paraguaios, no entanto, foi Brasil, Argentina e Uruguai terem usado o período de suspensão para incorporar a Venezuela, já que o Congresso do Paraguai era o único que ainda não havia aprovado a admissão. Depois da decisão, os parlamentares finalmente votaram – e vetaram a entrada dos venezuelanos. Ainda assim, a incorporação foi assinada em julho, menos de um mês depois da suspensão, e efetivada na reunião de dezembro.
Os presidentes do Mercosul aprovaram a reintegração do Paraguai na reunião de junho, em Montevidéu. A volta foi efetivada na quinta-feira. Cartes, no entanto, não aceitou porque a Venezuela recebeu a presidência do bloco, contrariando seus pedidos. A intenção é que o Uruguai retivesse o posto até a posse de Cartes e, então, o Paraguai assumiria a presidência. Os presidentes, no entanto, preferiram não ceder, o que incomodou ainda mais os paraguaios.
"Fizemos uma proposta em junho para a cúpula, mas, lamentavelmente, não se implementou. Era uma saída muito importante, era uma proposta para normalizar institucionalmente o Mercosul. Mas as portas estão abertas", disse o chanceler Eládio Loizaga. "Vamos encontrar uma solução."
Sem ter sido convidado para posse, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tentou amenizar a resistência a Caracas em uma carta a Cartes. Cumprimentou-o pela posse e pediu a reaproximação dos dois países. O paraguaio negou tê-la recebido na sexta e classificou a ação de "midiática". "Também li que houve uma aparente carta, mas não recebi."
Apesar de Caracas e Assunção garantirem que "procuram uma solução", ninguém espera que o Paraguai volte ao bloco antes de dezembro, quando a Venezuela deixa a presidência. Sem ter sido afetado economicamente pela suspensão, o Paraguai parece não ter pressa.

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